A publicidade vem sendo relacionada a escândalos com viés de desvio ético e corrupção, de Marcos Valério a Ricardo Hoffman, e as agências que atendem contas públicas logo são associadas a esse modelo estruturado pela desconfiança. Para se proteger desse cenário, a Nova/SB está realizando um investimento de R$ 490 mil para consolidar um sistema de compliance batizado de “Programa de integridade corporativa”, que Bob Vieira da Costa, sócio e CEO da empresa, classifica de “bastante rígido”.

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A iniciativa é motivada pela especificidade da agência em comunicação de interesse público com contas como Caixa Econômica Federal, Sebrae, Banco Central, Presidência da República e Prefeitura de São Paulo. Para referendar o conteúdo desenvolvido pelo escritório Manesco, Ramires, Perez, Azevedo Marques Sociedade de Advogados e pela jurista Silvia Urquiza, está ingressando na área de corregedoria da CGU (Controladoria-Geral da União) para ter seu aval e, também, deixar registrado seu interesse pela legalidade e boas práticas comerciais.

A instituição que fiscaliza deslizes corporativos faz uma série de exigências para aceitar produzir um parecer: o teor do código com compromissos detalhados, metas e treinamento comprovado dos funcionários que devem estar alinhados com as diretrizes estabelecidas nas regras de compliance. A metodologia vem sendo implantada há cerca de dois anos e já conta com uma gerência de integridade corporativa, que tem a liderança do advogado Bruno Pagali, com estabilidade de 24 meses na função e livre trânsito na agência, que mantém um comitê de ética com sete integrantes, todos funcionários.

Os acionistas Antonio Calil Cury e Vieira da Costa não podem interferir na agenda do grupo e, se cometerem algo questionável, podem ser censurados, afastados da sociedade e pagar multa. A delação anônima também é contemplada pelo código de ética.

Vieira da Costa lembra que a Nova/SB se antecipou à regra do TCU (Tribunal de Contas da União) de não receber BVs (Bonificação de Volume) de produção. E é “pioneira” na entrega de envelopes fechados em concorrências de publicidade de contas públicas.

“Não adianta parecer que é correto, mas agir da forma mais coerente e íntegra possível. É um processo intenso que exige mudanças internas, que estejam de acordo com a ética. Precisamos ter todos os cuidados porque a nossa expertise, a comunicação pública, gera desconfiança. E nós não queremos dar margem para que a nossa imagem esteja associada à corrupção. Por este motivo, estamos ingressando na CGU para referendar nosso programa de integridade. E temos de comprovar que estamos fazendo isso de verdade: o treinamento foi filmado e os e-mails encaminhados aos funcionários estão anexados ao projeto”, explica Vieira da Costa, que foi ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República na gestão de Fernando Henrique Cardoso.