A Ipsos comemorou 20 anos de mercado no país com a realização do evento “As Novas Caras do Brasil” nesta quinta-feira (19). Nesse período, a empresa reportou as profundas transformações que afetaram a sociedade brasileira de 1997 para cá: 9% de pessoas que possuíam celular naquela época, contra as 84% de hoje; o analfabetismo adulto caiu de 20% para 12%; o consumo de mídias tradicionais se reduziu, embora a TV seja ainda assistida por 92% das pessoas.

Apesar de notáveis, essas mudanças estão se acelerando e 2018 é lido pela Ipsos como o “ano da verdade”, em que haverá uma grande confluência entre o contexto geral do país – como a insatisfação com os políticos e a Justiça – e os comportamentos mais familiares ou individuais. “Não podemos mais estudar o cenário sócio-político-econômico do Brasil sem entender suas implicações nos universos particulares de família, faixa etária, entre outros”, afirma Marcos Calliari, CEO da Ipsos no Brasil.

Em meio à profunda desilusão com o atual governo, considerado péssimo ou ruim por 86% dos entrevistados por uma nova pesquisa da empresa, e à falta de perspectiva com o futuro do país (de acordo com 76% das pessoas), há grandes mudanças na forma como as famílias se organizam: a estrutura tradicional de casal hétero com filhos e pet está abrindo espaço para um cenário de fim de padrões. Existem desde famílias de amigos sem relações sexuais, a LGBT´s, passando pelo modelo de uma pessoa – este, aliás, um segmento muito forte para a economia, com 10 milhões de cidadãos (e com média de poupança maior que a média). É um extrato da população com pouco apego à posse de bens – prefere compartilhar – dentre outras peculiaridades.

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Também há mudanças no consumo e nas relações com as marcas. Nesse cenário, as empresas, conclui a Ipsos, correm o risco de se equipararem aos políticos como “farinha do mesmo saco”, a não ser que comecem a se tornar agentes sociais de maior importância. Cuidando, por exemplo, de causas que tenham a ver com seu DNA. Em um cenário de fake news, suas reputações estão mais expostas do que nunca.

 “As empresas estão levando muito mais a sério questões como a responsabilidade social e diversidade. Elas assumem seu papel como agente social e político em uma sociedade em que o consumidor está mais fortalecido e com a capacidade de manter um diálogo que antes era monólogo”, diz Calliari. O evento teve um debate sobre as novas faces do consumo, com os executivos Jorge Kodja (Director de Consumer & Market Insights da L’Oréal), Bruno Rigonatti (gerente de brand insights da Ambev), Eduardo Lorenzi (vice-presidente de Planejamento da Publicis Brasil),  Emmanuel Hedouin (gerente geral de pesquisa e inovação do Grupo PSA). Eles reportaram as principais ações de suas empresas ou clientes que trabalharam em cima de causas pertinentes ao DNA de cada organização.

Em 2018, o Brasil atravessará uma grande transição na sociedade e a Ipsos acredita que, para as marcas, chegou a hora de se posicionar e compreender as mudanças. “Elas terão papel muito importante em participar disso, seja sob o viés de consumo, seja sob o viés social. Será um ano chave para as empresas”, analisa o executivo. “As marcas precisam não apenas vender os produtos, mas entregar benefícios adicionais de acordo com o novo cenário social. A economia está se recuperando e o emprego também, então, provavelmente as pessoas precisarão de mais comidas prontas, pois terão menos tempo para cozinhar”, exemplifica Calliari.

Durante o evento, a Ipsos lançou a publicação coletiva “Ipsos Flair 2018: A Máscara Caiu!”, que discute temas como cenário eleitoral, crise de valores, novos comportamentos e exigências de consumo.