O que esperar da tão aclamada tecnologia 5G? Para começar, minha expectativa é que o impacto geral no dia a dia da maioria das pessoas será menor do que o ocorreu com a chegada do 4G, inclusive, considerando que ele vai demorar um tempo para atingir todas as faixas sociais e entrar definitivamente em operação por aqui. O edital da internet móvel de quinta geração (5G), ainda segue em análise no Tribunal de Contas da União (TCU), e isso pode prolongar um pouco mais o processo.

Porém, essa tecnologia vai mudar a vida das pessoas e alguns âmbitos específicos e vai abrir muitas portas, por exemplo para o uso de IOT (Internet das Coisas) e para a execução de serviços de primeira necessidade de forma telemática, a distância. 

Acredito muito, que em médio prazo, no campo da comunicação e marketing, essa tecnologia poderá gerar um nível de UX (experiência do usuário) impressionante e única. Já pensou em poder ver o interior de um carro através de um holograma e de sentir a textura dos revestimentos à distância? É fascinante mas tem que andar juntos não somente com a melhoria da CX do cliente mas também com uma eficiência econômica que permita escalar a solução sem ter custos elevados, e esse último ponto é o mais desafiador, a meu ver.

Todos os canais serão beneficiados e “digitalizados”, live marketing, ponto de venda físico, eventos, connected TV. Sem contar que as tecnologias já existentes poderão crescer ainda mais rapidamente e evoluir, por exemplo, os videogames, a realidade virtual e aumentada alcançarão um nível extremamente maior e permitirão abrir novas fronteiras do in-game advertising.  Outro campo que vai ser muito favorecido é o universo relacionado à big data. Vamos ter mais dados, maior qualidade e que circularão com volumes e velocidades inéditos, em âmbitos como a hiper segmentação, a geolocalização relacionada aos conceitos de ubiquidade, mobilidade e o nascimento de novos momentum de contato entre marcas e consumidores.

Claro que o país tem desafios estruturais que vão além da simples entrada no mercado dessa tecnologia, afinal, 45 milhões de brasileiros, ou seja, 20% da população do país, não têm acesso à internet, segundo o IBGE. Ainda vamos precisar de um pouco mais de tempo e de empenho de todos os stakeholders do mercado para que essas novas tecnologias se integrem com o dia a dia do mercado de publicidade e marketing. Acredito que após a entrada no mercado do 5G ainda teremos um período de testes e vários “projetos especiais”. Mas, para ganhar escala vamos precisar esperar que a tecnologia ganhe penetração nas várias faixas socioeconômicas da sociedade e que o ecossistema de ADOPS se adapte a medir e a auditar com assertividade as novas formas de comunicação.

O uso das novas tecnologias não pode ser avaliado com base apenas no que é inédito. Tem que necessariamente ter a função de melhorar nossa vida, resolver de forma melhor nossas dores. A única forma de inovar é essa, associar à novidade uma verdadeira melhoria na vida dos consumidores. Sem isso não há inovação e não há verdadeiro desenvolvimento. 

Francesco Simeone é Chief Growth Officer global do grupo Logan e diretor geral do grupo no Brasil. Recentemente foi eleito como membro do board de diretores da MMA – Mobile Marketing Association – Brasil