Fundada em 1920, nos Estados Unidos, pelo imigrante alemão Ehrhardt Koch, a New Era Cap Company, inicialmente uma pequena fábrica de chapéus, tornou-se uma das marcas de headwear mais importantes do mundo. Atualmente, mais conhecida pela produção de bonés e roupas, peças queridinhas de grandes nomes do esporte, da moda, das artes visuais e da música, a grife acumula mais de 1,6 mil licenciamentos pelo planeta, entre eles o da Harley-Davidson, Disney, DC Comics, NBA, Red Bull, times de futebol brasileiros, UFC, NFL (National Football League) e MLB (Major League Baseball). No Brasil, os direitos da marca pertencem à Marc4, empresa criada em 2004, nascida da “costela” da fábrica de roupas Tricostyl.
“A Marc4 surgiu como uma importadora de produtos da China. Eram peças mais populares, de baixo valor agregado. Porém, o negócio cresceu rapidamente, e, em 2007, a empresa ganhou o direito de distribuição dos bonés New Era no Brasil”, afirma Artur Regen, sócio-diretor da Marc4. O executivo entrou na companhia no final de 2008, a convite de Renato Cassius, amigo de longa data e até então diretor ao lado do irmão, Claudio Cassius. “Reformulamos completamente a empresa, profissionalizamos todos os setores, atualizamos os contratos de distribuição. A Marc4 foi ganhando outro formato. Nosso objetivo era atrair um parceiro importante, para darmos um grande salto.”
Regen conta que ele e Renato se reuniram com os executivos da New Era, em Buffalo, Nova York, em junho de 2009. Em novembro, a dupla recebeu uma ligação dos americanos, que sugeriram a joint venture no Brasil. No final de 2010, 80% do controle da Marc4 foi vendido para a New Era. Regen e Renato ficaram, cada um, com 10% da empresa. Claudio abandonou o negócio. “De lá para cá, nosso faturamento cresce entre 60% e 70% ao ano – números, sem dúvida, impressionantes. Muito disso se deve ao nosso posicionamento: não queremos ‘nichar’ o público, mas o contrário disso”, declara Regen.
O prédio da subsidiária brasileira ocupa a área da antiga Tricostyl, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. O imóvel foi reformado, adequando-se ao conceito moderno e descontraído da New Era. No projeto, foi investido US$ 1,2 milhão. “Nossa sede ficou tão convidativa que gente como Neymar e Marcelo D2 se sente em casa. Frequentemente, recebemos artistas e nomes importantes do UFC, por exemplo, que ficam batendo papo nas áreas comuns”, revela Caie Botelho, gerente de marketing.
Mais do que brigar pela fatia do mercado, a New Era, segundo seus representantes, quer divulgar no Brasil e no mundo a chamada “cultura do boné”. “Vejo como um erro nesse setor a briga entre uma marca e outra. Nossa ideia é bem mais aberta. Queremos que o boné seja algo democrático e cultural, além da moda. Tendo esse posicionamento como base, desenvolvemos ações em casas noturnas, as ‘cap nights’. Criamos parcerias com o estabelecimento e quem chegar à balada usando um boné New Era tem benefícios exclusivos. Vale ressaltar que, em São Paulo, praticamente todos os locais que proibiam o uso do boné, hoje o liberam”, declara Botelho.
Moda
O executivo afirma que, nos últimos anos, tem sido mais fácil difundir a marca, muito graças ao mundo da moda. “Podemos dizer que, inicialmente, o boné estava relacionado aos esportes e à proteção contra o sol. Dos campos, ele partiu para as ruas e, na década de 1990, virou parte importante do estilo de artistas, grafiteiros, skatistas e rappers. Então, a rua ganhou as passarelas. Esse talvez seja o fato mais relevante quando percebemos que muitas mulheres usam boné hoje”, salienta. Lá fora, a New Era já lançou linhas em parceria com os estilistas Kenzo e Marc Jacobs. Por aqui, já esteve presente em três coleções de Alexandre Herchcovitch, exibidas em desfiles do SPFW.
No Brasil, a Marc4 lança cerca de dois mil modelos por ano, além de mais de 150 peças de roupas e equipamentos esportivos, como os utilizados pelos lutadores do UFC. “Eles testam tudo que produzimos, seja aqui ou nos Estados Unidos, e só ficamos satisfeitos quando nos dão ‘ok’”, destaca Botelho. Segundo ele, a linha de maior sucesso no país é a do New York Yankees, time de baseball americano. “É engraçado porque sequer temos o baseball como esporte de primeira linha no Brasil, mas as pessoas simpatizam com as letras NY, símbolo dos Yankees, muito pela referência a Nova York. Aqui, eles são uma marca”, diz. O executivo também afirma que, dos atuais clientes, entre 30% e 40% são colecionadores de bonés. Ainda este mês, a marca lança no mercado os bonés Marcelo D2, coleção exclusiva que estará à venda na pop up store do rapper e tem como tema a sentença “Nada pode me parar”.
Já a nova linha New Era O Rappa, nas lojas a partir de novembro, faz parte de um projeto trabalhado em conjunto com a banda e o público. Os produtos serão lançados em um show e, durante o evento, vão a leilão. A renda será direcionada a ONGs atendidas pelo grupo de Marcelo Falcão. A New Era também tem programado, para o segundo semestre, o lançamento de bonés MTV e de produtos licenciados das Tartarugas Ninjas e de Os Simpsons. A grife também faz parcerias com artistas e grafiteiros.