O jornal O Globo entrega nesta quarta (23) a 13ª edição do Prêmio Faz Diferença O Globo, realizado em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), e que reconhece o trabalho e o talento de brasileiros que fizeram história em suas áreas de atuação e serviram de inspiração para melhorar e mudar o país. Os vencedores das 17 categorias foram escolhidos por um júri composto por jornalistas do Globo e vencedores do último ano, além dos votos dos leitores no site do Globo.
A exemplo das edições anteriores, numa primeira etapa, os jornalistas de cada uma das seções do Globo indicaram as três pessoas, empresas ou instituições que mais se destacaram nas páginas do jornal em 2015, pela atuação em suas áreas. São elas: País, Rio, Economia, Mundo, Esportes, Sociedade/Sustentabilidade, Sociedade/Ciência e Saúde, Educação, Segundo Caderno/Prosa, Segundo Caderno/+TV, Revista O Globo, Ela, Segundo Caderno/Música, Segundo Caderno/Teatro, Segundo Caderno/Cinema, Segundo Caderno/Artes Visuais. A Firjan, que patrocina o prêmio, indicou, para a categoria Desenvolvimento do Rio, as três empresas que mais conseguiram aliar visão de negócios, respeito aos funcionários e ao meio ambiente, e ênfase em projetos sociais. Na segunda etapa, os leitores puderam participar da escolha dos vencedores, votando pela internet.
A escolha da Personalidade do Ano é feita por um júri especial formado por cinco jornalistas do Globo (Aluizio Maranhão, Ancelmo Gois, Ascânio Seleme, Merval Pereira e Míriam Leitão) e pelo presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira.
A solenidade de gala para entrega dos troféus será no Golden Room do Copacabana Palace, com apresentação dos jornalistas Míriam Leitão e Ancelmo Gois.
Confira os Vencedores e as justificativas do júri:
Personalidade Do Ano: CÁRMEN LÚCIA
Em votação histórica, em 10 de junho deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou, por nove votos a zero, a exigência de autorização prévia para a publicação de biografias no Brasil. Todos os ministros que participaram do julgamento acompanharam a relatora da ação, ministra Cármen Lúcia, que condenou em seu voto a censura prévia sobre biografias. A ministra sentenciou: “Censura é forma de cala-boca. Pior, (forma de) cala Constituição. Abusos podem ocorrer e ocorrem, mas acontecem em relação a qualquer direito. O que não me parece constitucionalmente admissível é o esquartejamento da liberdade de todos em detrimento da liberdade de um. Cala-boca já morreu. É a Constituição do Brasil que garante.”
País: INÊS ETIENNE ROMEU (in memoriam)
Única sobrevivente da Casa da Morte, como passou a ser chamado o aparelho clandestino montado pelo Centro de Informações do Exército (CIE) em Petrópolis, durante a ditadura militar, a militante política Inês ficou na casa por 96 dias, entre maio e agosto de 1971. Torturada e libertada após fingir que trabalharia como infiltrada para o CIE, foi levada a um hospital pela família, onde foi presa novamente. Condenada à prisão perpétua, ficou no Talavera Bruce até 1979. Livre, Inês fez com que o Brasil passasse a saber da existência da Casa da Morte. Também apontou torturadores e presos supostamente executados no local. Aos 72 anos, Inês morreu em casa, enquanto dormia, em 27 de abril de 2015, vítima de insuficiência respiratória, edema pulmonar e infarto.
Rio: DANIELA BARBOSA ASSUMPÇÃO
A juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza, da Vara de Execuções Penais (VEP), é conhecida como linha-dura. Ela acabou com as regalias e suspendeu temporariamente as visitas íntimas no Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica, a policiais e agentes penitenciários à espera de julgamento. Ao inspecionar novamente o espaço, foi agredida por detentos. Acuada, foi embora, mas retornou pouco tempo depois, acompanhada de policiais do Bope, e identificou os quatro agressores. Após o ataque à magistrada, o titular da VEP, Eduardo Oberg, interditou a unidade prisional e determinou à transferência dos presos.
Economia: DAVID NEELEMAN
O empresário David Neeleman, de 57 anos, tem uma longa “estrada” na aviação. Ajudou a fundar a canadense WestJet, em 1996, e a americana Jet Blue, em 1999. Quase dez anos depois, voltou ao Brasil, para criar a Azul. A aérea abriu as portas em dezembro de 2008 e mexeu com o mercado doméstico, ao focar nas rotas para o interior. Hoje, a Azul é a terceira maior empresa do setor, com 17,5% do mercado. Um dos fatores para tamanho crescimento foi a fusão com a Trip em 2012, forte no mercado regional. Em 2015, Neeleman comprou 61% da estatal portuguesa TAP, ao lado do grupo português Barraqueiro. A operação não envolve a Azul, mas o empresário já avalia pôr a empresa no negócio e criar uma gigante internacional da aviação.
