Como diz a famosa frase do pai da dialética: “a única constante da vida é a mudança”. Essa afirmativa nunca foi tão verdadeira quanto no mundo atual. Estamos em um estágio da sociedade em que gerações com características muito ímpares coexistem. Essa coexistência de pessoas com focos e ambições tão diferentes está impulsionando uma grande mudança nas gestões organizacionais e, consequentemente, no papel das lideranças.
Com conceitos diferentes do que significa ser bem-sucedido, cada uma dessas gerações tem uma ideia própria de como deve ser uma empresa e um ambiente de trabalho. Dentro desse contexto multidiversificado, qual é o papel do líder?
Até pouco tempo atrás, em modelos de gestão nos quais o objetivo era ser melhor que a concorrência e bater metas, o papel do líder era o de chefia, de recompensar habilidades consideradas fortes para o negócio da companhia e repreender aqueles menos produtivos. Nesse modelo, o líder era uma pessoa em constante exercício do poder, e a hierarquia da autoridade mantinha colaboradores e líderes afastados.
Hoje, um novo modelo surge em cada vez mais empresas, em que o foco é na cultura da organização e todas as pessoas na cadeia produtiva são valorizadas. Nesse contexto, o papel do líder passa de um chefe para um motivador, cuja função é empoderar as pessoas, tomar a posição de conciliação, buscando soluções a partir de uma visão compartilhada, e delegar funções para cada habilidade específica, extraindo o melhor de cada indivíduo para o desafio do momento.
Mas qual será o papel da liderança nos próximos anos? Com uma força de trabalho com presença cada vez maior de jovens da geração Z, mas ainda com muitos representantes das outras gerações, com suas diferentes motivações, o líder do futuro caminha para um papel cada vez mais autêntico. Isso porque, com tantas variáveis a ser consideradas na gestão de uma equipe – lucro, autorrealização, habilidades específicas, rapidez da comunicação, etc. – o líder precisa ser cada vez mais um indivíduo e menos um cargo.
A motivação do líder não deve mais partir de objetivos e metas, tampouco somente da cultura da empresa, e sim da real intenção do indivíduo, do que ele mesmo considera ser sua autorrealização. O líder que estiver 100% presente, considerando o ambiente e as pessoas ao seu redor ao mesmo tempo que também respeita e expõe suas próprias vulnerabilidades, é quem conseguirá encontrar na sua equipe complementos para que o grupo todo funcione em sintonia.
E como fazer isso? É fundamental que as organizações comecem a abrir espaços para essas jornadas de descobrimento. Passamos a maior parte da nossa vida dentro de empresas, então tem que ser dentro das empresas que essas jornadas acontecem.
No futuro das organizações, o líder que você se torna é a pessoa que você é.
Maria Carolina Santos é Chief Marketing Officer e Head de Produtos da ConectCar, é membro do board da empresa e lidera uma equipe de 17 pessoas