Influenciadora tem a sua própria linha de maquiagem em parceria com a Eudora

Bruna Martins tem 28 anos e é uma das primeiras youtubers de beleza do Brasil, mas talvez você não a conheça por esse nome e sim por seu nome artístico: Niina Secrets.

Com mais de 3 milhões de seguidores no Instagram e quase 4 milhões de inscritos no Youtube, Niina criou seu canal em 2010 para compartilhar as suas dicas de maquiagem para a pequena comunidade de beleza que existia na plataforma naquela época.

Hoje, 12 anos depois, a influenciadora tem a sua própria linha de maquiagem em parceria com a Eudora. "Eu sempre tive esse desejo. A gente levou esse papo adiante e formalizados esse sonho", afirmou Niina.

Além de ser o rosto da sua própria linha, Niina continua a estampar campanhas de diversas marcas e empresas, como Garnier, Constance, Philips, Cooper Vision, Liz Lingerie, Dell,  e entre outras.

Você foi uma das primeiras youtubers/influencers do Brasil. Como tudo isso começou?
Tudo começou quando eu tinha 15 anos e eu descobri os tutoriais de maquiagem no Youtube. Eu consumia muito esse conteúdo e consegui me conectar com aquelas youtubes, na época. Eram meninas normais, que estavam no seus quatros ensinando e compartilhando dicas. Ali, eu pensei que ‘ah, eu gosto de maquiagem, sou supervaidosa... Por que não compartilhar as minhas dicas também?’. Com 16 anos eu criei o meu canal, mas como eu era muito tímida, não contei para ninguém. Eu não tinha nenhuma pretensão, eu só queria fazer. Ao mesmo tempo que eu não queria que as pessoas vissem, eu queria que aquela comunidade de beleza da época visse os meus vídeos. Hoje, todo mundo grava stories, tira selfie e tudo mais, mas naquela época não era assim. Se gravar era uma coisa esquisita, sabe? Eu não queria que meus colegas da escola descobrissem, então eu fiz escondida, só para aquela comunidade de beleza e não parei mais.

Em que momento você entendeu que isso tinha virado uma profissão?
Tiveram dois momentos. O primeiro foi quando eu recebi um convite do YouTube, do Google, para virar parceira e começar a monetizar os vídeos. Naquela época, não era qualquer pessoa que podia monetizar, tinha que receber esse convite. Quando eu recebi essa carta, eu pensei ‘o que? Eu estou postou vídeo de graça, ganhar com isso vai ser maravilhoso!’. Eu percebi ali que conseguia fazer um dinheirinho com isso, mas não sabia o quanto. Para resgatar o dinheiro, você tinha que juntar 100 dólares, então eu fiquei esperando juntar para conseguir tirar esse dinheiro, mas nessa época eu não tinha noção de carreira, de profissão. O segundo momento foi quando eu assinei o meu primeiro contrato. Tive que abrir uma empresa, emitir nota fiscal, profissionalizar realmente e entender que aquilo era um negócio, um trabalho. Esse primeiro contrato era de um ano, então eu tinha muitas entregas, diárias de gravação... Coisa que eu nunca tinha feito na vida.

Como era o relacionamento com as marcas naquela época?
Naquela época, nós éramos as ‘blogueirinhas’, sabe? Era meio menosprezado, não tinha nenhum reconhecimento. As marcas também não sabiam lidar e reconhecer esse trabalho, então foi um aprendizado. A gente aprendeu com o mercado e ao mesmo tempo ensinou.

Qual foi a primeira campanha que você fez?
Foi um trabalho com o YouTube, em um projeto do Google, que se chamada YouTube Beleza, que era um canal com conteúdos de beleza e uma marca por trás, que era a L’Oreal. Foi muito legal. A gente tinha diárias de gravação, então imagina a tensão e o nervosismo? Eu não gostava de gravar na frente das pessoas, então foi um super aprendizado. Eu fiz esse projeto por dois ou três anos.

