Não obstante toda a discriminação, preconceitos, atitudes e menções reducionistas, as mulheres são mais fortes e resistentes que os homens, e, portanto, têm uma expectativa de vida significativamente maior. É da natureza. São mais fortes por uma questão de gênese.

No Brasil, no ano passado, enquanto na média a expectativa de vida era de 76 anos e dois meses, essa conquista tem mais a ver com as mulheres, com expectativa de vida de 79 anos e alguns meses, do que com os homens, 72 anos e alguns meses. Sete anos de diferença. Agora, no entanto, uma nova revelação exponencia essa verdade e demonstra, de forma cabal, que a mulher biologicamente, muito provavelmente pela exclusividade da concepção, é mais forte e resistente que o homem.

E que fato é esse? Um grande levantamento publicado na revista médico-científica The Lancet meses atrás, que vasculhou 11,5 milhões de artigos com a utilização da inteligência artificial no período entre 1980 e 2016, mais que constatar, comprovou que dois terços de todas as pesquisas voltavam-se e tinham como base a utilização de células masculinas.

Pior ainda, além de comprovar a maior resistência da mulher pelo fato de merecer menor atenção da comunidade científica, ainda traduz, inclusive na medicina e saúde, o preconceito, o machismo.

Conclusão do levantamento. Se existisse igualdade e equivalência de sexos, nas pesquisas, muito provavelmente, a diferença na longevidade entre homens e mulheres seria maior. Mais grave ainda, em todos os remédios retirados do mercado nos Estados Unidos, por exemplo, e por determinação do FDA, a razão prevalecente era o prejuízo que causavam à saúde das mulheres. Pela razão óbvia de que os processos de pesquisa consideraram, nesses medicamentos, e de forma preponderante, sua ação nos homens e não nas mulheres. Simplesmente lamentável!

E para finalizar o assunto, tema e baixaria, sempre convivemos com uma suposta verdade de que as mulheres são mais frágeis e menos resistentes a dor do que os homens. E, na aparência são, porque verbalizam, sinalizam e falam da dor que sentem. Já os homens, condicionados a revelarem uma postura mais durona, falam menos.

E daí, como é que se faz para tirar essa dúvida? Trabalhos realizados pela Sociedade Brasileira para Estudo da Dor decifraram. Em vez de perguntar e referenciar-se exclusivamente na manifestação de homens e mulheres, mergulhou em como se comportam diante da dor. E… não deu outra.

Nas estatísticas dos pós-operatórios, e dores decorrentes, as mulheres reclamavam mais, porém… Quem tomavam e tomam analgésicos e opioides eram e são os homens… E daí… E daí que tem mais… Calma, ainda não acabou a patifaria… Até nas pesquisas com animais como cobaias, a maior quantidade de cobaias foi e continua sendo de machos…

Se durante milênios tudo no mundo foi assim, e só depois de 1949, com o livro O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir, começou-se a conversar sobre preconceitos, discriminações e diferenças, não era possível que esse comportamento não se fizesse presente, também, nas pesquisas, na medicina e na saúde. Se não fosse assim, as mulheres, na média, talvez vivessem outros 10 anos a mais que os homens… E não apenas, sete a mais…

Roubaram feio no jogo… Ou melhor, nas pesquisas!

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)