Depois de poder acompanhar os jogos das três últimas edições da Copa pela ESPN, a audiência do canal terá um perfil diferente de cobertura neste ano durante o evento. O canal pago não renovou os direitos de transmissão para o mundial, mas nem por isso deixará de fornecer conteúdo de análise e profundidade. Segundo João Palomino, vice-presidente de jornalismo e produção da ESPN Brasil, se conformar não está nos planos da emissora, que aposta no seu time de talentos e em estúdio direto de Moscou para trazer discussões no pós-jogo. Na entrevista a seguir, o executivo fala sobre pacote comercial, estratégia no digital e credibilidade.

COPA SEM COPA
Nós temos duas opções na vida: sentar e chorar ou fazer acontecer. E nós optamos por agir. Quando você propõe para os anunciantes alternativas de se associar à ESPN, que tem a credibilidade como principal palavra de identificação, as marcas querem se associar. Os jogos se encerram às 17h, a partir dali as marcas poderão se associar a algo muito importante, que é a figura dos nossos talentos. Teremos o programa Linha de Passe todos os dias. O Resenha, que é uma atração feita por ex-jogadores, com uma rotina muito maior. O Esporte Center e o Bate Bola terão edições especiais. As pessoas vão querer saber e interagir com o que está sendo realizado.

PROFUNDIDADE
Estamos calejados de discutir futebol e aprofundar essa discussão. Mesmo quando tínhamos os direitos de transmissão, a gente via de forma bem diferente o entorno da competição. Nós gostamos de trabalhar a informação em torno dos jogos. E como as partidas na Rússia vão ser realizadas até as 17h, a partir daí os programas de debate é que vão tomar conta de todos os canais, inclusive dos que detêm os direitos. Por isso nossos esforços nos talentos da casa no pós-jogo, que é quando o nosso fã de esporte vai estar em casa.

PROGRAMAÇÃO
Nós teremos, até a Copa, uma série de novos programas e produtos que adquirimos e já fazem parte do nosso plano comercial. Temos um formato que estamos apostando muito com o ex-jogador Alex, um de nossos talentos. A gente acredita muito nesse modelo de ter uma figura próxima. Vamos, evidentemente, acompanhar a seleção brasileira. Teremos uma equipe fixa em Moscou. Lá, os canais ESPN estarão posicionados em um local exclusivo, de onde serão transmitidas as entradas ao vivo. Vamos trazer informações em primeira mão, com a participação do Bruno Vicari e do Everaldo Marques, além de toda a equipe que estará aqui, no Brasil, levando mais informações para as pessoas como opção de segunda tela. E quando a bola estiver parada, aí é com a gente. Teremos uma grande oportunidade para o debate.

INVESTIMENTO
O plano comercial já está na rua. Algumas marcas já estão confirmadas, como Ipiranga e Sportingbet. A Tecnisa adquiriu a cota de apoio. E vamos começar o processo de entrega para a Copa. As marcas enxergam enorme valor com o que pretendemos fazer. Teremos, por exemplo, a presença forte dos influenciadores digitais Cid Cidoso (@naosalvo), Carter Batista (@essediafoilouco) e Luana Maluf (@luanamaluf), que nos ajudam a multiplicar o alcance, que é o que a gente necessita. Nossa mensagem precisa chegar ao fã de esportes. Nosso objetivo e sair dessa Copa com o torcedor tendo a sensação de que esteve no torneio porque acompanhou o debate na ESPN.

DIGITAL
A gente vem adotando essa estratégia de disponibilizar determinados conteúdos na íntegra no digital primeiro. Alguns documentários, por exemplo, como o feito por Gustavo Hofman com a Polícia Militar de Belo Horizonte. Ele passou uma semana treinando com eles, como se fosse policial da Tropa de Choque, para atuar num clássico do futebol mineiro. Durante esse período ele entendeu e humanizou a figura do policial, que também é pai de família, torcedor, talvez até já tenha brigado em estádio e, acima de tudo, uma figura humana que precisa ter controle em um momento que deve controlar a massa. Fizemos essa estratégia no digital e tem dado resultado.

MULTITELA
O que mudou muito em relação ao nosso fã de esporte é que antes você fazia um produto de qualidade e esperava que as pessoas viessem assistir. Hoje isso não basta. Você tem de respeitar as pessoas. Onde elas querem ver, como e em que hora. Você tem de disponibilizar o conteúdo onde o fã se sente mais confortável. Nossa missão mundial é levar o melhor conteúdo onde a audiência estiver. Então, na série O Último Trem para a Rússia, disponibilizamos os 12 episódios para quem quiser ver de uma vez só e também na TV. Não pensamos como produtos distintos. Nosso conteúdo precisa atender esse 360 para termos novos pontos de contato com o fã de esporte.

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