Mundo: ALEXANDRE AMENDOEIRA NUNES
O carioca Alexandre Amendoeira Nunes comandava a fragata Barroso a caminho do Líbano quando recebeu um pedido de ajuda da guarda costeira italiana: um barco com 220 refugiados (94 mulheres, 89 homens e 37 crianças) – sírios em sua maioria – estava em dificuldades. O navio da Marinha brasileira desviou de rota para resgatá-lo, num trabalho bem-sucedido que durou 21 horas.
Esportes: ADENOR LEONARDO BACCHI (TITE)
Aos 54 anos, o gaúcho Adenor Leonardo Bacchi conduziu o Corinthians a uma campanha irretocável no Brasileiro deste ano. Depois de vivenciar um ano sabático, provou que um clube nacional pode atuar de forma organizada no gramado, em sintonia com o futebol moderno, e aponta um caminho que é largamente admirado por torcedores e comentaristas de todo o país.
Sociedade/Sustentabilidade: THELMA KRUG
Matemática e pesquisadora sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), é primeira brasileira no comando do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), ao qual foi eleita vice-presidente no ano passado. É uma das responsáveis pela implantação do Prodes, o programa de monitoramento do desmatamento na Amazônia por satélite, em funcionamento deste 1988. Co-presidente da Força Tarefa em Inventários Nacionais de Gases de Efeito Estufa do IPCC desde 2002, ela está entre as maiores especialistas do país nos cálculos e avaliação de emissões de carbono.
Sociedade/Ciência e Saúde: VERA CORDEIRO
Médica e clínica geral com especialização em psicossomática, trabalhou por 20 anos no Hospital da Lagoa, no Rio. Em 1991, ela fundou a Associação Saúde Criança (ASC) após observar que muitas das crianças tratadas no setor de pediatria do hospital voltavam a ser internadas em razão das más condições de vida de suas famílias. Criou o Plano de Ação Familiar, em que uma equipe formada por assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos, psiquiatras e advogados, em parceria com a família, buscam quebrar o círculo vicioso de miséria, internação, alta, reinternação e muitas vezes morte que atinge estas crianças. A metodologia hoje é adotada por 23 instituições em todo o Brasil.
Educação: PATRÍCIA GOMES DE AZEVEDO
Diretora da Escola Municipal Haydea Vianna Fiuza de Castro, localizada numa das entradas da Favela do Aço, no bairro de Paciência, Zona Norte do Rio. O colégio tem a maior nota do Ideb, principal indicador de qualidade do ensino do Ministério da Educação, entre as escolas públicas da capital fluminense. Nascida e criada em Senador Camará, região também marcada pela violência no Rio, a profissional de 34 anos está à frente da unidade desde 2009, onde apostou numa gestão eficiente que usa métodos de diagnóstico de problemas, planejamento e ação para levar o colégio ao topo do ranking.
Segundo Caderno/Prosa: NEI LOPES
O escritor e compositor se destacou em várias áreas em 2015, afirmando-se como um dos principais intérpretes da cultura afro-brasileira. Seu romance “Rio Negro, 50” é ambientado no Café e Bar Rio Negro, ponto de encontro de intelectuais negros cariocas em meados do século XX. Já o “Dicionário da História Social do Samba”, escrito com Luiz Antonio Simas, traz 393 verbetes sobre o gênero. Lopes ainda ganhou o prêmio Bibi Ferreira pela música do espetáculo “Bilac Vê Estrelas”.
Segundo Caderno/+TV: MARIA JÚLIA COUTINHO (MAJU)
À frente das previsões meteorológicas dos telejornais da Globo, Maria Júlia Coutinho, a Maju, estreou no “Jornal Nacional” em abril do ano passado. Logo, tornou-se uma das “moças” do tempo mais comentadas da emissora. Em vez dos 40 segundos que estava acostumada, passou a ter dois minutos e meio para comentar a meteorologia. Com sua espontaneidade, Maju se tornou o rosto de uma luta antiga no Brasil: o racismo. Após ser ofendida por comentários racistas na internet, em julho, internautas se mobilizaram e usaram a hashtag #SomosTodosMaju para apoiar a jornalista.
Revista O Globo: OS OCEANÓGRAFOS DO MAQUA
Nos últimos 30 anos, a população de golfinhos que reside na Baía de Guanabara sofreu uma baixa de 90%. Em 1985, eram 400. Atualmente, 38 (sobre)vivem nas poluídas águas, segundo levantamento do Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores (Maqua), da Faculdade de Oceanografia da Uerj. Desde 1992, os pesquisadores monitoram os botos-cinza e, em 1995, passaram a utilizar a técnica de fotoidentificação. Os botos nascem com a nadadeira dorsal lisa, mas, por conta da interação com o ambiente, ganham marcas, que viram uma espécie de impressão digital. Assim, passaram a ser chamados por números e até apelidos, como Regina, Guapi, Laranjinha e Acerola. O laboratório é coordenado pelos oceanógrafos Alexandre Azevedo e José Laílson Brito, que lutam pela vida dos animais que são símbolo da bandeira do Rio.
