Início dos anos 1970. Nunca tinha ido a Nova York. Mas sabia tudo sobre a cidade por leituras. E aí veio a obra magistral do designer Milton Glaser, contratado pela agência Wells Rich Greene, e não consegui segurar mais. Milton Glaser nasceu em meio ao furacão da economia, 1929. Crack da Bolsa de NYC. Estudou na High School of Music and Art, ganhou uma bolsa para a Academy of Fine Arts de Bolonha, Itália. Recebeu a mentoria de Giorgio Morandi. Em 1954, fundou o legendário Pushpin Studios. Em 1976, num pedaço de guardanapo, hoje no acervo do Moma, com um crayon vermelho, rabiscou, I(Heart)NY… E criou a legenda da mais linda e exuberante cidade da face da terra. Claro, para os apaixonados, como eu. “I Love New York!” ao infinniiittttoooo!!!

Mas, mesmo assim, precisei de mais alguns anos para conhecer a cidade. Hoje, tenho até vergonha de confessar, devo ter mais de 200 camisetas diferentes com alguma ilustração e referência à minha capital do mundo e do coração. Que atualizo a cada novo ano quando vou bater o ponto obrigatório…

Minha inspiração não em relação ao tema, mas em relação a simplificar e facilitar a vida foi a Giovanna Kupfer. A saudosa Giovanna Baby. Jamais conversei com ela. Mas quase todos os dias nos cruzávamos nas mesas do Café I Ristoro Romano, na Praça Vilaboim, na cidade de São Paulo; ela sempre vestindo preto, ou branco. Optei pelo preto. E assim seguirei até o fim.

Agora, a logomania é uma realidade. Na medida em que as marcas foram capazes de transmitir toda a sua narrativa, em suas manifestações através da publicidade, de seus produtos e serviços, da manifestação de seus dirigentes e profissionais, quem assume ostensivamente uma marca, muito especialmente a partir de uma camiseta e no peito, está sinalizando suas afinidades, crenças, simpatias e convicções.

Na revista VIP de março último, uma matéria trata do assunto. Assinada pelo André do Val. André foi atrás dos gestores de algumas das marcas de sucesso e procurou conhecer o recado contido e transmitido pelas pessoas que as carregam no peito.

Felix Gimenes, diretor de comunicação da Nike Brasil, por exemplo, explicou: “A Nike, desde sua origem, se mantém fiel à missão de ajudar os atletas com pesquisa e desenvolvimento focados nos produtos de performance. Depois passou a buscar inovação em materiais, estilo e design… Assim, pessoas e atletas de alto desempenho reconhecem e apreciam essas qualidades…”. Já Felipe Savone, gerente sênior de marketing da Adidas Brasil: “A Adidas quer ser reconhecida pela inovação, qualidade e criatividade, através de dois logos principais, permanentemente revisitados por celebridades e estilistas”.

Por exemplo, diz ele: “Alexander Wong virou o símbolo da Adidas Original de cabeça para baixo e ‘Pharrell Williams’ coloriu as três listras… De certa forma, são esses valores da marca que quem as ostenta em suas roupas procuram passar. Simpatizam, aderem e adotam a mesma crença. André do Val, antes de terminar, foi ouvir a estilista Glória Kalil: “Fica um pouco ridículo quando uma pessoa se apoia em uma logotipia muito evidente, de modo que a imagem e a identidade de marca substituam a própria apresentação pessoal”.

Óbvio, Glória. Quem assim procede é um tonto. Mas, somar ao que você acredita outros códigos que reforçam seu posicionamento pessoal e profissional só facilita e acelera o seu processo de branding. A sua comunicação. Com maior assertividade e clareza. Eu recomendo.

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)

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