Desde 2003, quando o Fórum Econômico Mundial, realizado anualmente em Davos, na Suíça, promoveu a primeira sessão de empreendedorismo social da história, que os modelos de negócios socialmente conscientes ganharam atenção e começaram a multiplicar-se.

De lá para cá tenho visto muito avanço e o próprio Grupo Razões, do qual sou sócio-fundador, trabalha dentro deste ideal: somos especificamente uma empresa que gera impacto direto para que a transformação social aconteça.

Começamos como uma empresa de mídia positiva e hoje somos um grupo com diversos produtos e soluções para a geração de impacto social positivo e a promoção da transformação social. Produzimos conteúdo audiovisual humanizado, apoiamos projetos e promovemos doações por meio da ‘Vaquinha do Razões’, a Voaa.

No início de julho, firmamos novas parcerias para o lançamento de modelos um-para-um, ou seja, para cada produto vendido, outro é doado. E nosso primeiro livro foi lançado no último dia 15 de julho com esse propósito: a cada publicação vendida, doaremos uma para crianças em situação de vulnerabilidade social.

Nossa expectativa é lançar mais um produto com esse  mesmo objetivo até o final do ano e estruturar a produção para que, em 2022, possamos lançar uma novidade a cada mês, com o objetivo de gerarmos o maior impacto possível com as doações.

No entanto, recentemente levantei a seguinte reflexão: devemos classificar os negócios com cunho especificamente social como ‘Negócios do Bem’, denominação que virou tendência para classificar as empresas que praticam responsabilidade social de forma independente?

Se uma pessoa tem uma sapataria que emprega 15 pessoas, e por trás delas existem famílias que vivem desse trabalho, mesmo que não exista uma vertente de responsabilidade social na estrutura desta microempresa, seria esse empreendimento um ‘Negócio do Mal’?

Me parece que classificar desta forma dualista é uma constante nas nossas vidas e só faz com que as iniciativas que não se encaixam inteiramente no que é considerado ‘do bem’ sejam rechaçadas. Se uma empresa não tem uma vertente social explícita, ela também é um ‘Negócio do Bem’, pois gera emprego e renda no sistema econômico que nos rege.

Acredito que a denominação ‘Negócio Social’ seja mais certeira e para isso também é necessário refletirmos quais práticas corporativas servem como referências reais. Assim como devemos celebrar a reestruturação de empresas tradicionais que estão no esforço de equacionar o retorno social.

É possível ter retorno financeiro e entregar para a sociedade uma série de benefícios. Os negócios que não nasceram como iniciativas sociais só precisam estruturar suas atividades para a criação de impacto social positivo, que é o que faz a diferença na construção do futuro que queremos.

Vicente Carvalho é fundador do Grupo Razões