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Mais de 66% dos brasileiros jogam jogos eletrônicos, o smartphone é a principal plataforma de jogos para 83% e 60,3% já ouviram falar de eSports.  Esses são alguns resultados da Pesquisa Game Brasil 2019 (PGB), que traça o perfil demográfico e comportamental, além de particularidades sobre jogos digitais, eSports e hábitos de consumo dos jogadores.

A 6ª edição da PGB é realizada pelo Sioux Group, Blend News Research, ESPM, através do Gamelab e Go Gamers. Ela considera gamers todos que afirmaram ter o hábito de jogar jogos digitais, independentemente do estilo de jogo, frequência, duração e conhecimento sobre jogos, softwares e hardwares relacionados. 

Além dos dados do mercado brasileiro, a nova edição tem informações sobre os gamers da América Latina. O levantamento foi feito no mês de fevereiro com 5.110 pessoas, entrevistadas no Brasil em 26 estados e no Distrito Federal, e no México, Argentina, Chile e Colômbia.

Adeus, senso comum
Segundo Lucas Pestalozzi, presidente da Blend New Research, os dados contrariam o senso comum de que os gamers são adolescentes. Na faixa de 25 e 54 anos, por exemplo, a penetração é de 61,9%. “Isso faz sentido com a evolução da indústria e comércio nacional de jogos digitais, presente de modo significativo no Brasil desde os anos 1980. As crianças e adolescentes da época, que cresceram num ambiente povoado por jogos digitais e tiveram em suas memórias e hábitos de consumo registros destas experiências lúdicas, estão nessa faixa”, afirma.

Guilherme Camargo, sócio-CEO do Sioux Group, comenta que o conceito é semelhante ao que acontece com torcedores de futebol. “No mundo dos games, acontece a mesma coisa: você não precisa ser necessariamente um hardcore gamer para ter um grau de envolvimento com esse segmento”, complementa.

A principal opção de plataforma de jogo entre os brasileiros é o smartphone, com 83%. Em sseguida aparecem videogame (48,5%) e notebooks (42,6%). O ranking de preferência tem smartphones liderando com 45,3%, seguido por videogames (26,5%) e computadores (12,8%).

Os motivos de preferência e o que buscam em uma plataforma de jogos digitais são praticidade (29,2%), acesso sempre à mão (28,1%), poder jogar em qualquer lugar (27,8%), ser acessível (21,0%) e ter qualidade de imagem (17,6%). 

Gamers – Hardcore e Casual
A pesquisa destacou dois perfis de gamers: hardcore e casual. Mauro Berimbau, professor e coordenador do Gamelab na ESPM explica a técnica de perguntar se o entrevistado se considerava um gamer, mas sem definir o significado da palavra. A intenção foi comparar a imagem que eles têm sobre o que é um gamer e traçar um perfil mais relacionado ao hábito de consumo. “Comparado a mercados mais maduros, onde uma segmentação mais estratificada é necessária, no Brasil estamos em um estágio anterior. Reflexo do ecossistema e cadeia produtiva presentes no país”, diz.

As diferenças mais significativas apontam que os hardcore gamers são homens (58,9%) entre 25 e 34 anos (41,3%). Já o público casual gamer tem as mulheres como maioria com 58,8% entre 25 e 34 anos (35,9%).

Sobre a importância dos jogos digitais, os hardcore gamers (79,2%) disseram que o jogo digital é a principal forma de entretenimento, e sua preferência é pelo videogame como plataforma (41,8%). Eles jogam mais de três vezes por semana, em partidas que duram por volta de três horas, e compram mais de 10 jogos ao longo do ano.

Já o público casual gamers consome jogos principalmente nos smartphones (57,8%). Eles jogam até três vezes por semana, com partidas levando de uma a três horas por sessão, e compram três jogos das plataformas que gostam ao longo do ano.

