Em meio a tantas redes sociais e plataformas diferentes, é desafiador para o jornalismo escolher em quais vale a pena estar. Para o The New York Times, considerado por muitos o maior jornal do mundo, a estratégia envolve uma análise profunda para saber se o esforço vale a pena, conforme explicou Anna Dubenko, editora de estratégia off-platform do jornal, durante palestra na última terça-feira (12) no Digital Media Latam 2019.

Um dos principais pontos mencionados pela profissional foi que “todos os os editores olham para dados”, e isso ajuda a escolher qual plataforma estar. Mas é preciso adaptar conteúdos. Um recente artigo do periódico sobre os tweets do presidente Trump se transformou em um post de rápida assimilação para Instagram. “Sabíamos que teria muito impacto. A questão: como queríamos que essa história caminhasse pelas plataformas”, comenta.

No site:

No Instagram:

“Não é uma peça linda de fotojornalismo. Mas é tão impactante que esse post foi o segundo de maior alcance em nosso perfil”, explica Anna.

O jornal explica que sempre há o objetivo de converter assinantes. No Apple News, por exemplo, o jornal coloca duas notícias para dar um aperitivo de seu conteúdo aos usuários da plataforma de notícias da empresa da maçã. Assim, busca provocar os leitores para que assinem o jornal e consigam acessar toda a produção jornalística.

Anna Dubenko (Reprodução/WAN-IFRA)

Outro ponto mencionado por Anna é que mesmo que o jornal não tenha presença na plataforma, é importante que os repórteres saibam se promover. A repórter Taylor Lorenz assinou uma matéria sobre TikTok e promoveu o conteúdo na plataforma.

“Sempre me perguntam se vamos entrar no TikTok. Não, não por agora”, diz Anna, ressaltando que, por enquanto, é muito mais válido e “autêntico” que interações como a de Taylor ocorram.

“Quando avalio uma plataforma eu me pergunto: é um ambiente de notícias de qualidade? O público ficará confuso com a presença do The New York Times? Temos confianças nos editores daquela plataforma (quando se trata de um ambiente controlado, como Flipboard ou Apple News)? Tudo para que nossa integridade jornalística não sofra”, explica.

Além disso, o time do NYT se pergunta se é possível alcançar audiências valiosas que não conseguiriam atingir por meio da homepage. Outro ponto são os dados. Uma pergunta que Anna sempre se faz é: “essa plataforma nos dá a data que prova que estamos alcançando esta audiência que queremos?”. Se a resposta é negativa, o jornal discute se o esforço vale a pena.