A AMP, empresa especializada em identidade musical, lançou a plataforma On Air, que é um software focado em music branding com objetivo de fortalecer a identidade musical das marcas. O novo sistema conta com um administrador online, gerenciado pelos curadores da AMP, onde são criadas as playlists.

A partir do mesmo sistema, eles podem visualizar as estatísticas de acompanhamento em tempo real. O software trabalha em parceria com a Amazon. Alessandro de Paula, sócio-fundador e curador da AMP, explica que a principal característica dessa plataforma de mídia branding é poder funcionar mesmo offline. “Pensamos nisso, visto que a internet no Brasil oscila bastante.”

O executivo também ressalta que a cultura de utilizar a música na comunicação está se intensificando cada vez mais no país. “Aqui no Brasil, os empresários estão reconhecendo que a estratégia musical é um importante passo para o sucesso”, afirma, exemplificando com dois cases da empresa, para Harley-Davidson e Mini Cooper. “Fomos bem minuciosos em relação ao conteúdo musical para essas marcas”, diz.

Para Alessandro, a música aumenta o grau de percepção das marcas junto aos consumidores. “Temos fatores racionais e emocionais, e os emocionais acabam se sobrepondo. É onde se encontra a música.”

Essa modalidade, chamada por muitos de marketing sensorial, surgiu na Inglaterra para estimular os sentidos dos consumidores, usando, além da audição, olfato, visão, paladar e tato. Já uma pesquisa da GMR, agência de marketing musical, entrevistou 500 pessoas para identificar o que sentem mais falta por uma semana: música, sexo ou cerveja. Um número expressivo, 75%, apontou a primeira opção. Outro estudo, da Nielsen, aponta que é possível lembrar-se de duas propagandas ao dia, sendo que 84% das pessoas estão abertas a marcas que enriquecem experiências de um produto por meio da música em downloads, eventos ao vivo, festivais e ambientes. “Porém, embora seja importante, a música deve desaparecer no ambiente, transmitindo sutilmente ao consumidor estímulos sensoriais, sem distraí-lo”, ressalta Alessandro.

Construção

Uma das grandes especialistas em sound branding do país, Zanna Lopes, diretora de criação da Zanna Sound, diz ter a nítida sensação de que em 2014 o mercado acordou para esse tipo de marketing. “Nós tivemos uma grande procura por parte dos anunciantes. Eles perceberam que ter uma identidade sonora não é supérfluo”, afirma.

Zanna também se utilizou da palavra “estímulo” para justificar o crescimento do sound branding. “Em um mundo de tantos estímulos, as marcas estão entendendo a importância de ter uma assinatura sonora”, conta. A Zanna Sound foi a responsável por criar assinaturas sonoras para grandes marcas, como Vivo – a mais recente. Também estão no portfólio da empresa clientes como o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, o metrô do Rio de Janeiro, Pontofrio, entre outros.

Já o produtor Apollo Nove, da A9 Áudio, afirmou que o mercado é grande, mas existe uma falta de compreensão por parte dos clientes, e até de algumas agências, com relação à abrangência de possibilidades, da eficiência e dos pré-requisitos do bom audio branding. Parceiro do músico e compositor Marcelo Yuka, ex-baterista da banda O Rappa, Apollo também acredita que as marcas estão se rendendo ao music branding. “Mas nem sempre de maneira correta. É como na ecologia: você procura aliviar a própria consciência, mas pode, na prática, passar longe de um resultado eficiente, desejado e possível”, alerta.