Nas últimas semanas, a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da República) começou a veicular uma campanha intitulada “Somos Todos Brasil”, que visa estimular o espírito olímpico do país para a Rio 2016. Uma recomendação, no entanto, encaminhada pelo Ministério Público Federal à Secom, pede a imediata suspensão da campanha, que foi criada pela agência nova/sb, Leo Burnett e Propeg de forma colaborativa.
O pedido foi realizado pela Procuradoria da República em Goiás, afirmando que a campanha se presta a desinformar os brasileiros sobre a ‘verdade’ pela qual passa o Brasil. O pedido também afirma que há estímulo do “inconsciente coletivo” favorável à realização dos Jogos Olímpicos e à presidente Dilma Rousseff.
O procurador Ailton Benedito de Souza afirma, em um documento de 27 páginas, que a campanha não pode ser qualificada como publicidade institucional nos moldes previstos na Constituição. De acordo com ele, a propaganda tem sido veiculada com caráter político-ideológico patrimonialista.
Ele explica que o objetivo é estimular sentimentos favoráveis à presidente e ao seu governo, em um momento em que estão fragilizados politicamente e enfrentando alta rejeição social. Os filmes sobre os Jogos Olímpicos do Rio passam a ideia de que o Brasil é capaz de se unir em torno de um projeto, apesar de suas divergências.
O procurador deu dez dias para que a Secom suspenda a campanha, a partir do recebimento da recomendação, proposta no dia 12 de janeiro e que tem caráter extrajudicial. Caso isso não ocorra, ele não descarta mover uma ação na Justiça Federal para barrar a veiculação das peças.
Além disso, Souza afirma que a campanha traz desinformação ao dar a entender que o evento, que acontece daqui a sete meses, tem ocorrido ‘perfeitamente’. O tom usado pelo governo, segundo a opinião do procurador, é “ufanista, patriótico, nacionalista e cívico”. Ele ainda menciona que a presidente Dilma Rousseff gastou R$ 9 bilhões em publicidade no seu primeiro mandato, e que só em 2015, foram R$ 500 milhões.
Procuradas pelo PROPMARK, a Leo Burnnet, a Propeg e a nova/sb ainda não se manifestaram sobre o assunto. Já a Secom disse que não vai se pronunciar a respeito.
Com informações de O Estado de S. Paulo