Na semana passada, a Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda) reuniu os Sinapros (Sindicatos das Agências de Propaganda) para seu último encontro do ano. Foi a oportunidade de repassar as principais atividades do ano e pensar no futuro. Tudo focado nas agências de propaganda, que são a razão da existência dessas instituições. Os destaques do encontro foram as apresentações de resultados da primeira pesquisa nacional de perfil das agências de propaganda (realizada em 14 mercados) e do Design Thinking Propaganda, processo de brainstorming realizado em quatro sessões regionais, em São Paulo, Rio de Janeiro, Norte/Nordeste e Minas Gerais. O resultado desses estudos teve ampla cobertura deste jornal e não descerei a detalhes.
O que eu gostaria de enfatizar é o poder – muitas vezes subestimado – da união das pessoas em torno de objetivos comuns. Independentemente do resultado do Design Thinking Propaganda, o simples fato de dezenas de publicitários dedicarem um dia e meio exclusivamente para uma reflexão conjunta sobre seus problemas comuns e tentarem chegar juntos a conclusões que os ajudem a perseguir a sustentabilidade dos seus negócios foi algo elogiado por todos. Parece incrível, mas todos foram enfáticos em afirmar que a categoria, embora seja caracterizada pela criatividade e a comunicação, se reúne pouco.
E nunca foi tão importante a união, a colaboração e o compartilhamento de anseios e preocupações. Perante um quadro macroeconômico e político para lá de complicado, mais do que nunca, o momento é de união. União de esforços, de luta por propósitos e de defesa da categoria.
Até cinco meses atrás, eu era presidente do capítulo brasileiro de uma associação internacional, a MPI (Meeting Professionals International), e o mote da instituição é “When we meet, we change the world”. Nada mais verdadeiro: quando nos reunimos, nós mudamos o mundo. E nós nos esquecemos disso. O dia a dia nos consome e nos exige em tempo integral e o momento de reflexão parece “perfumaria”. Ledo engano! A pausa para reflexão, principalmente em conjunto, é riquíssima e gera resultados sensíveis.
Numa dessas reuniões, feita numa agência tocada com competência por um dos ícones da propaganda brasileira – vá lá, vamos dar os nomes: refiro-me à Full Jazz, de Christina Carvalho Pinto –, todos ouvimos uma música que ecoa pela agência e somos convidados a ficar em silêncio por um minuto. Isso acontece toda hora. Você poderá pensar que é apenas uma jogada de diferenciação. Não é não! Quem conhece a Christina sabe dos seus hábitos autênticos. Pois é… esse é apenas um exemplo para enfatizar a importância dos momentos de reflexão e, principalmente, de união.
Precisamos, mais do que nunca, nos descolar do baixo-astral que assola o país e criar mecanismos para sobreviver e sairmos mais fortes depois que a tormenta passar. E ela vai passar. Elas sempre passam. Este artigo, portanto, é uma convocação geral. Por coincidência, hoje, eu faço parte de uma instituição dedicada a uma categoria, mas, se eu fosse você, eu encarava os encontros com os seus pares como uma atividade estratégica, vital para seus negócios.
Se ainda não participa de um grupo, junte-se a um ou forme um novo. Veja as associações e as instituições representativas de um segmento como catalizadoras de um processo de união. Não tente resolver tudo sozinho. Estamos em plena era da colaboração. E isso não é só falácia. Acredite nisso! Você vai se surpreender. Puxando a brasa para a nossa sardinha, se você toca uma agência, procure se engajar nas ações do Sinapro, da Fenapro, das associações que gravitam em torno da nossa atividade. “Roubando” o slogan da MPI: quando a gente se reúne, a gente muda o mundo!
Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências de Propaganda)