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Muito se fala sobre empoderamento feminino, mas para descobrir se as pessoas sabem, de fato, o que o termo significa e detalhar as principais questões vividas pelas mulheres atualmente, a MindMiners, empresa de tecnologia especializada em soluções digitais de pesquisa, desenvolveu estudo com novo olhar sobre o tema. 

A pesquisa A importância de falar sobre empoderamento feminino foi liderada pela analista de comunicação Katlyn Mallet e entrevistou 640 mulheres e 360 homens de todo o país. “Feminismo é uma palavra que assusta as pessoas, há um estigma. E muitas delas confundem também o que é empoderamento. Feminismo é um movimento, e empoderamento é consciência. E consciência é algo que todo mundo precisa ter. É responsabilidade de todos, homens e mulheres, colaborar para que a sociedade tenha igualdade de gênero. Pela maioria das respostas, é possível ver que as mulheres estão se desprendendo de algumas regras. Os homens também estão mudando, mas não tão rápido quanto nós”, explica.

Um exemplo disso é que para 64,8% das mulheres é muito inspirador ver figuras femininas mais presentes em diversos cenários sociais, como na política, na mídia e em cargos de liderança. Esse índice cai para 40% quando a mesma questão é respondida por homens.

As entrevistadas acreditam ainda que mulheres gordas, negras e idosas são as menos representadas pela mídia de forma geral, incluindo a publicidade. 41% das participantes afirmam ainda conhecer marcas que levantam a bandeira do empoderamento. A Natura foi a mais citada dentre as empresas. Dove, Avon, O Boticário e Salon Line completam o top 5.

Questões consideradas culturais, como padrões de beleza, também apareceram na pesquisa. Enquanto 35% dos homens acreditam que as mulheres devam ser “femininas e delicadas”, 87% das mulheres já ouviu comentários sobre sua aparência ou personalidade que as “incomodaram ou magoaram”.

Além disso, 65% das mulheres e 66% dos homens acreditam que existam profissões destinadas apenas para homens, como pedreiro, mecânico, cargos na construção civil e postos militares. Já 41,4% das mulheres e 49,4% dos homens consideram que funções como babá, doméstica, manicure, professora, cozinheira e secretária devam ser exercidas apenas por figuras femininas.

“Eu tinha dúvidas em relação a como a gente é formado para pensar de determinada maneira. É possível ver, por exemplo, que a maioria das pessoas relaciona trabalhos braçais como sendo algo masculino. Quando a gente questiona quais os tipos de brinquedos essas pessoas eram estimuladas quando criança, a maioria dos homens respondeu carrinhos, brinquedos esportivos e jogos, enquanto as mulheres brincavam com bonecas que simulam bebês e itens domésticos, sendo incentivadas desde cedo a cuidar do lar, da casa e dos filhos. Isso constrói nas pessoas uma ideia das profissões que elas acreditam que devam seguir”, comenta Katlyn.

Ainda na opinião da especialista, os dados que mais chamam a atenção, no entanto, são os que estão relacionados à segurança. “Em uma das perguntas, questionamos o quão confortável as pessoas se sentiam em voltar para casa à noite desacompanhadas, e 70% das mulheres afirmaram se sentir desconfortáveis, contra 30% dos homens. Isso é muito impactante. Quando falamos sobre violência, que também está diretamente relacionada à segurança, apenas 16% dos casos de abuso (sexual, físico, psicológico, moral ou patrimonial) são denunciados. As pessoas têm vergonha ou medo. Estou ainda refletindo muito sobre o que podemos fazer em relação a isso”.

Um dos caminhos que a MindMiners entende que pode transformar a pesquisa em uma real movimentação é o acompanhamento anual dos dados para que eles se transformem em índices sobre o tema. “Temos por aqui uma frente interna de diversidade, e a tendência é agregarmos esses nossos conhecimentos aos estudos realizados. Atendemos tanto a marcas quanto a agências, e queremos ajudá-las a se posicionar. Representatividade é importante para as pessoas, elas precisam se ver nos comerciais, elas precisam ter suas vozes reconhecidas e precisam encontrar modelos para que as futuras gerações desenvolvam seu senso de identidade”, finaliza Katlyn.