O pico de aproximadamente 3,7 milhões de unidades produzidas pela indústria automobilística em 2013 não será possível em 2016, quando o setor deverá anotar um volume de 2,1 milhões de carros saídos das linhas de montagem da Renault, Fiat, Volkswagen, Ford, Chevrolet, Nissan, Toyota e Honda, por exemplo. Mas o enxugamento de cerca de 17% do trade não teve reflexo no tamanho da 29ª edição do Salão do Automóvel deste ano, que terminou no último dia 20, e marcou a mudança do Anhembi para o São Paulo Expo, que tem 90 mil metros quadrados de área, cinco mil a mais do que o antigo espaço. 700 mil pessoas compareceram ao evento. As agências de marketing promocional investiram em cenografia high tech, tecnologia e realidade virtual nos stands. A AktuellMix usou crash test e VR para ativar as marcas Lexus e Toyota no stand de 1,9 mil metros quadrados, dividido em sete áreas temáticas. No “Crash test”, explica o CEO Rodrigo Rivelino, “as pessoas utilizaram um equipamento que proporcionou o efeito de VR e tiveram acesso a um conteúdo explicativo sobre segurança.
Ao final, vivenciaram uma experiência virtual para perceber a importância de itens de segurança como air bag, essencial na decisão de compra”. Rivelino disse ainda que foi instalada uma estação de game em que as pessoas dirigiam um carro com o desafio de acelerar e frear, e entender como funciona a energia nesse tipo de automóvel. “Com esses movimentos, a máquina gera energia para carregar celulares em um totem”.
Para promover os motores TSI da Volkswagen, a The Group desenvolveu um aplicativo que une inteligência digital a uma tatuagem removível, por meio de smartphone que direciona o usuário a uma apresentação sobre o produto. “O app TSIVW fazia a leitura de uma tatuagem removível, que contém o símbolo da adrenalina e o nome TSI. Depois de a tatuagem ser aplicada na pele, a inteligência do app pedia que a pessoa tirasse uma foto da imagem no smartphone e, a partir dessa leitura, fosse direcionada a mais informações e detalhes do motor com um conteúdo de vídeos. A ação uniu o offline e o online, proporcionando uma experiência digitalive”, disse Fernando Guntovitch, CEO da The Group.
Outro diferencial que a The Group desenvolveu para a Volkswagen foi o Virtual Experience, em que, além da cobertura por meio de plataforma digital, era possível ficar por dentro das ativações do espaço e conferir postagens de quem compartilhava fotos e vídeos com a #vwevc. “O site contou também com catálogo online com os lançamentos da marca, entre eles o UP! Track e a nova Amarok, além de uma ficha técnica detalhada com os atributos dos carros, como potência, toque e aceleração. A plataforma tinha vídeos explicando a inovação que a marca trabalha por meio da robustez e tecnologia em seus produtos”, acrescenta o executivo da The Group.
A Vetor Zero ajudou a Volkswagen nos projetos de realidade virtual e realidade aumentada no ambiente Virtual Experience. Segundo o produtor-executivo Alberto Lopes, a montadora foi o primeiro cliente a apostar na divisão Lab da produtora. “O resultado, depois de um ano de trabalho, foram quatro projetos de VR e AR. São experiências interativas, imersivas e gameficadas com alta qualidade de imagens e processamento, um equilíbrio que só poderia sair de uma casa com domínio absoluto de animação e processos 3D”, afirmou Lopes.
A Netza cuidou dos stands da Ford (visitantes poderiam experimentar as tecnologias embarcadas nos automóveis da marca de forma lúdica), Mercedes-Benz (tecnologia premium para registrar o público no stand e gerar residual diferenciado para as redes sociais, além de uma ativação na internet, que envolve fotografia 360 graus) e Honda (conteúdos da brandzone). “O projeto da Honda, possivelmente, é o único que foi inteiramente desenvolvido por uma agência e não por montadoras ou nacionalização de projeto arquitetônico: desenho da cenografia, implantação dos espaços, conteúdos e interações, tudo foi desenvolvido pela Netza. O brandzone foi uma área do stand onde o público fazia uma imersão interativa em tecnologia, inovação da marca e ativação para o lançamento global, o WR-V. A grande maioria das marcas escolheu tecnologias interativas para gerar experiência. Já que as marcas têm entendido o Salão do Automóvel como vitrine de conceitos e posicionamentos, nada melhor do que usar a interatividade, que coloca o usuário como agente central da experiência”, diz Fabiana Schaeffer, sócia-diretora da agência.
Luiz Arruda, presidente da Avantgard, agência que tem escritórios em 11 países, organizou o espaço da Porsche, que exigiu um ano de trabalho, uma equipe de 20 pessoas e participação ativa do diretor de marketing Flavio Miamoto. Além do receptivo com champagne Perrier Jouet, painéis gigantes de Led com resolução ultra HD ambientavam a área. Porém, o diretor da Avantgard faz ressalta ao excesso de tecnologia.
“O que mais foi visto no Salão foi a realidade virtual. Praticamente todas as marcas trouxeram essa tecnologia para seus estandes. No entanto, acredito que essa constatação tem de fazer com que as agências de live marketing acionem o sinal de alerta, já que, na maioria dos casos, o VR faz com que ela seja a grande vitrine e assim, as marcas ficam em segundo plano. É verdade que a realidade virtual atrai o público para o stand, mas também é verdade que, se utilizado de maneira incorreta, faz com que os visitantes saiam apaixonados pela experiência com a realidade virtual e não pela marca”, ponderou Arruda.
A Neogama assinou o Studio Renault no Salão, um hub digital com participação de influencers digitais para a propagação de vídeos no YouTube criados em real time. “A blogueira de moda Camila Coutinho teve como foco o novo SUV Captur, em conjunto com o artista plástico Speto; Leo Stronda, no Duster; Nah Cardoso, no Sandero Vibe; o ilusionista Pyong Lee, no Sandero Stepway; Julio Coccielo, que tem mais de 10 milhões de seguidores no seu canal, dedicou mais atenção ao novo modelo Kwid; o pessoal do Top Speed abordou o tema Fórmula 1 e carros de competição, enquanto o canal Manual do Mundo falou sobre os novos motores da Renault e os carros elétricos da marca. O Marcelo Tas também participou da ação, apresentando o filme Redescubra a Renault e conduzindo entrevistas com celebridades”, relatou Alexandre Gama, presidente e diretor-geral de criação da agência.