Com um projeto grandioso como há muito tempo não se via na mídia, a CNN Brasil está movimentando o mercado. A intenção da empresa é contratar cerca de 700 profissionais, sendo 400 jornalistas.

É um número bastante considerável para um país que vê vários grandes veículos de comunicação encolhendo ou mesmo fechando as portas. Como disse Marcus Vinícius Chisco, vice-presidente comercial, a chegada da CNN Brasil é o fato mais importante dos últimos tempos na indústria da comunicação. “O mercado publicitário estava ávido por novidades. A receptividade do nosso projeto não poderia ser melhor. Grandes players estarão conosco em cotas fundadoras, sendo protagonistas e cocriadores”.

Leandro Cipoloni, VP de jornalismo; Américo Martins; Jercineide Castro, CFO; e Virgilio Abranches, VP de programação (Créditos: Divulgação)

A estreia da CNN Brasil na TV por assinatura está prevista para o fim deste ano, mas a decisão final depende de validações técnicas. Haverá escritórios em São Paulo (antigo prédio do Banco Real, na Avenida Paulista, com 4.000 metros quadrados, sendo 800 metros para três estúdios de onde serão ancorados os telejornais da emissora), Rio de Janeiro e Brasília.

Américo Martins, VP de conteúdo, explica que serão 24 horas de jornalismo, sendo 16 horas com programação ao vivo. “A emissora terá documentários, séries originais e plataformas temáticas de conteúdo, como CNN Business, CNN Luxo, CNN Turismo e CNN Esportes. Também haverá programas que mesclam jornalismo e entretenimento, como o que será apresentado aos domingos por Evaristo Costa, direto dos estúdios da CNN em Londres”, contou ele.

Martins também ressalta a atuação multiplataforma da marca e promete um sistema de checagem rigoroso de informações para combater as fake news. “Já vamos nascer produzindo conteúdo para várias plataformas. A CNN Brasil vai ter muito cuidado com a informação. Vamos checar uma, duas, três ou mais vezes todas as informações antes de colocá-las no ar. Queremos chegar primeiro à notícia, mas não temos a necessidade de veiculá-la primeiro. Em tempos de fake news, abrimos mão de sermos os primeiros, se a informação não estiver confirmada. Nosso objetivo é um só: estarmos certos”. O executivo afirma que o projeto é audacioso e tem como meta transformar a filial brasileira na principal CNN fora dos Estados Unidos. “Um time da alta cúpula da CNN Internacional esteve em São Paulo no fim de julho e se encantou com o nível de profissionalismo encontrado. Foi a última de seguidas viagens já realizadas no processo de consultoria técnica para colocar a CNN Brasil de pé”, contou Martins.

Anthony Doyle, VP de distribuição: “Os melhores dias da TV por assinatura estão por vir”

Segundo Anthony Doyle, VP de distribuição, o conteúdo da CNN Brasil nasce multiplataforma, adequando-se para TV paga, TV Everywhere e também OTT. “Ter relevância multiplataforma é o objetivo central da marca. Criamos contas em quatro redes sociais com perfis oficiais no Facebook, Instagram, LinkedIn e Twitter. Temos uma equipe única, integrada e orientada a tratar a TV por assinatura e as mídias digitais com o mesmo nível de importância e com a mesma dedicação. Teremos a qualidade e a credibilidade de nossos produtos em formatos que respeitarão a linguagem de cada plataforma. Também estamos trabalhando no desenvolvimento de canal no YouTube. Pelo ambiente de vídeos mantido pelo Google, a marca contará com materiais inéditos — além dos conteúdos a serem replicados (e adaptados) da televisão”.

Martins salienta que o modelo de televisão implantado é inédito no país. “O canal tem a vantagem de nascer do zero, utilizando o que há de mais avançado em tecnologia em seu sistema de operações de TV, otimizando e poupando gastos em departamentos não ligados à sua atividade principal, que é o jornalismo”.

Segundo ele, com isso, a empresa conseguiu reduzir custos em serviços de engenharia, desenvolvimento e gestão digital, transmissão e exibição de sinal e em outras atividades como captação de imagens, produção de conteúdo, chamadas e vinhetas. “As emissoras internacionais, como a própria CNN, já trabalham assim há vários anos. O modelo de otimização se espalha por outros setores da empresa. Nosso quadro de funcionários está sendo montado aproveitando ao máximo os benefícios da lei de terceirização e da reforma trabalhista”, reforçou Martins.

Na opinião de Doyle, os melhores dias do setor estão por vir. “Para nós, o copo não está metade vazio. Está metade cheio. Vamos lançar o canal num momento muito importante para o Brasil e para o nosso setor. Os melhores dias da TV por assinatura estão por vir, da mesma forma que ofertas comerciais com novas plataformas e tecnologias estão chegando. O conteúdo ainda é o que cativa as audiências. Content is still king. Mas a conveniência é queen!”.

Sobre a forma como enxerga o futuro da mídia, Doyle afirma: “as decisões que tomamos agora vão influenciar o nosso futuro. O futuro de pequenas e grandes empresas. O futuro de centenas de milhares de trabalhadores brasileiros e de milhões de assinantes e usuários. O mercado ganha mais quando está em sintonia, quando focamos nossa atenção para os assinantes
e fãs”.

Porém, ele ressalta que é preciso ser ágil, pois a pirataria continua canibalizando o negócio. “O que prova que TV por assinatura ainda é objeto de desejo. A Lei 12.485, de 2011, levou anos para ser aprovada e apenas em 2018 conseguimos um compromisso maior da Ancine para ajudar no combate à pirataria. Quando falo de sintonia, é união que valorizo. Unir nossos esforços para o bem de todos e, principalmente, dos nossos assinantes atuais e dos futuros. Fico honrado de ter uma oportunidade de trabalhar com uma equipe experiente, motivada, com uma missão bem clara e sob a liderança do Douglas Tavolaro. E o melhor é que continuo aprendendo todo dia, mesmo com tanto tempo de indústria”, finalizou Doyle.

Marcus Vinícius Chisco, VP comercial: “A receptividade não poderia ser melhor”