Em março de 2020, a Time for Fun (T4F) realizará o festival GRLS!, que visa reconhecer e valorizar o papel das mulheres na cultura, bem como promover a inclusão feminina no cenário musical brasileiro.

O evento, programado para os dias 07 e 08 de março no Memorial da América Latina, tem curadoria da Popload e irá mesclar palestras, oficinas, rodas de conversa e música. É um evento que será feito só por elas, mas para todes (palavra que será usada no festival para se referir ao público de forma a respeitar a diversidade das identidades).

“Pensamos em um festival feito por mulheres e não-binários, mas que crie uma discussão para todos os gêneros. Queremos fazer pensar, refletir e também conectar todas as pessoas. Temos muitas mulheres fortes em todos os setores da indústria da música, tanto no palco como atrás dele, fazendo tudo acontecer. Queremos amplificar essas vozes e ser um marco neste sentido. Celebrar tudo o que já foi conquistado e abrir caminho para o que ainda precisamos melhorar, criar e conquistar”, afirma Paola Wescher, diretora artística da T4F e sócia da Popload.

Até os dias do festival, serão produzidos podcasts pela Popload Radio e matérias exclusivas sobre as artistas e as ativações em um portal feito especialmente para GRLS!.

Mulheres no cenário musical

Para levantar o debate, os curadores de GRLS! levantaram estatísticas sobre questões a serem discutidas e questionadas na indústria musical e do entretenimento. Apesar da ideia de que as mulheres vêm conquistando um espaço mais significativo, os números mostram que há muitos desafios pela frente.

Em eventos e festivais de música, 87% das escalações são compostas por homens. Neste cenário, os cachês das artistas mulheres são 28% menores que os dos homens, uma diferença que aumenta com a idade. Os levantamentos foram feitos pela BBC Reality Check e União Brasileira de Compositores.

A desigualdade vai além da esfera dos eventos. Da composição à produção, o ambiente musical é dominado por eles: oportunidades, premiações, facilidade de ascensão, aceitação e até de reconhecimento.

Em 2018, 83% dos artistas mais populares da música foram homens, e apenas 12% das 600 músicas mais populares do mundo foram feitas por mulheres. De acordo com dados publicados pela Official Charts Company. E quando pensamos em produtores, a disparidade é ainda mais chocante: a proporção de produtores homens para mulheres nas 400 músicas mais populares de 2018 foi de 47 homens para 1 mulher.

Segundo dados da União Brasileira de Compositores, no Brasil os homens ainda detêm 90% do valor total distribuído e as mulheres ganham em média 28% a menos. Em 2017, entre os 100 artistas que mais faturaram apenas 17 eram mulheres.

Uma campanha internacional iniciada pela PRS Foundation (fundação inglesa que apoia e financia novos talentos musicais pelo Reino Unido) desafiou festivais do mundo todo a igualarem suas escalações em 50/50 até 2022. Até o momento, 45 festivais já toparam o desafio. E em 2019, o espanhol Primavera Sound se tornou o primeiro grande festival a cumprir a promessa.