Unindo esforços de criativos, estrategistas e diretores de filme ao redor do planeta, o coletivo Papel & Caneta desenvolveu a Openness, uma plataforma que combate a solidão durante a quarentena.

Através de um curta filmado na casa de 20 diretores de diferentes parte do mundo, o resultado convida para ação com uma lista prática de mensagens que servem para iniciar o diálogo com alguém para quem o distanciamento social tem sido gatilho para ansiedade, depressão, medo e a sensação de solidão (acesse aqui).

Não muito antes da OMS declarar a Covid-19 como pandemia global, em 2018 a solidão atingiu níveis de epidemia segundo estudo da Cigna, revelando que 46% dos norte-americanos às vezes ou sempre se sentem sozinhos e 47% relataram se sentir excluídos. Um ano depois, foi diagnosticado que cerca de 22% dos millennials do Reino Unido acreditavam não ter amigo algum (YouGov).

Se a sociedade já estava em “níveis epidêmicos” de solidão antes da pandemia de coronavírus, a preocupação é sobre quantas pessoas estão sentindo os efeitos negativos dela agora. Segundo a plataforma Mother Jones, o resultado é um “desastre em câmera lenta” para a saúde mental.

As redes sociais e aplicativos de mensagens se convertem em aliados no combate a epidemia da solidão e a pandemia. Porém, muitas vezes, pessoas que tem alguma questão de saúde mental se isolam com receio de atrapalhar os outros, ou porque não se sentem capazes de pedir ajuda.

Por outro lado, tomar iniciativa e criar uma ponte com um amigo ou familiar que se tornou ainda mais solitário com o isolamento social é um desafio. Aqueles que querem mostrar apoio convivem com o receio de invadir o espaço pessoal do outro, num ciclo vicioso que corrobora para a solidão.

“As pessoas estão mais sensíveis durante o isolamento. Parece óbvio mandar mensagem para as pessoas queridas, mas nem todo mundo está fazendo isso – às vezes porque não sabe o que mandar, ou porque esquece ou porque está mais retraído. Com ‘Openness’, a gente incentiva essa primeira e simples ação de abrir a janela e deixá-la ali aberta. A luz vai entrar naturalmente”, relata Paula Essig, diretora de arte na AKQA São Paulo.

Todo o projeto foi desenvolvido pelo Papel & Caneta ao longo de 3 semanas reunindo a dupla de diretores Brendo+Gonfiantini que mora em Paris e profissionais de diferentes agências de propaganda como AKQA, BBDO, Wieden+Kennedy, R/GA, Africa e Wunderman+Thompson.

O workshop para entender o problema e definir um conceito aconteceu durante 6 dias e, logo em seguida, começou a etapa de produção com a participação de músicos, 19 diretores e a equipe de montagem. As produtoras Loud e Landia também apoiaram a iniciativa.

“Um dos desafios era criar um filme com diversidade, mas respeitando a quarentena. Então começamos a convidar cantores e diretores expoentes de vários lugares como New York, New Delhi, Rio, Londres, Arábia Saudita, Barcelona, Hawaii, Paris e São Paulo para gravar dentro de suas casas”, explicam Brendo+Gonfiantini, dupla de diretores que moram em Paris responsáveis por conduzir o processo de filmagem.

“Fazer parte de um projeto que aborda uma pauta tão relevante como a epidemia de solidão e isolamento nos tempos de distanciamento social me deixa muito honrada. Principalmente sendo do Papel & Caneta, que sempre admirei. O mais curioso foi ver que o próprio processo comprovou o que queríamos demonstrar: a cada videoconferência ou mensagem trocada, cresceu o afeto e conexão entre os integrantes, evidenciando a importância de nos abrirmos para o outro neste momento”, comenta Carla Purcino, ex-diretora de planejamento da DPZ&T Rio.