O presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, depôs no Senado dos Estados Unidos na última terça-feira (10), admitiu erros na rede social, pediu desculpas várias vezes, fez promessas e deu abertura a pontos que a rede social refutava totalmente. A audiência durou cinco horas.
O executivo foi questionado por 44 senadores em audiência conjunta realizada entre os comitês de Justiça e do Comércio, Ciência e Transportes, do Senado americano. Nesta quarta (11), será a vez da Câmara dos Deputados, em que ele falará diante do Comitê de Energia e Comércio.
Ele foi questionado, principalmente, sobre como o Facebook reagiu ao vazamento de dados de 87 milhões de pessoas pela consultoria política Cambridge Analytica; como a rede social usa os dados de seus usuários para ganhar dinheiro; como ela reage ao uso político da plataforma; e sua posição sobre regulamentação de empresas de internet.
O executivo admitiu que os dados coletados foram vendidos para a empresa, e reiterou que a rede social vai investir na proteção dos dados de seus usuários, o que vai “impactar significativamente a rentabilidade no futuro”. Segundo ele, “temos muito trabalho para reconstruir uma confiança. Proteger a nossa comunidade é mais importante que maximizar nossos lucros”, disse.
Zuckerberg afirmou que a Cambridge Analytica não foi banida em 2015, quando o Facebook soube que ela tinha dados de seus usuários, porque a consultoria política não usava os serviços da rede social. Mas depois corrigiu a informação e disse que “foi um erro não ter banido”.
Questionado diversas vezes sobre regulamentação de empresas de internet, ele mudou de postura ao admitir a possibilidade de “regulamentação certa” e disse que a rede social poderia até contribuir com ideias. Ele também negou que a empresa seja de mídia, o que implicaria ser regulado como tal, no que diz respeito à responsabilidade pelo conteúdo postado, difusão de notícias falsas etc. A empresa afirmou que não produz o conteúdo.
Perguntado sobre quais dados coleta das pessoas e se os armazena, ele classificou os dados como informações que as pessoas escolhem compartilhar, como fotos e publicações, e dados que podem transformar os anúncios em algo mais assertivo. “As pessoas podem escolher não compartilhar os dados”, ressaltou.
Ao ser questionado se a rede social pensava em cobrar de seus usuários para não ver propaganda, Zuckerberg disse que ainda não há uma forma de negócio para não mostrar anúncio nenhum. Ele também explicou que o Facebook não informa os anunciantes sobre o conteúdo das mensagens trocadas via WhatsApp, que pertence à rede social. “Não. O sistema do Facebook não vê o conteúdo das mensagens no Whatsapp. É criptografado. Então não informamos anunciantes” , disse.
Para evitar a exploração do Facebook por agentes externos para desestabilizar eleições, como o que agências russas fizeram na corrida presidencial dos Estados Unidos em 2016, a rede social está reforçando sua equipede segurança. A expectativa é ter 20 mil pessoas até o fim de 2018 – hoje são 15 mil. Ele afirmou que a rede demorou em reagir a essas iniciativas e que está se preparando para melhorar nas próximas eleições, como a do Brasil neste ano.
Um dos questionamentos que o depoimento e o escândalo como um todo deixa é de que maneira um episódio de vazamento de dados como esse pode interferir ou impactar ao trabalho de CRM. Como as pessoas vão reagir ao compartilhamento de seus dados?
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