ELA: GISELE BÜNDCHEN
A modelo mais bem-sucedida da história da moda comemorou 20 anos de carreira em 2015. Gisele anunciou que deixaria as passarelas para dedicar-se apenas aos editoriais e campanhas de moda. Em abril, a São Paulo Fashion Week parou para vê-la desfilar pela última vez. A Colcci armou um espetáculo, com direito a um time de top models de primeiríssimo time, todas amigas de Gisele. Em outubro, ela lançou um livro de fotos que resumem a sua trajetória. São mais de 300 imagens clicadas pelos mais importantes nomes da fotografia de moda atual, como Peter Lindbergh, Juergen Teller, Steven Meisel e Mario Testino. A edição de colecionador da obra, editada pela Taschen, tem apenas mil cópias, todas numeradas e assinadas pela übermodel. Esgotou tão logo foi lançada. Entre um trabalho e outro, ela se dedica ao posto de embaixadora do Fundo das Nações Unidas para o Meio Ambiente e ao Projeto Água Limpa, que promove ações pela melhor qualidade da água no Rio Grande do Sul, estado natal da modelo.
Segundo Caderno/ Cinema: ANNA MUYLAERT
Anna Muylaert pode se tornar, em breve, a primeira diretora brasileira a representar o Brasil no Oscar de melhor filme estrangeiro. Mas a paulistana de 51 anos é mais do que uma aposta para a temporada de premiações em Hollywood. Com seu “Que Horas Ela Volta? ”, ela produziu uma obra de apelo internacional e, ao mesmo tempo, profundamente brasileira, trazendo à tona, com inteligência e uma contida complexidade, temas como conflito de classes, transformações econômicas e o papel da mulher na sociedade contemporânea.
Segundo Caderno/Teatro: CLAUDIO BOTELHO E CHARLES MÖELLER
É impossível contar a história dos musicais no Brasil sem ter no elenco principal o duo de realizadores Charles Möeller e Claudio Botelho, responsável pelas versões nacionais de grandes sucessos da Broadway e por criações originais. A dupla conseguiu se transformar numa grife: quem vai a um de seus espetáculos já espera um alto grau de sofisticação. A primeira produção em que os dois trabalharam foi “Hello, Gershwin”, há 25 anos, com direção de Marco Nanini. O duo Möeller & Botelho tomaria forma alguns anos depois, em “As Malvadas”, com o primeiro cuidando de texto e direção, e o segundo, da direção musical. Desde então fizeram 37 musicais e colecionaram prêmios e sucessos de público, como “7 — O Musical”, “Avenida Q”, “A Noviça Rebelde”, “Todas As Canções De Chico Buarque Em 90 Minutos” e “Beatles Num Céu De Diamantes”. Neste ano, chegaram a ter quatro espetáculos em cartaz simultaneamente.
Segundo Caderno/Música: GILBERTO GIL E CAETANO VELOSO
No ano em que celebraram 50 anos de carreira e amizade com a turnê mundial do show “Dois Amigos, Um Século De Música”, Caetano Veloso e Gilberto Gil também estiveram no epicentro das discussões sobre guerra e paz no conflito entre Israel e Palestina. A dupla não só recusou o boicote feito por outros artistas a Israel, fazendo show em Tel Aviv — sob alegação de que “é contraproducente isolar Israel, se o objetivo é buscar a paz” — como esteve pessoalmente na Cisjordânia para acompanhar as negociações de paz local, mostrando que são artistas comprometidos com o seu tempo, como sempre foram nestes 50 anos.
Segundo Caderno/Artes Visuais: GILBERTO CHATEAUBRIAND
Gilberto Chateaubriand completou 90 anos em 2015 como o maior colecionador brasileiro de arte e não se cansa de engordar sua coleção, abrigada em regime de comodato no Museu de Arte Moderna do Rio. Hoje com mais de oito mil peças, ela é constantemente acrescida de obras de novos nomes. Colecionador com características de mecenas — ele já comprou muitas obras ainda a serem produzidas —, Chateaubriand, como observa a artista Adriana Varejão, ocupa um papel não cumprido por nenhuma outra instituição no país.
Desenvolvimento do Rio (Firjan): INVEPAR
A Invepar é sinônimo dos principais projetos de mobilidade urbana em implantação hoje na cidade do Rio, sede das Olimpíadas de 2016. Dona do Metrô Rio, a empresa tem o direito para adquirir a operação da futura linha 4 do metrô, que vai ligar a Barra da Tijuca à Zona Sul do Rio. Além disso, faz parte do consórcio que está construindo, e vai operar, o sistema de Veículos Leves sobre Trilhos (VLT), no Centro. Faz parte ainda do grupo que vai operar a Transolímpica, via expressa entre a Barra e Deodoro, na região Norte do Rio. Na área social, o Rio é onde a empresa mais investe, com ações culturais, esportivas, de reciclagem e de inclusão.