Aos 31 anos, Felipe Neto acumula mais de 34 milhões de seguidores na internet, seu canal no YouTube é o quinto maior do país. O carioca comanda as empresas Netolab, Play9, InStudios e Vigia de Preço, além de uma extensa linha de produtos licenciados e sólida parceria com seu irmão Lucas, com quem chegou a patrocinar o Botafogo em 2018.
Neto tem estado sob holofotes desde que anunciou em agosto o encerramento de um contrato por ter se tornado vegetariano e confrontou o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), por conta da censura de uma HQ na Bienal do Livro há duas semanas.
Por conta de seu posicionamento abertamente contrário ao governo Bolsonaro, ele vem conquistando parte da sociedade que durante anos o condenou por seus vídeos com apelo ao consumo infantil, palavrões e comportamento politicamente incorreto.
A versão “Felipe Paz e Amor”, inclusive, colocou ponto final em uma das desavenças mais famosas da internet, com o também produtor de conteúdo Felipe Castanhari.
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Em matéria divulgada pela Folha de S. Paulo nesta terça-feira (17), a repórter Marcella Franco disserta sobre Felipe Neto estar colando “no antibolsonarismo para apagar imagem de rude”.
“Por anos ele foi detestado pelo vocabulário e pelas opiniões. Hoje, no entanto, o dono do quinto canal do YouTube mais assinado do mundo ganhou status de herói entre setores da sociedade. Peita a censura, diz que lê todos os dias, virou ídolo da classe artística e cita um provérbio para justificar sua guinada: “O sábio pode mudar de opinião, o ignorante, nunca”, diz trecho da reportagem.
No início da semana o youtuber teve de cancelar sua participação em um evento por conta de ameaças que vem sofrendo desde o episódio da Bienal. Em sua conta no Twitter, Neto também afirmou ter tirado a mãe do Brasil.
O youtuber recebeu apoio de figuras conhecidas como o escritor Paulo Coelho, a atriz Patricia Pillar e o ex-deputado Jean Wyllys.
No entanto, Neto não é unanimidade. Algumas críticas dão a entender que seu posicionamento – principalmente a ação da Bienal – não passa de estratégia de marketing, uma vez que o youtuber lançou mais um livro em agosto.
“Se fosse, eu teria colocado a ação ao lado da venda do meu livro. Não fizemos absolutamente nada para aumentar as vendas”, disse ao Estadão na última semana.
Para o escritor carioca Anderson França, exilado em Portugal por também sofrer ameaças de morte, não apenas o youtuber, mas também políticos estariam se aproveitando da situação para se promover.
Entre apoiadores e opositores, a realidade é que o youtuber e empresário é um dos temas mais comentados da mídia na última quinzena. Somente nos últimos sete dias, Neto deu entrevista aos principais jornais e revistas do país, fora as matérias – que como essa – tratam do assunto.
Durante o mesmo período, seu nome – consequentemente sua marca – esteve entre os trending topics do Twitter por mais de uma vez, ora sob a hashtag #FelipeNetoLixo, ora #PaisContraFelipeNeto ou #PaisComFelipeNeto.
Não há dúvidas de que lutar contra a censura seja fundamental, principalmente em um país como o Brasil, que ainda lambe as feridas de uma ditadura que por 21 anos censurou sociedade civil, imprensa e classe artística.
De qualquer forma, em tempos onde as marcas cada vez mais são cobradas por seus posicionamentos e por serem coerentes com o que anunciam – seja na publicidade, nas ações, nas escolhas de forma geral – será interessante acompanhar como se posicionará a marca Felipe Neto daqui para frente.