Principais plataformas 
O mobile mostrou-se como a principal plataforma para jogar dos brasileiros na PGB 2019. 83% dos brasileiros costumam jogar neste tipo de dispositivo, principalmente por jogar em qualquer lugar (31,4%), ter praticidade no aparelho (31,0%), tê-lo sempre à mão (30,6%), ser acessível (21,8%) e mais fácil (16,9%). 

O público principal dos videogames são os hardcore gamers, geralmente homens de classe A ou B, de até 34 anos de idade. Uma parte significativa dos jogadores casuais (38,8%) costuma jogar nesta plataforma, mas prefere os smartphones. Entre os que escolheram o videogame, os motivos são melhores gráficos/imagens (35,3%), maior controle (29,8%), mais prático (25,4%) e não trava (18,2%).

O público principal de computador são homens de classe A ou B. Os motivos são melhores gráficos/imagens (26,0%), praticidade (24,2%), controle (20,4%) e liberdade (18,6%). 

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eSPORTS
A PGB também mapeou o conhecimento dos jogadores brasileiros em eSports, prática das modalidades e consumo das partidas por TV ou canais de streaming. 60,3% afirmaram conhecer a modalidade e 48,0% destes praticam. O levantamento deixou claro que o público hardcore é o mais envolvido com eSports: quase 70% pratica. Os casual gamers respondem por 31,3%.

Berimbau, da ESPM, comenta que isso leva a alguns choques entre práticas antigas e as novas exigências dos esportes digitais. “Os esportes tradicionais são separados por gênero, por supostas diferenças biológicas entre os participantes para fins de balanceamento competitivo das modalidades, apesar da comunidade científica não ter consenso em relação à essa razão. Nos eSports, não há exigência física na sua prática que justifique essa diferença. A razão para isto parece ser afinidade temática com o jogo”, comenta.

Em relação aos espaços de consumo, o YouTube domina com 60,6% do público hardcore acompanhando partidas por este canal, seguido do Facebook (38,4%), TV paga (34,0%) e Twitch (21,2%).

Jogos e…
São poucos os jogadores que se dedicam integralmente ao jogo. A prática está geralmente vinculada a outras atividades, como assistir TV (48,3%), escutar música (41%), navegar na internet (23,5%), comer (23,5%) e beber (23,3%).

Entre os produtos consumidos nas partidas, os casual gamers consomem geralmente duas categorias de produto durante as partidas, principalmente salgadinhos/ snacks (31,6%) e sucos (31,1%), enquanto os hardcore consomem de duas a três categorias, principalmente refrigerante (39%), salgadinhos (38,1%) e sucos (35,7%).

Sobre os serviços de streaming de vídeo consumidos, os jogadores hardcore tendem a consumir mais do que os casuais. Enquanto 32,7% destes não assinam nenhum dos serviços, apenas 15,9% dos hardcore não consomem vídeos por streaming.

O principal campeão entre os dois perfis é a Netflix, com 60,6% dos casual gamers consumindo o serviço de streaming e 67,4% dos hardcore nesta plataforma.

No recorte de consumo de streaming de música, o Spotify é o mais assinado (32,4%), seguido pelo Deezer (11,4%). Além disso, 52,5% dos casual gamers não assina nenhum serviço do tipo, e 26,7% dos hardcore não consomem streaming de música. 

América Latina
O Painel Latam da PGB traçou o perfil geral do jogador latino, estruturando-o a partir das informações coletadas. A pesquisa revelou que nos países México, Argentina, Colômbia e Chile, 52,6% jogam jogos eletrônicos, independentemente da plataforma. E há um equilíbrio entre homens (50,3%) e mulheres (49,7%). 

Em relação à idade, 67,7% dos jogadores possuem até 34 anos. E quem tem entre 35 e 54 anos também responde por 29,2%.

Quando questionado sobre as plataformas em que os jogadores estão habituados a jogar, o smartphone lidera (81%), seguido pelo computador (33,6%), videogame (33,3%) e o tablet (19,8%).