Para Rodolpho Aguiar Eufrosino, diretor de mídia da Dentsu Brasil, ser mídia nos dias de hoje é um desafio, pois conseguir conectar as marcas com os consumidores é cada vez mais complexo. “O profissional precisa ser extremamente antenado, ser multifacetado, ter um repertório cultural cada vez mais vasto”, diz Eufrosino.

Na opinião dele, a mídia precisa ser pautada por dados e tecnologia, e num futuro próximo, ser o ponto inicial da construção de briefings e estratégias para as marcas. “A tecnologia seguirá empurrando as barreiras da comunicação, surgirão novos players, novas formas de consumir conteúdo. Estar atualizado e principalmente pensando à frente do momento atual é imprescindível, pois quando dados e tecnologia forem commodities, ser um mídia criativo e capaz de traduzir esses assets em estratégias inovadoras será fundamental para as marcas que atendemos”.

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Outro ponto importante é que um profissional de mídia tem de ser criativo. “Nos dias de hoje, ser só muito técnico não é diferencial, é obrigação. Ser criativo e sair da zona de conforto é outra obrigação, entender de tecnologia então, nem se fala. É preciso também entender muito de gente, pois a principal função ainda é saber como unir marcas/produtos e pessoas, respeitando a forma de pensar, consumir, se entreter e de compra dos consumidores”, avalia.

Com experiência de 19 anos dentro do departamento de agências, Eufrosino argumenta que nem de perto é o mesmo profissional e afirma que a troca de experiências e uma equipe diversificada são essenciais. “É cada vez mais necessário ter uma equipe diversificada, com talentos que se completam e cooperam entre si, criando um ambiente mais rico e colaborativo. Algumas pessoas que já trabalharam comigo conseguem atestar o quanto eu me preocupo com isso. Por que não dar um briefing de uma campanha de digital para uma pessoa do seu time que é expert em offline? Com o suporte correto, na próxima campanha seu expert de offline não será o mesmo e assim você consegue criar uma equipe equilibrada e colaborar na construção desse novo mídia. A cada dia aprendo com as pessoas que estão à minha volta, acredito muito nisso e incentivo de fato que as pessoas do time troquem experiências”, destaca ele.

De acordo com o diretor de mídia da Dentsu, alcançar o consumidor em vários pontos de contato é hoje a tarefa mais árdua para um profissional de mídia, assim como eleger o que é prioritário dentro de uma estratégia de negócios e como abraçar o consumidor com sua mensagem sem ser evasivo, ampliando sua eficiência. “Os consumidores já deixaram de ser só ABC 18+, eles são um conjunto de valores, crenças, hábitos e é nesse contexto que temos de criar um link entre anunciantes e consumidores”.

Dentro do contexto de multiplicidade de meios, Eufrosino reforça que não vê a morte de nenhum meio, “desde que este busque se adequar ao modo que as pessoas consomem conteúdo”. Já em um cenário de fake news, ele avalia que quem ganha fôlego é a fonte. “Hoje, quando as pessoas recebem algo que elas desconfiam, buscam fontes com as quais elas já têm um relacionamento de credibilidade”, diz o executivo.

Em relação à concentração da TV, ele observa que ela segue sendo uma força, não só no nosso mercado, mas globalmente, e que a força de uma mídia está no conteúdo. “Mais do que isso, temos os produtores gigantes de conteúdo, e, sim, a força está no conteúdo. O smartphone é hoje o device que mais está na mão das pessoas, mas todos os grandes produtores de conteúdo já o distribuem por diversas plataformas, VOD, digital streaming, internet e social”, completa.
Sobre redes sociais, ele ressalta que a força das redes sociais não está mais limitada a fatores como recomendação, aval, adequação, mas também como canais de mídia poderosos. “Temos redes com mais de 100 milhões de usuários e isso não pode ser desprezado”.