Do cancioneiro popular brasileiro, extraímos a frase-título deste editorial, lembrando aos leitores que já fomos considerados, muito recentemente, um país dentre poucos com uma qualidade publicitária de fazer inveja a muitos.

Só as vitórias por nós conquistadas no Cannes Lions, por exemplo, já justificam a afirmação acima que, mais que um fato consagrado e comemorado, entra no rol das chamadas verdades verdadeiras.

Com a pandemia, perdemos muito em nossa qualidade publicitária, com peças e campanhas de nível baixíssimo em comparação com o nosso passado brilhante acima recordado.

Quem acompanha a sequência de peças e campanhas por dever de ofício, como nós, percebe que o nível é outro e, para nós, principalmente pelo fechamento das agências, fazendo suas equipes trabalhar em casa, separadamente um do outro, prejudicando a famosa busca de qualidade, que nos tornou famosos nos principais festivais publicitários do planeta e acendeu o desejo de multinacionais do setor de adquirir agências nacionais, aproveitando principalmente o valor da sua qualidade.

Nestes últimos tempos de pandemia, com o fechamento das agências e o trabalho em casa dos seus profissionais, nosso nível caiu muito e o que vemos são arremedos das aplaudidas peças e campanhas que transformaram nosso país em um dos melhores do planeta no setor.

A razão é simples e tem de ser combatida: o trabalho criativo em grupo possui a força da combinação e da complementação das boas ideias, enquanto o trabalho isolado (pelo menos no momento da sua criação) inibe as equipes. Dizem que, por economia nos aluguéis, esse formato continuará ainda por um bom tempo, quem sabe até para sempre, o que se transformará em uma desgraça para a qualidade do que produzimos no setor e nos fez famosos no mundo inteiro.

Não há dinheiro que pague uma campanha brilhante, que cai na boca e no gosto do público, transformando-se até mesmo em uma espécie de objeto do desejo. O que estamos vendo agora, porém, são trabalhos com uso excessivo de cores e pouco uso de ideias, alguns até repetindo um passado não muito distante em que fazíamos feio e sofríamos vaias nos festivais internacionais, com destaque para o mais famoso e importante deles, o Cannes Lions.

Os responsáveis pelas agências precisam repensar essa condição, pois levamos muito tempo para obter a fama e os aplausos que até hoje ainda gozamos, mas essa glória pode ser passageira.

A propaganda brasileira, muito desejada e aplaudida nos últimos tempos, não pode se transformar em uma mistura de cores, como em uma exposição de quadros de arte moderna dos anos 1950 e 1960.

Preservar a qualidade atingida é dever de todos, principalmente dos dirigentes, que lutam mais pela economia do que pela qualidade dos trabalhos da sua equipe.

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A próxima edição do PROPMARK, com data de capa 10 de maio, antecederá à dos 56 anos deste especializado, que promete ser riquíssima sobre a história do nosso semanário, além de repleta de anúncios parabenizando nossa equipe pelo alcance de tão longeva data. Quem faz jornal, em um país que ainda lê pouco, sabe do nosso sacrifício em circular semanalmente durante tanto tempo, sempre melhorando a sua qualidade editorial e as suas contribuições para o mercado publicitário brasileiro, através de muitas elogiadas iniciativas que ocorrem com frequência durante todo o tempo.

Uma delas é o Prêmio Colunistas, que deu força ao surgimento de outras premiações regionais, valorizando a qualidade da nossa propaganda. A regional de São Paulo em breve marcará seu júri e em seguida a cerimônia de entrega dos prêmios aos trabalhos vencedores. 

Isso estimula os profissionais do setor a criarem e produzirem cada vez melhores trabalhos para os seus clientes-anunciantes, valorizando a força da nossa propaganda que, repetimos, prossegue sendo uma das melhores do mundo
e não pode, por isso mesmo, perder o seu brilho com ideias de separação das equipes criativas e de trabalho em geral no ambiente das agências, não de forma isolada cada um em sua residência, esquentando as teclas dos computadores.

Na propaganda, o trabalho de equipe sempre prevaleceu, embora muitas peças e campanhas possam ter surgido de uma única cabeça, beneficiando-se, porém, dos acréscimos de melhoria de toda a equipe criativa em torno do trabalho findo por uma dupla ou por apenas um profissional do setor criativo da agência.

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Os tempos de pandemia e consequente “prisão” domiciliar têm estimulado publicitários de renome, ainda que hoje afastados do dia a dia da profissão, a contar sua vida e sua visão de mundo durante o seu período de profícuo trabalho no mercado publicitário.

Assim é que nos chegou às mãos, autografado pelo próprio responsável pela obra, um livro valiosíssimo intitulado A melhor televisão do mundo – Meus tempos de Globo na Europa, de José Roberto Filipelli, editado pela Terceiro Nome.

Este editorialista recomenda a obra aos seus leitores, na certeza de que os mais jovens muito aprenderão com um tempo glorioso do nosso país em outros territórios, sem a mediocridade dos homens que hoje assumiram o poder no Brasil e ao que parece não sabem ao certo o que fazer com isso.

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Sob o comando executivo de Dalton Pastore, a ESPM acaba de dar o que talvez seja o maior salto da sua história, ao adquirir todo o conjunto arquitetônico da Villa Aymoré (bairro da Glória), no Rio de Janeiro, para onde transferirá logo mais suas instalações acadêmicas a ex-capital federal.

Os conselheiros da ESPM vibraram com a aquisição, chegando um deles a afirmar que, “em um momento onde a narrativa é de crise em todos os setores do país, a ESPM toma a frente e manda essa mensagem de ‘Ousadia, Coragem e Otimismo’, qualidades que são a alma da propaganda. Acredito que, além de vender, a propaganda tem essa missão perante a sociedade, de fazer acreditar, sonhar e evoluir”.

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A Jovem Pan, sempre inovando, anuncia seu novo programa Cadeira Cativa, como reforço da vertical esportiva da emissora. Essa mentalidade avançada dos seus dirigentes explica por que a emissora é continuadamente vencedora do Prêmio Veículos de Comunicação, iniciativa da longeva Revista Propaganda, também editada pela Editora Referência.

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Dramático o anúncio de página que os jornais publicaram na última semana, assinado por várias entidades que representam o comércio paulista, pedindo às autoridades a volta da abertura das suas portas e o evitar de novos fechamentos. O anúncio funcionou, pois as autoridades se sensibilizaram e estão reabrindo, aos poucos e conforme a sua finalidade comercial, vários e importantes segmentos comerciais.

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Geraldo Alonso Filho está finalizando seu livro Publicidade Brasileira (1808-1918), resultado de um árduo trabalho do autor em folhear os principais jornais e revistas que circularam no Brasil nesse período.