O que você leva em consideração na hora de fechar uma parceria com alguma marca?
Muitas coisas. A minha mãe que cuida do meu comercial hoje e ela está muito próxima dos clientes. Ela me conhece e sabe o que eu vou ou não querer fazer. Eu gosto de entender qual é a marca, se eu conheço, se eu já trabalhei, gosto de saber qual é o produto, qual é a campanha, se é um lançamento... Eu peço sempre para testar antes, para ver se vai fazer sentido. Eu preciso entender se aquilo vai fazer sentido para mim e para o meu público, por exemplo, eu não tomo café então não faz sentido uma campanha de café. Hoje, eu tenho priorizado parcerias mais longas sabe? Eu gosto de construir uma história e não só jogar o produto ali. Minha mãe fica até brava comigo porque eu falo mais não do que sim, mas não vale a pena eu fechar um trabalho hoje, que vai ser um dinheiro bom, se isso for custar a minha credibilidade.

Você lançou a sua linha de maquiagem e skincare com a Eudora. Como surgiu a ideia da marca?
Eu sempre tive esse desejo. Já tinha feito colaborações com outras marcas, mas eram coisas pequenas e pontuais. O meu desejo mesmo era ter a minha marca. Em 2017, 2018, eu comecei a pesquisar sobre isso para entender como era esse processo, visitei fornecedores e estava estudando. Nessa época, eu trabalhava muito com a Eudora e eles tinham me contratado para fazer uma curadoria criativa para eles. Em uma conversa, surgiu essa ideia e esse meu sonho de ter uma marca própria. Eu fiz uma viagem com eles, para Nova York, para ir em uma feira de maquiagem, pensando em produtos para a Eudora e no meio disso tudo surgiu a ideia de ter a linha Niina Secrets dentro da marca. A gente levou esse papo adiante e formalizados esse sonho. Foi muito legal e eu entendi nesse processo de pesquisa o quão complicado e desafiador é ter a sua própria marca.

Além de influenciadora, você agora está do outro lado do balcão, de escolher as pessoas que vão participar das campanhas da sua marca. Como é esse processo?
É muito legal. Eu realmente inverti os papéis e sempre que tem um lançamento, a gente pensa na lista de mailing com muito carinho. Todas as pessoas que estão ali foram pensadas para aquilo. A primeira coisa que eu gosto de analisar e entender é qual influenciador tem mais feat com aquele produto e com aquela campanha, por exemplo: eu vou lançar uma paleta de sombras colorida, então eu preciso pesquisar as influenciadoras que arrasam nas makes coloridas, que arrasam naquele olhão, que entregam o produto e tem uma qualidade de vídeo boa. Depois dessa seleção, a gente faz uma outra seleção, porque a gente não tem como contratar todas né? Para cada campanha, a gente tem um orçamento, então a gente precisa escolher. Pensamos muito na diversidade também, pessoas diferentes para representar aquele produto até porque cada pessoa tem uma visão e um estilo próprio.

A criação da sua linha influenciou o seu relacionamento com as outras marcas?
Sim e não. Falando do meu lado, eu sempre compartilhei dicas de beleza, então seria estranho eu parar de fazer isso e só falar do meu produto. Eu uso muita coisa, eu gosto de testar produtos novos e compartilhar dicas. Lógico que a minha marca sempre vai ser o meu foco, a minha queridinha, mas eu também dou dica de outros produtos. Do outro lado, das marcas, eu sinto que diminuiu muito os meus trabalhos, especialmente com as marcas de make e skincare, mas eu também estou mais seletiva com as marcas que make com quem eu vou trabalhar, porque também não faz sentido fazer jobs para a concorrência. Para mim, faz muito sentido porque eu quero botar foco e atenção na linha Niina Secrets.

Sobre as campanhas, tanto da sua marca quanto as outras, você participa da criação?
Eu, como influenciadora, participo de tudo. Tem a negociação com a marca e tudo mais, mas a parte criativa sou eu quem faço. Eu que penso na ideia, as vezes contrato um videomaker para fazer algo diferente ou gravo aqui mesmo. Da minha linha, é um pouco diferente. A Eudora que contrata a agência de criação, então nós temos sempre algumas reuniões para brifar tudo, jogar as ideias até chegar no conceito. A agência tem muito mais esse papel de definir como vai ser as campanhas, mas eu sempre dou os meus pitacos.

