O mundo conectado está criando uma divisão na confiança que o brasileiro tem nas marcas. Esta é uma das descobertas do estudo global Connected Life, da Kantar TNS, que acompanha as atitudes e o comportamento das pessoas no ambiente digital, e como a tecnologia está transformando suas vidas. A Kantar ouviu 70 mil consumidores em 56 países – incluindo o Brasil. No levantamento, o brasileiro aparece cada vez mais conectado, porém também preocupado com as informações que chegam até ele. O desafio para as marcas parece estar em quebrar essa desconfiança e se aproximar sem que ele se sinta invadido
“No estudo de 2016, as pessoas já estavam significativamente conectadas: dois em cada cinco (40%) internautas entre 16 e 24 anos confiavam mais nos influenciadores e celebridades do que nos canais oficiais de informação, como jornais, sites e anúncios de TV. Porém hoje, na versão atual do estudo, podemos ver uma maior maturidade desses mesmos consumidores em relação às informações que recebem. Existe uma preocupação maior com a relevância, ou seja, se essas informações são verdadeiras e úteis. Sem dúvida, pudemos confirmar que os consumidores estão mais desconfiados e questionadores. Uma prova disso é que mais de um terço dos brasileiros (37%) afirmam que o que as marcas postam nas redes é pouco relevante para eles, observa Maura Coracini, head de media & digital da Kantar.
O estudo considerou a confiança relacionada a quatro temas: tecnologia, conteúdo, dados e e-commerce. O brasileiro passa quase oito horas por dia conectado, tempo muito maior que a média global, que é de cinco horas. Isso cria muitas oportunidades e desafios para as marcas: o estudo mostrou, por exemplo, que os consumidores conectados estão divididos em aceitar a inteligência artificial.
“Um dado interessante que chamou nossa atenção foi em relação ao nível de receptividade dos brasileiros aos chatbots. Segundo o estudo, 53% dos consumidores conseguem reconhecer quando estão falando com uma máquina/chatbot no meio online. E os robôs dividem opiniões no Brasil: 40% aceitariam ser atendidos por robôs se isso garantir que serão atendidos mais rapidamente, enquanto 41% ainda rejeitam esse tipo de interação. Também revelamos que o brasileiro está muito desconfiado com as informações que recebem em suas redes, 52% afirmam que muito do conteúdo que veem nas mídias sociais não é confiável – taxa muito mais alta que a média global (35%)”, disse Maura.
Outro resultado interessante: 39% dos brasileiros afirmam que usam seus aparelhos celulares muito mais do que deveriam, e essa percepção é ainda maior entre os mais jovens (49%). Na questão da confiança, mais dados relevantes: 37% dos consumidores do Brasil declaram que o conteúdo publicado nas redes sociais não é relevante para eles e 52% acreditam que o conteúdo que veem nesses canais não é confiável, contra uma média global de 35%. E quase metade (45%) desses consumidores se preocupa com o controle que as plataformas digitais têm sobre o que eles veem.