Guanaes: "sempre me perguntam se eu continuo redigindo e a minha resposta é sim e com muito prazer e entusiasmo"

Nizan Guanaes, presidente do Grupo ABC, recebeu nesta terça-feira (2) mais um prêmio: a estatueta de bronze assinada pelo artista Júlio Guerra, representando o “herói” de Monteiro Lobato Jeca Tatu, por ocasião da nona edição do Encontro de Redação Publicitária, realizado no Rio de Janeiro por iniciativa da Associação Latino-Americana de Agências de Publicidade (Alap-Rio).

Esse ano o encontro foi mais uma vez dedicado inteiramente à platéia universitária que tradicionalmente fequenta esses eventos dedicados à redação publicitária,  organizados por Jomar Pereira da Silva, presidente da Alap, com apoio da ESPM. Guanaes não pôde receber seu troféu pessoalmente por encontrar-se no México, mas enviou um vídeo no qual confessou que deve todo o seu sucesso profissional ao criador e ao copywriter Nizan Guanaes. Mas que depois de se tornar um redator, diretor de criação e comandante de agência extremamente premiado,  decidiu escrever “outras histórias”.

“As pessoas sempre me perguntam se eu continuo redigindo. E a minha resposta é sim e com muito prazer e entusiasmo. A coluna da Folha que escrevo a cada 15 dias é uma das coisas que mais me dá prazer. Acho que tenho redigido boas histórias. Escrevi a história de um grupo brasileiro, que já é hoje um dos maiores do mundo. Escrevi a história do Brasil no festival de Cannes. Escrevi a história política do Brasil quando fiz a campanha do Fernando Henrique Cardoso e sua reeleição. Eu tenho escrito a história do Brasil de várias formas. É escrevendo certo por linhas tortas, sem sombra de dúvida. Porque a gente aprende, a gente erra”, disse Guanaes.

Durante o encontro, realizado na Casa de Rui Barbosa, em Botafogo, o publicitário Lula Vieira abordou o início de sua carreira, iniciada como boy em São Paulo, declarou sua paixão pelo veículo rádio e recomendou aos estudantes universitários que se preocupem mais com boa literatura do que com as técnicas de comunicação. Já a consultora Nádia Rebouças, que manteve seu foco na responsabilidade social, mostrou exemplos de campanhas comunitárias, contou sua experiência pessoal com a campanha Ação da Cidadania e abordou a ética na profissão, falando de temas como homofobia, racismo,  aborto, pedofilia, entre outros.

José Guilherme Vereza, sócio e diretor da 11:21, e Álvaro Rodrigues, vice-presidente de criação da DM9-Rio – que representou Guanaes no evento – falaram de processos criativos, dando dicas sobre a profissão e mostrando exemplos de peças publicitárias. Vereza, um pouco mais nostálgico, falou de trabalhos clássicos como o primeiro anúncio do fusca criado pela BBDO, nos Estados Unidos, e várias peças de Carlos Pedrosa, ex-diretor de criação da Contemporânea e falecido recentemente.

“Criatividade é o motor da evolução. Fuja do lugar comum das primeiras ideias, que podem ser velhas, e duvide da intuição. Ela pode trair. Abuse da associação de ideias e encare o não como um vetor para começar tudo de novo”, disse Vereza.

Rodrigues  falou de erros e do medo, que quando bem canalizado faz pensar no novo. “Não existe zona de conforto nessa profissão. É a profissão da frustração, onde há 99% de reprovação. O erro é um atalho para a inovação. Erros pautam o novo”, aconselhou Rodrigues.

O tradicional concurso universitário, realizado em paralelo e coordenado por Eduardo Almeida,  diretor de criação da NBS, premiou este ano com uma bolsa para o Curso Portfólio na ESPM os jovens Matheus Feliciano,  da PUC, em primeiro lugar, seguido de  Ana Luiza Figueiredo ( UFRJ ) e Leonardo Joeldson (Estacio). O tema da redação foi 450 anos do Rio de Janeiro, comemorados em 2015.