Nesta terça-feira (7) é comemorado o Dia do Jornalista. A data é uma homenagem da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) ao jornalista Giovanni Líbero Badaró, um dos principais oposicionistas de Dom Pedro, morto a tiros por inimigos políticos em 1830.

A categoria, que vem sofrendo uma escalada de ataques e descrédito nos últimos anos voltou a ganhar força com a pandemia do novo coronavírus.

De acordo com um levantamento da Kantar Ibope Media realizado na segunda quinzena de março, no Brasil, comparando a média de segunda e terça-feira (16 e 17 de março), com a média das outras segundas e terças-feiras do ano, a audiência dos programas jornalísticos cresceu 17%.

A pandemia também deu espaço para uma face mais natural e humanizada dos jornalistas. Na edição do último dia 25, William Bonner e Renata Vasconcellos admitiram o cansaço frente à cobertura da Covid-19. Desde então, os apresentadores do JN tentam parecer mais soltos e tranquilos no fim do noticiário, característica pouco comum ao principal jornal do país.

Além dos números crescentes de audiência, este talvez seja o maior legado da cobertura do novo coronavírus, a reaproximação da categoria jornalística com o público.

A importância do tema é tanta que as pessoas têm deixado de lado as correntes de redes sociais para se informar em canais de notícias. Segundo levantamento da Globo, 82% dos brasileiros procuram informação sobre a Covid-19 ao menos uma vez ao dia. Sendo que 88% confiam na TV aberta para obter informações sobre o tema. Sites e portais são a preferência de 86% da população.

TV paga

Na TV paga o crescimento e a audiência dos programas jornalísticos quase dobrou quando comparados com a média destes programas no mês de março.

A GloboNews divulgou que mais de 18,5 milhões de pessoas passaram pelo canal, que acumulou mais de 290 horas de jornalismo ao vivo dedicadas à cobertura da pandemia. O canal registrou crescimento de 75% de audiência em relação à média do primeiro bimestre do ano.

Já a CNN Brasil, que estreou em meio à crise da Covid-19, também divulgou números significativos. Em seus primeiros 10 dias, entre 16 e 24 de março, a emissora alcançou o primeiro lugar durante mais de dois mil minutos não consecutivos na grande São Paulo.

Impresso e online

Mesmo antes da pandemia, em janeiro, os veículos impressos registraram um aumento na circulação, com destaque para a Folha de S. Paulo, que viu seus números crescerem, se estabelecendo enquanto antagonista do governo federal.

Dados do Instituto Verificador de Comunicação (IVC) dão conta de que houve crescimento na média da circulação de três, dos cinco maiores jornais impressos do País durante o ano de 2019.

A média mensal registrada pela Folha foi de 328.438 exemplares diários pagos, crescimento que representa 6,4% em relação ao ano anterior. Já O Globo, que apareceu em segundo, teve 323.172 exemplares (7,2%), e O Estado de S. Paulo em terceiro com 242.373. O Super notícia teve média de 193.105 (3,1%).

Na época, especialistas ouvidos pelo PROPMARK afirmaram que, apesar de a queda no print nos últimos anos ser expressiva, o setor vem criando oportunidades crossmídia e intensificando ações de branded content como alternativas.

No ambiente digital, dados do UOL demonstram que o site bateu recordes de audiência com a cobertura do novo coronavírus. Em março, o conteúdo produzido pelo site gerou 951 milhões de sessões, superando o recorde anterior, em outubro de 2018, mês das últimas eleições, quando o fluxo de público gerou 777 milhões de sessões.

Apenas no último mês, apontam, o UOL ganhou mais de 323 mil novos seguidores em seus canais no Instagram, um aumento de 19% da base total -110 mil no perfil de UOL Notícias, outros 30 mil em UOL Economia.

Diretor de conteúdo do UOL, Murilo Garavello (Divulgação)

Em seus canais no Youtube também houve aumento de audiência, segundo o site: 93% em visualizações de vídeo e 38% em total de horas assistidas. Os canais do UOL também tiveram crescimento em distribuição de vídeo no Facebook e no Twitter. No primeiro, foram 26 milhões de visualizações, crescimento de 374% em relação a fevereiro. No Twitter foram 4,8 milhões, crescimento de 242%.

Na última semana, a Exame inaugurou sua nova fase após a sua compra pelo BTG Pactual e anunciou três novas frentes de negócios. Além da parte editorial, preveem a Exame Academy, que vai prover cursos que tenham algum impacto na sociedade seguindo a proposição de linha editorial. A Exame Research, que funcionará como uma assessoria e terá recomendação de investimentos com uma série de especialistas. E, por fim, a Exame Experience, que é a vertical de eventos.

Pedro Thompson, CEO da Exame (Divulgação/Zanone Fraissa)

“A Exame hoje não é mais uma empresa editorial. É uma empresa de conteúdo, mas principalmente de tecnologia. O nosso maior contingente em termos de pessoas, depois do editorial, é o time de tecnologia. Temos um time de engenharia de dados, de ciência de dados e o core business da Exame é ser uma empresa de tecnologia e isso não só no sentido de produto, mas do perfil das pessoas, de cultura organizacional, agilidade etc.”, explicou o CEO Pedro Thompson, em entrevista exclusiva ao PROPMARK.

Rádio e podcasts

Em 23 de março, a rádio CBN estreou sua nova programação para 2020. Assim como faz todos os anos entre março e abril, a emissora anunciou o pacote com as principais mudanças em seu horário nobre matinal e, também ao longo do dia.

Segundo Ricardo Gandour, diretor executivo de jornalismo da Rede CBN de Rádios, estes ajustes já estavam programados para irem ao ar nesta data, mas a proliferação do coronavírus, fez adiantar uma das atrações.

Ricardo Gandour, diretor executivo de jornalismo da Rede CBN de Rádios (Divulgação)

Em 2019, a emissora firmou uma parceria com a Amazon para ter conteúdo disponível na Alexa e vem investindo nos podcasts. Além de estar presente em todos os agregadores de conteúdo em áudio e pelo aplicativo, a rede teve de se preparar para a ampliação de alcance com a chegada da Alexa ao Brasil.

“Estamos aumentando o tempo dedicado ao noticiário local em todas as praças. A CBN é um relógio nacional, uma rede com 44 emissoras, que cresceu muito nos últimos anos, quando aumentamos este espaço, damos mais chance para Fortaleza, Vitória, Maringá, Cariri, São Carlos, Araraquara, Campinas, a rede toda”, defende Gandour.

A RBS divulgou comunicado homenageando a todos os jornalistas e falando do desafio do momento. “Nossa atividade nunca foi tão desafiada e, ao mesmo tempo, tão relevante para a sociedade. E só chegamos até aqui porque acreditamos, juntos, nesse propósito. Parabéns pelo Dia do Jornalista”.