As emissoras de TV que detêm os direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos de Tóquio terão desafios para renegociar seus pacotes de patrocínio para o ano que vem. Após o COI e o governo japonês formalizarem nesta terça-feira (24) o adiamento da competição para 2021, os canais começam oficialmente a redesenhar sua estratégia comercial e de conteúdo para mitigar inevitáveis prejuízos.

Para José Colagrossi, diretor-executivo da consultoria especializada em esportes Ibope Repucom, o desafio será o de negociar pacotes de patrocínio com as mesmas condições e valores em um cenário pós-pandemia.

“O grande ponto de negociação é a questão econômica. Os pacotes de patrocínio foram negociados em um ambiente estável, o que não está acontecendo agora. O desafio das emissoras de mídia será o de negociar o pacote para 2021 em condições iguais ou semelhantes quando o ambiente econômico estará mais desfavorável. Mas isso vai depender de caso a caso, não há uma regra aplicável a todos”.

No Brasil, onde a Globo, SporTV e BandSports detêm os direitos de transmissão, os acordos atingem a casa dos milhões. O pacote comercial da Globo e SporTV integrados estava sendo comercializado por R$ 97 milhões por cada uma das seis cotas. Informações obtidas pelo PROPMARK indicam que Bradesco e Claro já haviam fechado contrato com a emissora. Cenário semelhante também passa a BandSports, que já havia comercializado cotas para a SulAmérica e Toyota no valor de R$ 11,3 milhões cada uma.  

Colagrossi explica que nesse contexto as emissoras devem estar atentas para possíveis mudanças nos objetivos das marcas. “Patrocínio é uma plataforma de marketing que tem objetivos específicos. Seja para construir visibilidade, reposicionamento etc. Nesse sentido, os objetivos que as marcas tinham para 2020 vão se manter em 2021? A decisão tomada em um ambiente estável econômico ainda vale para um ambiente desafiador?”.