1. Os leitores mais velhos hão de se lembrar da premiada campanha cívico-publicitária “A Bahia ninguém divide”, de 1986, criada pela DM9 então regional e de Duda Mendonça, a pedido do jornal A Tarde, que, com o apoio da Assembleia Legislativa baiana, visava evitar sucesso no movimento separatista cujo objetivo era dividir a Bahia em dois Estados: Bahia e Santa Cruz (região de Ilhéus e cercanias).

Houve um plebiscito e o eleitor baiano votou em peso contra a separação, demonstrando claramente o seu amor pela terra.

Hoje, interesses políticos – muitos deles escusos – querem dividir não o Brasil, mas o povo brasileiro em dois, o famoso “nós” e “eles”, porque torna mais fácil a tomada de poder, como ensinou Maquiavel no seu “O Príncipe” (“dividir para governar”).

Essa ideia de divisão é condenável, mas não pode ser minimizada pelos brasileiros de fé, como se nunca fosse ocorrer.

Estamos criando em nosso país terreno fértil para manobras políticas estapafúrdias, pela omissão de líderes civis autênticos que preferem o distanciamento ao debate, com receio de uma espécie de mantra que se abateu sobre a pátria: quem é contra “nós” é antipatriota, não gosta do povo, é racista, homofóbico e por aí vai.

Quando se presencia, como na última semana, índios ameaçando flechar policiais no Distrito Federal, alguma coisa de muito sério está ocorrendo com o respeito ao Estado de Direito.

Há uma clara tendência em se recuperar a desordem do quanto pior, melhor, que nega as mais caras tradições do nosso país e seu povo.

2.  A saída voluntária do ministro Joaquim Barbosa do STF leva-nos a questionar essa voluntariedade, primeiro porque chegou a ser noticiado que ele foi ameaçado de morte por bandidos anônimos. Segundo, porque ele está próximo de deixar a presidência da Alta Corte (novembro) e, aí sim, seria mais lógico, em querendo deixar de vez a toga, mesmo que ainda com alguns anos pela frente, até alcançar a compulsória. Seria então um gesto compreensível de um magistrado que travou duros embates com alguns dos seus pares atuais, no uso das prerrogativas da presidência do colegiado.

Terceiro, porque sabe do respeito que a maioria dos cidadãos brasileiros tem por ele, pela sua coragem em enfrentar o establishment.

A saída de cena do ministro Barbosa surpreende a nação, que julga, em sua grande maioria, estar perdendo o maior intérprete dos anseios de justiça da população brasileira na condução do STF.

A causa também pode estar na decisão recente do colegiado em formar minicâmaras decisórias entre os seus membros, o que rebaixará sobremodo o quórum necessário para determinadas absolvições.

3. Quem conhece a história do bode, pode interpretar dessa forma a aprovação, em menos de um minuto, promovida pela Câmara Municipal de São Paulo, acabando com o rodízio dos veículos no centro expandido da cidade.

Como quem propôs a medida, hoje considerada absurda, é gente da base governista da metrópole e quem presidiu a sessão, idem, é de se supor que introduziram propositalmente um bode junto à população, para que o atual alcaide vete o projeto aprovado e saia enfim como herói, ele que tanto necessita de uma oportunidade como essa.

4. Falando no prefeito, por que concordar com o feriado local (extraordinário) de 12 próximo, cujo projeto veio igualmente da Câmara Municipal de São Paulo, sob a alegação de que a cidade em dia útil atrapalharia o acesso ao Itaquerão?

Quantas pessoas se dirigirão para o local no dia 12? As 60 mil que pagaram os olhos da cara pelos ingressos e mais, exagerando, 40 mil que vão trabalhar dentro do estádio e no seu entorno, inclusive os curiosos de sempre.

Resultado: para garantir a mobilidade de 100 mil pessoas, ainda que fossem 200 mil, paralisa-se uma metrópole de 11 milhões?

Qual a lógica, considerando-se ainda que o jogo de inauguração da Copa tem seu início previsto para as 17 horas?

Se a ideia é outra, dissimulada – como tem sido comum no Brasil –, o revertério pode ser pior: sem a obrigação de trabalhar, imagine o leitor se apenas 5% desse contingente dispensado da sua labuta diária resolverem repetir junho de 2013. Teremos então um exército de mais de meio milhão de cidadãos disponíveis para as manifestações, com consequências imprevisíveis.

5. E mais uma vez os jornais noticiam atividades do PT em busca da realização de um dos seus sonhos: o controle do conteúdo da mídia.

A tese faz parte do programa do Partido que será apresentado à Presidente da República, Dilma Rousseff.

Há outra agravante desta feita: no pacote, também, o controle econômico da mídia. O que vem a ser isso poucos sabem ao certo, mas torna-se preocupante para um país que tem uma longa história de lutas a favor dos ideais democráticos do seu povo, contando para isso com a grande arma representada pela imprensa livre e pela liberdade de expressão.

Quando se quer controlar alguma atividade que exercita a manifestação do pensamento, fica claro que não é com boas intenções. Os tempos de Inquisição da Igreja Católica que o digam.

6. O empresário João Doria Jr. foi homenageado em grande estilo pela ADVB na última sexta (30), por ter sido por ela escolhido como Personalidade de Vendas 2013. Cerca de 350 outros empresários – muitos de grande porte – compareceram à solenidade realizada no Hotel Tivoli, em São Paulo, durante almoço ao qual compareceram também diversas autoridades, com destaque para o governador do Estado, Geraldo Alckmin.

O ponto alto da cerimônia, que a todos emocionou, foi a transcrição de uma carta falada do pai do homenageado, João Doria, à sua mulher, durante seu exílio na embaixada da então Iugoslávia, em Brasília, quando do governo militar iniciado em 1964. João Doria Jr. e seus familiares chegaram às lágrimas.

Logo em seguida, recomposto, o homenageado discursou agradecendo a homenagem, que classificou como a maior da sua vida, à Diretoria e Conselho da ADVB e também aos inúmeros presentes à significativa cerimônia.

Este editorial foi publicado na edição impressa de Nº 2500 do jornal propmark, com data de capa desta segunda-feira, 2 de junho de 2014