Alê Oliveira

Desde 1500 o Brasil vem sendo reformado, com alguns hiatos que provocaram inesquecíveis marchas à ré. Agora, chegou a hora de uma das mais importantes da nossa história, a reforma da Previdência, sem a qual o país quebra.

Temos todos a obrigação de espalhar essa mensagem, porque as consequências de uma quebra serão terríveis em um país do nosso tamanho, com cerca de 210 milhões de habitantes e incontáveis necessidades de primeira grandeza para serem atendidas. A missão de cada brasileiro nesta hora ainda difícil para todos é enaltecermos a necessidade dessa reforma com urgência, para evitarmos o caos.

Louve-se aqui esforços coletivos em prol dessa causa, como tem sido a exemplar campanha da emissora Jovem Pan – sempre distinguida no Prêmio Veículos de Comunicação instituído pela coirmã revista Propaganda –, que tem dado diariamente voz a importantes personalidades do mundo empresarial e do povo em geral, além de ouvir representantes mais simples da população, sobre o que pensam da reforma previdenciária.

Invariavelmente, a grande maioria dos que são ouvidos, não apenas declara-se favorável à mesma, como ainda reconhece a importância da sua implantação urgente, sob pena de ser executada, em caso de aprovação pelos Poderes da República, tarde demais, como ocorreu em um passado não muito distante, com a Grécia e Portugal.

Não há mágica que faça mudar essa realidade, ou a reforma é aprovada, ou o país quebra, sem que isto seja força de expressão. E é em momentos de agruras e de falta de um melhor esclarecimento ao imenso público deste país, que o governo federal, através do seu Executivo, deveria abrir de uma certa teimosia com relação à publicidade oficial, cujo julgamento dentro das hostes oficiais a partir de Brasília parece reprovar e até mesmo condenar a publicidade de governo, como se isto significasse o oitavo pecado capital. 

A partir do próprio presidente da República, todos os componentes do primeiro escalão do Executivo da República precisam se convencer do valor e da necessidade do uso da publicidade do governo, visando a formação favorável da opinião pública quando a causa é boa.

O que não se deve permitir é a utilização à toa do ferramental publicitário, dentro de um procedimento de desvio de recursos, como assistimos em um passado recente, onde a qualidade da mensagem e até mesmo da sua urgência pouco ou nada importavam.

Propaganda é coisa séria e propaganda de governo mais ainda, quando utilizada em prol de causas nobres e de interesse comum. Basta lembrar que os governos dos países mais adiantados do planeta usam rotineiramente o ferramental publicitário, geralmente com a licitação e contratação de agências de propaganda, para divulgarem não apenas os seus feitos, mas também e principalmente as necessidades dos países e das suas populações, dentro do consagrado princípio de que um povo bem informado contribuirá de forma mais explícita para o atingimento das metas oficiais, máxime quando se tratam de coisas pautadas em grande parte pelos fatores da importância e da urgência. Fazemos questão de repetir que as histórias ruins do passado em nosso país, envolvendo agências e anunciantes de governo em falcatruas, não podem pautar estudos e decisões sobre novas frentes de comunicação oficial. 

A propaganda sempre será um ferramental indispensável, quando a causa a que se propõe é boa e mais ainda necessária.

O Cannes Lions recém terminado e do qual demos cobertura total na última edição do PROPMARK, além de noticiário online frequente no site deste jornal, revelando não apenas campanhas e peças isoladas premiadas, mas também a importância da comunicação de governo para o esclarecimento dos seus diversos públicos-alvo, uma vez mais serviu de endosso à necessidade de os governos se comunicarem com a população através do uso do ferramental publicitário.

Há um detalhe histórico que vem em maior socorro dessa tese: a publicidade hoje é, sob muitos aspectos, mais crível do que o noticiário de órgãos de comunicação sobre o mesmo assunto, se forem eles comprometidos politicamente com partidos, seitas ou grupos de pessoas, para as quais mais vale cultivar suas ideologias do que respeitar o compromisso com a verdade, que deveria ser norma geral em todos os povos.

 

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Embora simples e para poucos, tratou-se de uma bela e justa homenagem essa que a direção do SBT prestou a Paulo Gregoraci, medalha de ouro no quesito profissional (e expert) de mídia, na última quinta-feira, com um almoço em sua sede em São Paulo, para o qual foram convidados alguns dos amigos profissionais mais próximos do homenageado.

Após 25 anos consecutivos de trabalho na WMcCann, galgando sempre posições e responsabilidades maiores, mas sem nunca abandonar o seu DNA de mídia, o palmeirense Gregoraci deixou a agência recentemente, o que levou a alta direção do SBT à ideia da homenagem, abraçada desde o primeiro momento por Guilherme Stoliar e José Roberto Maciel, sob a coordenação de Marcelo Parada.

Em tempos idos, era mais comum esse tipo de atitude no mercado. Não que hoje não haja motivos, principalmente através de exemplos de grandes profissionais, após completarem determinado ciclo na carreira. Talvez a velocidade hoje exigida, tanto empresarialmente como dos profissionais do setor, tenha aos poucos proporcionado uma desatenção a esse tipo de solidariedade e gratidão.

Mas, a importância das mesmas não apenas não diminuiu, como até aumentou de valor, tendo em vista principalmente a grande quantidade hoje de jovens prestando serviços não apenas na mídia, mas em todos os setores da comunicação publicitária.

Pessoas, por melhor que sejam, apreciam mirar-se em exemplos. Paulo Gregoraci, para quem o conhece bem como a equipe do PROPMARK, é dessas figuras humanas que sempre terá uma boa palavra, quando homenageado ou instado a falar sobre a sua exuberante trajetória profissional. Os testemunhos vivos e muito bem vivenciados de cases, em cada setor da atividade humana, sempre aumentarão e valorizarão pelo aprendizado os que lhes dedicarem atenção e respeito.

 

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Voltando ao tema campanhas de governo, o ex, mas sempre publicitário João Doria Júnior, hoje governador de São Paulo, deu início a uma campanha “vendendo” o estado de São Paulo ao resto do país e mostrando lugares e valores do estado paulista, que muitos brasileiros – inclusive paulistas – desconhecem ou ainda não puderam visitar.

Trata-se, pois, de uma campanha com o objetivo principal de vender turismo, mas que subjacente influenciará boa fatia do público por ela atingido a reforçar seu respeito a São Paulo e a vontade de conhecer o estado, para os que ainda não estiveram por aqui. Há, também, sem dúvida, um resultado bastante provável: levar a todo o país a imagem de uma região rica que deu certo, graças à sua administração.

Algum erro nisso? Quem disser que também se trata de um insight para a próxima campanha presidencial, poderá não estar errado. Mas terá de se contentar que se trata apenas de uma hipótese.

 

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Em sua coluna de 23/6 no Caderno 2 do Estadão, Leandro Karnal cunhou a frase da semana, mas que vale para sempre: “A inteligência pode vir em dedais exíguos ou em imensos tonéis. A ignorância também”.

Armando Ferrentini é publisher e diretor-presidente do PROPMARK (aferrentini@editorareferencia.com.br).