A importância do estudo, originalidade, mercado de trabalho e limites da criatividade. Estes foram alguns dos pontos discutidos no bate-papo entre criativos da nova geração com estudantes da Miami AdSchool/ESPM, no Rio de Janeiro, nesta terça-feira (13). Entre os participantes estiveram Domenico Massareto, sócio-fundador da ID; e Filipe Raposo, diretor de criação da DPZ-Rio. “Ficou claro que os estudantes enxergam a etapa de aprendizado apenas como um meio para conseguir uma boa posição, e não como algo contínuo e que requer empenho constante”, disse Massareto, que falou exatamente sobre a importância do estudo como recurso não só de construção, como de manutenção de uma carreira sólida e duradoura.
Raposo considerou preocupante os estudantes seguirem com dúvidas em relação a “realidades do passado”. “Percebi neles a preocupação em desenvolver técnicas para direção de arte e redação, como se a criatividade estivesse restrita a essas atividades”, disse. Durante o encontro, ele discorreu sobre a originalidade. “Ideias poderosas, quando se tornam ícones, muitas vezes servem de inspiração para outras ideias, contrariando a verdadeira criatividade. Originalidade está ligada a expressão pura do indivíduo, que nunca é igual a outro”, disse Raposo.
O criativo acredita que a mudança mais essencial que aconteceu na profissão de criação ao longo do tempo foi a mudança do próprio conceito de criatividade. “Antes os limites da criatividade eram mais claros, uma vez que os meios para as mensagens eram mais definidos. Daí surgiram as especializações, como o redator que fazia o título, o diretor de arte que era sensacional em trocadilhos visuais. Criatividade era dentro de caixinhas. A mudança é que as ‘caixinhas’ mudaram, são flexíveis e quase ilimitadas. Abre-se espaço para o verdadeiro, o original, a ideia que transcende formatos”, afirmou o profissional da DPZ.
Massareto, por sua vez, considera que a mudança mais importante foi a maneira das pessoas consumirem conteúdo. Já dentro das agências, o que vem mudando é o modelo de negócios. “Verbas achatadas e comoditização de certos aspectos do trabalho forçaram as agências a buscarem novas soluções para que pudessem fazer negócios de maneira mais inteligente com seus clientes. Isso fez com que todo o processo de trabalho interno da agência mudasse, forçando uma adaptação do processo criativo para essas novas entregas”, diz.
Para o sócio da ID, a principal falha dos estudantes é ter uma preocupação mais com o “parecer” do que com o “ser”. “Eles querem uma agência de nome, um cargo, definem quanto querem de salário, se preocupam com o trabalho que precisa ser feito com determinada agência e para aquele determinado clientes. A ansiedade atrapalha”, comenta, dizendo que a criação segue exercendo sedução sobre a maior parte dos estudantes, mas que a folha em branco assusta a grande maioria. “Na era da relevância, os estudantes já percebem as agências como praticantes de modelos antigos de imposição de mensagens aos consumidores. Hoje já há muitos estudantes que preferem ser planejadores do que criativos, onde há maior possibilidade de ter contato com o novo”, completa Raposo.