Cada vez mais, tem novas redes sociais surgindo. Como você faz para adaptar os seus conteúdos para cada rede social?
Toda vez que surge alguma rede nova, eu fico desesperada (risos). A gente precisa entender qual é a linguagem de cada rede né? Eu sou youtuber de criação, tenho uma conexão muito forte com a plataforma e sempre trabalhei muito bem com ela. Lá, eu lido de uma forma muito natural. O Instagram muda muito rápido, cada hora é uma coisa, cada hora o algoritmo ta diferente, então a gente tem que se renovar muito rápido, mas eu já estou lá a bastante tempo, então fui acompanhando essas mudanças e fico tentando me adaptar. Já o TikTok, que é a rede “mais nova”, foi muito difícil para mim. A gente tinha muita essa visão de dancinha, de rede para crianças e adolescentes, mas durante a pandemia eu consumi muito a rede e entender mais a plataforma. Tem muitos conteúdos legais lá e a rede tem uma linguagem muito própria. Eu estou tentando, estou produzindo o conteúdo que eu gosto, que é maquiagem, mas nessa linguagem do TikTok. Eu me sinto ainda um pouco deslocada lá porque tudo é muito rápido e os meus vídeos no YouTube tem 40 minutos. No TikTok, o trabalho é muito mais de desapegar da qualidade, da perfeição e de informação demais. Eu estou aprendendo. Para mim, faz sentido eu estar ali. Ao contrário do Twitter, que para mim, não faz sentido eu estar ali.

Como você lida com cada algoritmo?
O Instagram muda muito rápido, então uma coisa que você estava postando antes, hoje não funciona mais. É muito desafiador e até desestimulante para os criadores, porque a gente vai se esforçar para produzir um conteúdo sem saber se a plataforma vai entregar. É complicado ficar pensando nisso. Óbvio que os números e o engajamento são importantes, mas se a gente for ficar pensando nisso, a gente só vai fazer o que bomba nas redes, que é polêmica, dancinhas e esse não é o meu perfil. Cada influenciador tem o seu perfil e está tudo bem, mas depois de muitos anos nessa área, eu entendi que eu preciso fazer o meu conteúdo e entregar o meu melhor. Se o algoritmo não vai entregar, paciência. Eu estou fazendo o meu melhor. Se tem uma trend que está viralizada, mas eu não acho que aquilo faz sentido para mim, eu não faço porque se não a gente acaba se perdendo. Claro que estar antenado nas mudanças, no que bomba ou não, é importante, mas a gente precisa focar em fazer o nosso conteúdo e torcer que o algoritmo entregue. Desapegar um pouco dos números é importante para a saúde mental.

Muita coisa mudou desde a época em que você começou a postar seus conteúdos. Para você, o que mais mudou?
Tanta coisa mudou... Mas uma coisa que é gritante é a massificação de tudo isso. Antes, tinham poucos criadores e a gente os conhecia, hoje tem um monte. As vezes eu estou no TikTok, entro no perfil de alguém e ela tem lá os seus 10 milhões de seguidores e eu não faço a menor ideia de quem é. Hoje, tudo está muito gigantesco. Outra coisa que mudou foi a profissionalização, as marcas aprenderam, a gente aprendeu também. Hoje, nós temos influenciadores fazendo campanhas na TV, o que era muito difícil. Uma outra coisa, é a mudança muito rápida da internet. Quando eu comecei no Youtube, eu fiquei anos fazendo o mesmo estilo e formato de vídeo, mas agora as coisas mudam muito rápido.

Como você se enxerga como marca?
Se eu fosse me contratar hoje, eu diria o profissionalismo. Se é para entregar em tal dia, a gente entrega. Aqui não tem muito mimimi de estrelismo, de bater o pé e dizer que não vou fazer. Claro que tudo é negociável, mas eu quero ser vista com profissionalismo. Outra coisa que é muito importante para mim é a credibilidade. Hoje, tem muitos influenciadores que são maiores, em questão de número, do que eu, mas eu sei que por causa da minha credibilidade, o meu valor pode ser mais alto. As pessoas confiam muito em mim.