1. Conforme o propmark deu em nossa última edição, com chamada de capa, algumas grandes empresas mundiais, como Procter & Gamble e Mondelez, anunciaram o alongamento dos prazos de pagamentos a agências, veículos e fornecedores do mercado publicitário para até 120 dias fora o mês da prestação dos serviços.
Embora possamos compreender a delicadeza da contestação dessa medida pelos atingidos, é necessário que se diga um sonoro não! a essa absurda pretensão.
As empresas diretamente envolvidas devem acionar as suas entidades de classe, para que haja um movimento classista de combate a essa medida de insensatez financeira, que tende a colocar de joelhos seus fornecedores do trade.
A economia mundial está vitimando quase todos os setores de atividades, que por isso mesmo não podem e não devem transferir aos seus parceiros tradicionais os seus graves problemas.
Os bancos estão aí para serem acionados pelos grandes conglomerados, cujos responsáveis devem deixar um pouco de lado os ebitdas e os bônus e pensar mais na salvação do mercado.
Todos sabemos que as crises são passageiras. Quem já viveu o suficiente, viveu crises piores que a atual, cujos profetas preconizavam o fim dos tempos.
Uma a uma, elas foram sendo superadas e substituídas por novas primas, que seguiram o mesmo ciclo, algumas delas com consequências desastrosas para a humanidade, como as guerras mundiais, onde a sede da expansão e manutenção do poder sobrepôs-se ao start meramente financeiro das mesmas.
Sempre haverá uma solução, quando se quer uma solução. Mas o que esses gigantes do mercado mundial pretendem é meramente diminuir os efeitos da crise mundial sobrecarregando seus parceiros de trabalho.
Repetem em grau infinito a historinha infantil do menino tido como esperto, que carregava, junto com outro mais centrado, uma lata de areia apoiada no centro de uma vara da qual ambos dividiam as pontas.
O esperto erguia cada vez mais a sua ponta, para que a lata pendesse cada vez mais para o lado oposto, até que o seu parceiro desistisse da tarefa por não aguentar mais o peso.
Se é isso que desejam – e nisso não acreditamos –, que levem avante a genial ideia do alongamento dos prazos. Evidentemente, quem a teve já é candidato ao Nobel de Economia do ano.
Se se trata apenas de mais uma das muitas propostas que surgem nas mesas decisórias, buscando caminhos para a solução de fazer caixa, logo haverá outras melhores – e vamos torcer para isso – sem que os pequenos sejam sacrificados, como tem sido a história do mundo. O que não justifica que continue.
2. O tema é controverso, mas houve no mínimo falta de sensibilidade de pessoas ligadas ao Ministério da Saúde, ao aprovarem peças publicitárias sob o título “Eu sou feliz sendo prostituta”.
O objetivo da campanha nem era valorizar as profissionais do sexo, mas contribuir para os esforços (necessários) contra a Aids. Mas aí vem o entusiasmo por um conjunto de palavras que choque e não se medem mais as consequências.
Não se pensou, por exemplo, que um dos mais graves problemas que o país enfrenta em determinadas regiões desfavorecidas é a prostituição infantil, onde crianças de 10, 11 e 12 anos são oferecidas como mercadorias para cavalheiros sem escrúpulos.
Estariam essas pobres meninas, influenciadas pela campanha, desfrutando a felicidade apregoada pelo mote das aludidas peças publicitárias?
Em boa hora, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, cujo futuro político – dizem – é ser candidato ao governo de S. Paulo, abortou a campanha e afastou o seu principal responsável.
A decisão do ministro, por mais incrível que possa parecer, ganhou alguns adversários nas seções de correspondência dos leitores dos principais jornais do país.
3. O 19º Festival Mundial de Publicidade de Gramado teve, no último dia 5, uma noite de abertura extremamente prestigiada, com a presença de um público superior a duas mil pessoas considerando-se quem foi ao Serra Park para ver apenas a Feira da Propaganda.
Trata-se de um efeito que a cada versão se aprimora, fazendo jus ao fato de ser o maior do trade da América Latina e o terceiro maior do mundo na sua especialidade.
4. A Cine, com os seus sócios Raul Doria e Clovis Mello à frente, recebeu um público superior a 1,2 mil pessoas na noite seguinte (6), em sua sede na Avenida Rebouças, comemorando mais um aniversário da produtora.
Seu prestígio pode ser medido não só pelos trabalhos que produz para os anunciantes, como também por esse tipo de comemoração que dá bem uma ideia de como o mercado a vê.
Vida longa para a Cine pelos muitos méritos que conseguiu reunir.
Este editorial foi publicado na edição impressa de Nº 2452 do jornal propmark, com data de capa desta segunda-feira, 10 de junho de 2013