A pandemia da Covid-19 e seus impactos econômicos trouxeram reflexos no mercado editorial. A Editora Três entrou com um novo pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça de São Paulo na última sexta-feira (24), segundo o site Consultor Jurídico. A informação também foi confirmada pelo PROPMARK.

No documento, a Editora Três salienta o crescente interesse dos leitores pela mídia digital em detrimento da impressa e de seus esforços na readequação do modelo de negócios. A companhia reforça ainda que emprega 90 trabalhadores diretos, além de mais de 350 indiretos. A decisão pelo pedido de recuperação judicial se dá com base na queda de arrecadação com publicidade no período em que o novo coronavírus se alastrou mundo afora.

Segundo apuração do PROPMARK, há alguns meses a companhia tem atrasado salários e pagamentos a seus fornecedores.

Editora Três é responsável por publicações como IstoÉ e Dinheiro Rural

Esta é a segunda vez que a companhia entra em processo de recuperação judicial.  A primeira foi em 2008. A empresa alegou ter se recuperado em 2016, mas agora vive novamente cenário econômico comprometido. “Nesses 12 (doze) anos que se passaram desde o ajuizamento do primeiro pedido de recuperação judicial, uma nova crise setorial atingiu severamente o segmento editorial , em especial o de mídia impressa, o que drasticamente coincidiu com a pior década econômica já vista na história do país”, destacou a companhia no documento enviado à justiça.

O grupo atua há quase 50 anos no mercado editorial e é detentor de títulos como IstoÉ, IstoÉ Dinheiro, Dinheiro Rural, Motor Show, Planeta e Menu. Vale lembrar que a IstoÉ é uma das publicações semanais mais longevas do Brasil, com data de fundação de 1976. O histórico do título não impediu que as receitas com publicidade caíssem, como a companhia destacou no documento.

“É notório que um dos primeiros cortes promovido pelas empresas que experimentam um período de recessão, como vivenciado nos últimos 05 anos aqui no Brasil, é justamente a verba publicitária. Isto fez com que uma vasta gama de tradicionais anunciantes passassem, senão a eliminar integralmente os investimentos nesse setor, então a reduzir drasticamente os valores canalizados na publicidade”.

A recuperação judicial teria o propósito de “alcançar a equalização do passivo advindo da nova crise, lograr o soerguimento da atividade empresarial e, concomitantemente, viabilizar a implantação de um novo modelo de negócio”. Esse projeto seria baseado majoritariamente no digital.

A reportagem procurou Maurício Arbex, diretor comercial da Editora Três, bem como Caco Alzugaray, CEO da companhia, para mais detalhes sobre o projeto, mas ambos não responderam até o fechamento desta publicação.