Publicitário faleceu no último dia 17, aos 95 anos, vítima de complicações da Covid-19

A família de Alex Periscinoto, que morreu no último domingo (17), aos 95 anos, marcou para a próxima sexta-feira (22) a missa de sétimo dia em homenagem ao lendário publicitário. Ele foi vítima de complicações da Covid-19. O profissional faria 96 anos em abril.

A missa será transmitida ao vivo da Paróquia Nossa Senhora do Brasil, a partir das 13h (YOUTUBE.com/NossaSenhoradoBrasil).

Periscinoto é um dos nomes mais importantes da propaganda brasileira. Ao longo de sua carreira, ele dirigiu a comunicação da rede de varejo Mappin e foi sócio da Almap, junto com José de Alcântara Machado e Otto Scherb, e deixou a agência em 1997. Sua última atividade profissional foi na consultoria SPGA, especializada em concorrências de publicidade para o mercado anunciante.

Periscinoto foi também o primeiro jurado brasileiro do Festival Internacional do Filme Publicitário, hoje Cannes Lions, em 1973.

Em junho de 2013, em depoimento ao PROPMARK ele comentou que sua carreira profissional tem dois marcos importantes. “O primeiro deles foi quando visitei a DDB em Nova York no ano de 1958, no momento que a campanha ‘Think small’, para a Volkswagen, tinha sido concebida. Na reunião com Bill fiz muitas perguntas e ouvi tudo muito atentamente. Ensinamentos que trouxe para a Almap no início dos anos 1960, quando fui contratado para dirigir o departamento de criação a convite de José de Alcântara Machado e Otto Scherb. Ajudei a Almap a ganhar uma concorrência feita pela Volkswagen e, claro, coloquei em prática tudo que vi na DDB, mas com tempero da ‘erva brasilis’. O outro choque cultural que tive na minha carreira foi quando fui convidado pelos representantes do Festival Internacional do Filme Publicitário, hoje Cannes Lions, para integrar o corpo de jurados em 1973. Fui o primeiro brasileiro a ser distinguido como membro do júri nesse evento que comecei a frequentar na década de 60, ora em Veneza, ora em Cannes”, disse.

O mercado publicitário fez uma série de homenagens ao publicitário nas redes sociais:

A publicidade perdeu, na noite de ontem, uma de suas maiores referências, o publicitário Alex Periscinoto. Profissional que ajudou não apenas a escrever a história da Almap, como de todo o nosso mercado, com muito talento, respeito e dedicação. É uma honra pra todos nós que aqui trabalhamos fazer parte dessa história de sucesso que Alex Periscinoto começou anos atrás. A toda a família, nossos mais sinceros sentimentos por esta grande perda. Com carinho. Amigos da Almap.” – AlmapBBDO.

A ESPM lamenta profundamente a morte, neste domingo, 17 de janeiro, de seu conselheiro, o publicitário Alex Periscinoto, aos 95 anos. Com sua inteligência e talento criativo, Alex Periscinoto foi um ícone da publicidade brasileira. “Sempre gentilíssimo com todos, foi um grande amigo e incentivador da ESPM”, diz Dalton Pastore, presidente da instituição. “Foi um enorme privilégio e uma grande honra ter tido Alex ao nosso lado por tanto tempo.” – ESPM

Hoje a Covid levou um dos grandes responsáveis pela reputação criativa da publicidade brasileira: Alex Periscinoto, o “P” da fantástica ALMAP. Talento, profundidade, sensibilidade e generosidade são quatro qualidades marcantes no Alex. No meu primeiro festival internacional, em NY, eu, garotão sem ambiente, esbarrei com ele, já consagrado. Algo como um jogador juvenil em início de carreira encontrando um ídolo mundial. Ele percebeu a situação, me convidou pra sentar na mesa ao seu lado, me apresentou aos figurões à sua volta, deu dicas, fez com que eu me enturmasse, salvou a noite. Não tinha nada a ganhar com essa atitude, a não ser minha admiração e gratidão, que seguem intactas até hoje. Obrigado, Alex! Descanse em paz” – Adilson Xavier.

