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O apresentador Dony De Nuccio, do Jornal Hoje, pediu demissão da Rede Globo nesta quinta-feira (1). O desligamento aconteceu após a revelação de que o jornalista mantinha, em sigilo da direção da emissora, um contrato com o Bradesco para a produção de vídeos de treinamentos de funcionários do banco por meio da Prime Talk, agência de comunicação em que é sócio.

A emissora entendeu que não houve má-fé do jornalista, mas o repreendeu por violar suas normas editoriais. No entanto, De Nuccio enviou um extenso e-mail ao diretor geral de jornalismo da Globo, Ali Kamel, dizendo que “não tinha conhecimento de que os tipos de serviços prestados pela empresa à qual estava ligado contrariavam normas da Globo”.

O e-mail divulgado na íntegra pela emissora aponta ainda que o jornalista diz ter solicitado o afastamento do telejornalismo e que “o faço com o espírito leve e a consciência tranquila, porque jamais ajo de má fé. Jamais tive o intuito de burlar regras ou obter benefício que julgasse incompatível com as funções que ocupava na emissora (isso sim, seria incompatível com a minha história pessoal). Trabalhei, duro e dobrado, para complementar a renda, fora do horário da Globo, e dentro dos limites que ao meu ver eram compatíveis e aceitáveis. Se errei, não foi com dolo, e humildemente peço desculpas”.

Kamel agradece a “carta honesta e transparente” de De Nuccio e aceita o pedido de demissão “com pesar mas, assim como você e pelas razões que você aponta, com a certeza de que é o melhor caminho a seguir. Entendo que é absolutamente sincero quando afirma que não agiu com dolo, e esta carta é uma prova eloquente disto. Nossa longa conversa de hoje cedo permitiu que eu entendesse as suas motivações e você entendesse as razões da Globo. Agradeço os anos em que trabalhou na Globo, que você descreveu tão bem. E o seu empenho e a sua dedicação. Um abraço e sorte na sua nova trajetória”.

Revisão de regras

A Globo afirmou, por meio de um comunicado, que “foi procurada por alguns de seus jornalistas que relataram que foram contratados por terceiros para participação em eventos institucionais gravados em vídeo, mas sempre com proibição expressa de que as imagens fossem veiculadas ao público externo ou a clientes”.

“Em alguns casos, a participação se deu com autorização da Globo por não ferir as políticas atuais da empresa. Em outros casos, a participação foi inadequada, mas sem má-fé. Todos informaram que não possuem empresas prestadoras de serviços de marketing, assessoria de imprensa ou de projetos de comunicação empresarial. A Globo, ciente agora de que persistem em algumas dúvidas sobre como agir diante de convites, informou que em breve um comunicado reiterará o que é proibido e o que não é, em detalhes, levando em conta a era digital em que vivemos”.