O Cannes Lions anunciou as finalistas do See It Be It 2020-2021. No total, 15 mulheres aspirantes, de todo o mundo, foram selecionadas para participar do programa acelerador de talentos do festival de criatividade. A representante brasileira na lista é Leticia Rodrigues, diretora de arte sênior na Wunderman Thompson.
Com a pandemia da Covid-19, o programa será virtual em 2020 e retornará ao Festival em 2021.
Um número recorde de 797 inscrições de 70 países foi recebido em 2020. O programa foi desenvolvido para acelerar as mulheres em cargos criativos seniores e as 15 participantes selecionadas recebem uma experiência VIP no Cannes Lions. Isso inclui um passe de cortesia, acomodação e viagem para participar do Festival em 2021. O See It Be It acontece em parceria com o Spotify.
O programa com curadoria inclui sessões individuais de mentoria, eventos de networking, masterclasses e workshops, além de acesso a alguns dos líderes mais influentes do setor.
PROPMARK conversou com Leticia para saber suas impressões sobre o See It Be It 2020/2021.
Como é representar o Brasil num momento tão singular da humanidade?
É uma alegria muito grande. Estamos passando por um momento tão estranho, de tanta insegurança, que se com isso eu puder inspirar um pouquinho a todas as criativas brasileiras e latinas a acreditarem nelas e no trabalho delas, para mim já valeu por tudo.
A vivência ao lado das outras criativas é, talvez, o grande aprendizado do programa. Em 2020, os encontros serão virtuais e apenas em 2021 está previsto encontros presenciais durante o Cannes Lions. Como você encara isso?
Confesso que no início fiquei desanimada com o cancelamento de Cannes e o adiamento dos planos para 2021. Mas agora estou achando bom. Nós todas já estamos em contato umas com as outras e acabamos ganhando um tempo a mais para nos conhecermos melhor. Isso tem sido muito bom e acolhedor. Assim, daqui um ano quando nos encontrarmos pessoalmente, acredito que vai ser uma experiência ainda mais rica, já teremos mais intimidade e poderemos aproveitar melhor como grupo.
O tema deste ano é liderança feminina. Acredita que a publicidade brasileira ainda tem muito a evoluir neste aspecto?
Com certeza. O cenário vem melhorando mas ainda há um longo caminho pela frente. Falando especificamente da área de criação, temos ainda poucas mulheres nos times, e quando olhamos para os cargos de gestão esse número é ainda menor. A publicidade só tem a ganhar com ambientes mais diversos, a experiência criativa é muito mais rica com olhares diferentes. Precisamos de mais mulheres, mais negros, mais pessoas periféricas, mais pessoas LGBTQs. Essa bolha precisa estourar.
Há algo que não comentamos que você queira ressaltar?
Eu deixaria aqui uma mensagem para todas as criativas: criação é lugar de mulher SIM. Parece clichê, mas é muito necessário. Eu soube de várias meninas que não se inscreveram no SIBI porque achavam que era impossível, eu mesma quase não me inscrevi. Parece que nunca recebemos o incentivo suficiente para isso. Então, agências, apoiem e impulsionem suas criativas.