A palavra estratégia vem do grego strategos, plural de strategoi, cujo significado é general. E isso faz um enorme sentido nos dias de hoje. Mais do que nunca, todos aqueles que lidam com estratégia e têm ainda a árdua missão de liderar negócios, devem ser comparados mesmo a generais.

Generais preparados para a guerra. Não a guerra surda e violenta, mas aquela que exige coragem, mas também empatia; que exige flexibilidade, mas também pragmatismo; que exige dureza, mas também ternura (como diria Che Guevara); e, principalmente, a que exige ação e otimismo.

Depois de longa e tenebrosa safra de notícias ruins, o Brasil começa a apresentar perspectivas alvissareiras: inflação começando a ser domada, um time competente no controle macroeconômico, certa estabilidade política. Até a seleção brasileira de futebol já recuperou um pouco da sua autoestima…

Estamos longe da condição ideal, mas não dá para conter uma ponta de otimismo para o próximo ano.

Imagino que você esteja já com os olhos voltados para 2017. Não que 2016 ainda não exija uma atenção especial. Ao contrário, este último trimestre ainda exigirá dedicação plena para superar um dos piores anos da economia brasileira. Mas, enquanto travamos a batalha derradeira do ano, despertamos nosso espírito de strategos para 2017.

Com que armas iremos à luta no próximo ano. Vamos defender ou atacar? Na minha modesta opinião, acho que já nos defendemos demais. Acho que os planos para 2017 devem ter pitadas bem dosadas de dois ingredientes básicos para o sucesso: otimismo e ousadia.

Ousadia para colocar em prática as mudanças, para juntar a tropa – diminuída e ferida, por conta dos ajustes decorrentes da crise – e promover o espírito de união, de superação e de ação.

Ousadia para pensar em crescer novamente, tirando lições importantes que uma só uma “boa” crise pode ensinar.

E otimismo para acreditar que o pior já passou. Não um otimismo naive, de Poliana. Mas um otimismo com os pés no chão, com a segurança de que teremos condições macroeconômicas minimamente favoráveis para pensar em crescimento.

O otimismo, por si só, é capaz de gerar um círculo virtuoso no mercado, um efeito cascata do bem, impulsionador da economia. Como diria Pirandello, Così è (se vi pare) (“Assim é, se lhe parece”).

Se as empresas realmente refletirem certo otimismo nos seus planos para 2017, seus budgets serão mais ambiciosos, repassando aos seus fornecedores mais recursos, que irrigarão o mercado, fazendo crescer a economia.

Empresas que andaram anestesiadas pela tempestade perfeita que se abateu sobre o nosso país nos últimos dois anos (um pouco mais, na realidade) devem ver no horizonte um prenúncio de bonanza. E juntarem tropas e aliados para a vitória.

Não há varinha mágica que nos jogue de volta aos tempos de crescimento exuberante no curto prazo, mas o efeito psicológico de se sair do vermelho e navegar de volta no azul já pode ser bastante estimulante. Problemas continuarão a existir.

Voltando os olhos para a propaganda, a crise só catalisou um processo de necessidade de mudança de modelo de negócio por parte das agências e dos veículos, por exemplo, premidos pelas novas demandas de um mercado em constante mutação.

Muitos foram forçados e já praticaram mudanças importantes na sua forma de atuação. E essa é uma exigência contínua. Não podemos, jamais, baixar a guarda quanto a isso. Só o otimismo não será suficiente para superar os desafios que se nos impõem.

Os bons strategos precisam ir à luta com novas armas, preparados para uma luta diferente, mas ainda ferrenha.

A diferença é que o campo de batalha estará mais ameno, com menos obstáculos, menos adversidades.

O importante é todos nós olharmos para o mesmo norte e acreditarmos que dias melhores estão por vir. Eu acredito! E você?

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências de Propaganda)
alexis@fenapro.org.br