Desde que adquiriu a Exame por cerca de R$ 72 milhões em um leilão da Abril em dezembro de 2019, o BTG Pactual vem dando sinais das novidades a serem implementadas na publicação. Nesta quinta-feira (26), além de apresentar sua nova identidade visual, Pedro Thompson, CEO da Exame e Rafael Davini, VP comercial da plataforma de notícias, deram detalhes sobre a nova linha editorial, produtos e planos de mídia.

“A Exame hoje não é mais uma empresa editorial. É uma empresa de conteúdo, mas principalmente de tecnologia. O nosso maior contingente em termos de pessoas, depois do editorial, é o time de tecnologia. Temos um time de engenharia de dados, de ciência de dados e o core business da Exame é ser uma empresa de tecnologia e isso não só no sentido de produto, mas do perfil das pessoas, de cultura organizacional, agilidade etc.”, explica Thompson.

Pedro Thompson, CEO da Exame (Divulgação/Zanone Fraissa)

Davini também aponta as diferenças. “É algo disruptivo, para quem estava acostumado a ver uma revista e um site extensivo, é uma guinada. Estamos fazendo a transformação de uma marca que existe há 52 anos e teve a sorte de ser adquirida por uma companhia que quer transformar”, aponta.

A assunção do BTG, garante Thompson, não deve interferir na linha editorial da nova Exame. “Não terá nenhuma relação do BTG com a linha editorial ou o conteúdo. O investimento do banco é dos sócios, e tem como base dois objetivos: econômico, é uma empresa com fins lucrativos e o segundo é uma questão de impacto social”, diz.

Novos produtos

De acordo com Thompson, a nova Exame está dividida em quatro unidades de negócio: a editorial, que contempla a parte de jornalismo e outras três, chamadas de Exame Academy, Exame Research e Exame Experience.

“A principal delas continua a ser o bom jornalismo, obviamente que estamos mudando muita coisa no sentido de experiência, com um site mais responsivo e principalmente um conteúdo que transmita sabedoria prática e não conteúdo demasiadamente filosófico ou intelectualizado, mas conteúdo prático de coisas que estão acontecendo em nossa rotina. Vamos falar muito de empreendedorismo, tecnologia, gestão, de negócios, carreira, lifestyle e macroeconomia. Esse é o core da companhia”, aponta Thompson.

Ainda segundo o executivo, eles devem “rechear” a parte de mídia com alguns produtos: ExameIn (conteúdo 100% editorial), Exame Talks (série de talkshows audiovisuais) e podcasts.

Já a Exame Academy vai prover cursos que tenham algum impacto na sociedade seguindo a proposição de linha editorial. A Exame Research funcionará como uma assessoria e terá recomendação de investimentos com uma série de especialistas. Por fim, a Exame Experience, que é a vertical de eventos. Eles seguirão com o prêmio Melhores e Maiores, fóruns de negócios e macroeconomia, e entrega de eventos aos clientes dentro da nova estratégia comercial.

Comercial

Segundo Davini, o mercado pode esperar algo disruptivo “do ponto de vista de uma marca que tinha canais extensivos e que passa a ser uma plataforma de notícias, educação, relatórios e pesquisa, com muitos dados, eventos como maiores e melhores e outros que virão sob demanda.”

O desafio comercial, segundo o executivo, é mostrar para o mercado essa mudança. “Temos condições de atender as mais variadas demandas e necessidades de cada um de conectar suas marcas com uma audiência que quer e necessita de informação de economia e negócios, um público altamente exigente e ávido por esse tipo de informação”, aponta.

Os pacotes comerciais, defende, serão “altamente customizados, cada vez mais voltados à construção de conteúdo, que é o que somos especialistas, mas, mais do que isso, pretendemos construir a narrativa para as marcas conversarem com esse público que conhecemos tão bem”.

Além disso, também devem investir mais em projetos de branded content. “A revista ultimamente tem executado esse branded mais do que qualquer coisa. Se vê muito pouco páginas simples de revista. Construção de conteúdo para as marcas com esse público que a gente já conhecia e vai conhecer cada vez mais, com o digital, que é ‘mobile first’, ‘always on’, com matérias e de várias editorias, que podem passar de 40 matérias diárias no portal, no app – que até meados de abril, começo de maio deve estar no ar -, um app completamente modificado. O site que passou por uma modificação completa, não só a revista”, aponta Davini.

Formatos

Além da nova identidade visual, a Exame também mudou sua versão impressa, que permanece com distribuição quinzenal. Agora, a revista tem lombada quadrada e capa dura.

“Achamos que mais do que simplesmente uma unidade de negócio, é uma questão aspiracional, está na rotina de dezenas de milhares de pessoas receber sua Exame quinzenal em casa e vamos continuar com isso. O nosso objetivo é melhorar ainda mais o produto”, defende Thompson.

Para isso, mantiveram a equipe que já estava na Abril e promoveram mudanças na liderança. “Hoje o editor-chefe é o Lucas Amorim, que é cria da Exame e tem 13 anos de casa. É um sujeito com viés empreendedor de tecnologia, de furo. É o nome correto para tocar esse projeto”, declara.  

Segundo Davini, a versão impressa terá menos matérias, muito gráfico, diagramação mais clean, moderna e mais dinâmica “para não brigar com o editorial”.

Já site e app passam a ser o foco do negócio. “Aparecem com navegação bastante simples e intuitiva, responsiva, com bastante inteligência, você acessa e os cards levam aos temas que você acessa com mais frequência. É absolutamente disruptivo em relação ao que existia, e onde temos bastante ambição de crescer, sem impactar nos leitores das revistas”, conclui.