Trabalhava na DPZ de Porto Alegre. Tinha dois amigos, na famosa agência Almap, dos famosos criadores da VW. O time que criava para lá VW eram os famosos, Vinicao, Gilberto, Ercilio, Campioni e outros feras da propaganda.Os meus amigos eram a dupla Terra e o Buick. Conheciam meu trabalho que já começava a despontar no sul. Gostavam do meu trabalho e achavam que o Alex Pericinoto deveria conhecer. Nas minhas experiências no sul convivi de perto com o mestre Oswaldo Miranda, o Miran ( um dos maiores artistas gráficos do Brasil e reconhecido internacionalmente). Trocávamos experiências em um bar a noite, quase toda sexta-feira… ou seja, para um guri de 24 anos recém formado nos EUA e influenciado por Saul Bass, Milton Glaeser, Herbert Lubalin e agora o Miran esses meus amigos da Almap, achavam que eu deveria trabalhar em São Paulo e na Almap. Lá fui eu conhecê-lo. Cheguei 1 hora antes da entrevista. Pra fazer sala, meus amigos me apresentaram o andar da criação. Nunca vi tanta dupla de criação, nunca vi tanto talento por m2, aquele andar cheirava cola de borracha “ michilin” ( escrevi errado, mas o que importa é que eu estava ludibriado, tomado por talento e o cheiro do andar). A dupla me deixou na ante sala com a secretaria do Alex e me desejaram sorte.Eu sou grande. Alex também. Minhas mãos enormes. A do Alex tb. Lembro que quando apertamos as mãos, brincamos qual era a maior… colocamos uma na frente da outra e pasmem….ele ganhou. Falamos da família, eu neto de catalão e mãe napolitana, ele da Mooca… ah…. foi uma conversa onde nossos olhos brilhavam de prazer. Foi um início de entrevista maravilhosa. Falamos de NY, sua cidade preferida por razões óbvias, falei das minhas experiências estudantis e profissionais em NY….e o estranho…..nada dele pedir para mostrar o meu trabalho. Uns 40 minutos se passaram. Rimos, nos emocionamos e aí ele fez a pergunta, sem olhar o meu trabalho… -“ Com quem vc já conversou aqui em São Paulo? -“ Respondi a ele que no dia seguinte iria mostrar a minha pasta para o Zaragoza a pedido do Neil. Bateu a mãozona na mesa e esbravejou: -‘vou perder vc pra DPZ’ -.Respondi: – ‘mas vc nem olhou meu trabalho?’ Como Vc sabe disso? Ele com toda sabedoria e perspicácia de um diretor de Arte de mão cheia e grande… disse: – “ Neto de catalão, mãe napolitana, formado em NY, diretor de arte influenciado pelo Miran… que ver ? Daqui sua pasta…. “-Ele olhou minha pasta e a cada virada, esbravejava… não disse- ducacete” maravilhoso, olha só como vc brinca com a tipografia… vc é um puro “depeziano”…enfim, rasgou seda e terminou falando… se o Zaragoza não te contratar, eu te contrato! “Está aqui o meu telefone direto, se amanhã ele não te contratar, vc já sabe, ligue pra mim!” Sim, o Zaragoza me contratou em 2 minutos. Liguei para os meu amigos na Almap e pedi para eles falarem para o Alex que ele tinha acertado tudo! Lógico, eles não entenderam nada… mas o Alex, entendeu tudo desde o início. Mais tarde eu descobri….Na verdade ele estava procurando um diretor de arte pra fazer dupla com um senhor já muuuuito experiente, um redator daqueles putas velhas, que era problemático e ninguém gostava de trabalhar com ele. E se achasse um cara novinho sem vício e sem conhecer a história deste profissional seria muito bom pra Almap. Acontece que o coração do Alex, pensou mais alto depois da nossa conversa e muito honesto, pensou com ele mesmo :-“ vou matar esse talento puro colocando-o pra trabalhar com esse louco”- não vou fazer isso com ele! Muitos anos depois, toca meu telefone, era o Alex/ Guerreiro do outro lado da linha dizendo que um tal de irmãos Saatchi queriam me conhecer…. lá fui eu conversar. Bom, virei sócios dos ingleses…. mas esse é um papo pra um outro momento. Viva o Alex! Viva a boa propaganda feita de homens como ele! Viva a Almap!” – Pascoal Fabra Neto, sócio e CCO da F&Q.