Alê Oliveira

O  Brasil deve muito pouco às suas autoridades de governo, por ocupar o 8º lugar no ranking econômico mundial. Essa invejável posição, apesar dos nossos enormes percalços, é mais fruto do esforço do seu povo empreendedor, ordeiro e trabalhador, do que da nossa classe política, que, a cada crise que o país atravessa, mostra a sua verdadeira face.

Acabamos de ver no último round (espera-se) do episódio do impeachment da presidente da República Dilma Rousseff, a velhacaria imperando através de importantes lideranças, a começar pelo presidente do STF, a quem coube presidir as sessões do processo no Senado e passando pelo próprio presidente da chamada Câmara Alta, ambos concordando em “chicanar” a Constituição Federal, validando o fatiamento do parágrafo único do Art. 52 da mesma, que não deixa margem em sua redação cristalina a dúbias interpretações.

Além da desobediência ao texto constitucional, assassinaram o idioma, separando uma frase completa como se duas fossem, independentes entre si.

Cada qual agiu, ao concordar, com interesses diversos. O primeiro, objeto constante de desconfiança da opinião pública nacional quando julga algo relativo ao PT e seus políticos, no mínimo concordando com o fatiamento para beneficiar a presidente então já claramente impedida. Com a decisão, ela pode a qualquer momento ser nomeada para secretariar uma pasta de qualquer governo estadual ocupado pelo seu partido, escapando assim de qualquer julgamento em Primeira Instância (leia-se Sergio Moro).

O segundo, o presidente do Senado, muito provavelmente para livrar Eduardo Cunha da mesma penalidade da qual Dilma foi eximida, devido à nova jurisprudência ora criada. E neste balaio poderão caber outros políticos que estão sob processo judicial e certamente serão condenados, porém sem perderem seus direitos políticos, o que permitirá que retornem rapidamente à cena dos seus crimes, com a benevolência dos votos de eleitores infelizmente pouco esclarecidos.

Há ainda outra consequência ruim nesse fatiamento (tecnicamente chamado de destaque, incluiríamos o adjetivo negativo), já em curso: a provocação de diversas ações das mais diversas origens, já entradas no STF, que levarão muito tempo para serem julgadas, deixando mais uma vez o país em suspense quanto ao seu desiderato.

Em governos passados, de antes e pouco depois da metade do século 20, quando o Brasil ainda era um país essencialmente agrícola, dizia-se que “Ou o país acaba com a saúva ou a saúva acaba com o país”.

Parafraseando a sentença que não se confirmou devido ao avanço da ciência no fabrico de formicidas e afins, o momento é de se pensar que o Brasil ou acaba com a sua atual estrutura política, promovendo uma mudança para valer, que se adapte aos novos tempos, ou essa atual estrutura acabará com o Brasil, seja lá com o governo que for.

 

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Os brasileiros de bem não podem deter a sua luta pela imposição da moralidade na administração da coisa pública.

Um dos capítulos dessa luta intensa refere-se à absurda situação de os integrantes do STF serem nomeados pela Presidência da República, passando por uma sabatina para inglês ver perante o Congresso Nacional.

Os próximos juristas a integrarem a mais Alta Corte do país têm de sair do próprio Judiciário, em escolha pelos seus pares (mal comparando, como a secular Igreja Católica escolhe os seus papas).

Não tem isenção perante quem o escolhe para tão honroso cargo o cidadão que é investido por esse critério atual na Alta Corte. Por mais sério que possa ser, o que não tem sido o caso nos últimos tempos, sempre ficará uma dívida de gratidão quando terá de julgar quem ou os que o escolheram.

Simples assim. Estamos vendo a repetição desse conluio maldito nos últimos julgamentos de grande interesse nacional, causando indignação e revolta junto à opinião pública. Uma das mudanças do país tem obrigatoriamente de começar por aí, para que os Três Poderes sejam realmente independentes entre si. Ou alguém acha que foi simples coincidência o atual presidente do Supremo presidir o julgamento do impeachment? Quem joga bem xadrez pode responder melhor.

 

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Os vencedores brasileiros do Fiap/16 receberam seus prêmios em cerimônia realizada na ESPM/SP, no último dia 31. Daniel Marcet, diretor-geral do festival, enalteceu a participação sempre vitoriosa do nosso país, que tem se consagrado nos diversos festivais internacionais em que seus anunciantes e/ou agências inscrevem seus melhores trabalhos.

O destaque da cerimônia ficou para a Miami Ad School, da ESPM, por ter, pela quinta vez consecutiva, sido eleita a melhor escola de propaganda de todos os países que concorreram no Fiap/16.

 

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Será lançado, no início do próximo mês, livro do jornalista Carlos Maranhão, que contará a história de vida do saudoso Roberto Civita, que presidiu o Grupo Abril por mais de duas décadas.

O título provisório da obra, que pode ser o definitivo, é O bom de banca, com o biografado em foto escolhida nos arquivos da Abril, com um exemplar de Veja dobrado em um dos seus bolsos do paletó.

 

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O UOL comemorou na semana passada 20 anos de atividades ininterruptas e crescentes, oferecendo recepção no Rooftop, do Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, a 500 convidados especiais do mercado. Foi na noite de 30/8.

 

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Palmas para a sobrecapa promocional nos jornais do último dia 2, do lançamento da segunda temporada de Narcos, série original da Netflix, com todos episódios disponíveis para o público.

Nenhuma novidade no aproveitamento desse tipo de mídia impressa, mas muito bem criada e produzida desta feita, valorizando o poder de informação dos jornais.

Muitos leitores, logo cedo, iniciaram a leitura acreditando que Pablo Escobar ainda estaria vivo. E aprontando das suas.

Armando Ferrentini é diretor-presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda