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Em um ano de números desafiadores para o mercado automotivo no Brasil, não há quem não tenha ouvido falar que em toda crise é possível encontrar uma oportunidade. Porém, as vezes é difícil identificar essa oportunidade em meio a tantos desafios.  Atualmente, o setor automotivo brasileiro tem enfrentado um momento de retração. Os dados da Federação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – Fenabrave, do mês de outubro, revelam que o mercado apresentou um recuo de 24,25% nos dez primeiros meses do ano, em comparação com 2014. 

Nesse cenário, qual o melhor caminho a seguir para não deixar as concessionárias vazias, aumentando as estatísticas negativas do setor?  Parece contraditório, mas aí está uma oportunidade de investimento. É o momento certo para investir em diferenciação, em aspectos que possam trazer o cliente para perto, onde ele estiver. E hoje, o cliente está no ambiente virtual e o ambiente virtual está no celular, mais precisamente nos smartphones, que já somam mais de 154 milhões aparelhos no Brasil, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV).

Os números comprovam que cada vez mais é preciso olhar para o universo móvel como grande oportunidade de negócio. Segundo uma pesquisa do Google de junho deste ano, o tempo que as pessoas passam acessando a web por meio de seus dispositivos móveis aumentou 112% no último ano e o acesso à rede via mobile já responde por quase 30% das conexões. O estudo Global Mobile Consumer Survey, realizado pela Deloitte, mostrou que 60% dos usuários de smartphones têm como função mais usada no celular a leitura de e-mails, 57% destacaram o uso de mensagens instantâneas, 44% a leitura de notícias, 43% o acesso a vídeos e 37% a busca de informações. 

Diantes das estatísticas, como o segmento automotivo no Brasil pode encontrar neste cenário uma oportunidade para o aumento das vendas? Outros números nos respondem: ao começar uma pesquisa para comprar um carro, 85% dos consumidores ainda precisam decidir o modelo e a marca, revelou o estudo Global Auto Shopper, realizado pelo Google e Netpop. O mesmo estudo mostrou que um terço do tempo de pesquisa para a compra de automóveis é registrado em dispositivos móvel.

Ou seja, não há como pensar em marketing e vendas sem olhar para o celular, e neste contexto as concessionárias no Brasil ainda precisam evoluir no modo em que marcam presença nesse ambiente. Não basta o desenvolvimento de um website completo com publicação de estoque atualizada, se ele trava ou não apresenta leitura compatível com a tela de um celular. É preciso pensar o marketing digital de maneira integrada com todos os ambientes onde se pode encontrar potenciais clientes.

Com o fortalecimento da cultura de smartphones no Brasil, o conceito “mobile first”  apresenta-se como um caminho de diferenciação e aumento de leads para as concessionárias, que podem começar o relacionamento com potenciais clientes a partir da oferta de conteúdo relevante de maneira responsiva e integrada em diferentes meios.

A Fenabrave apresenta uma projeção de crescimento entre 4% e 5% nas vendas totais de veículos em 2016, considerando todo o mercado automotivo doméstico. Pode parecer pouco, mas é um grande mercado a ser disputado e sai na frente quem oferecer vantagens para os clientes, desde o processo de pesquisa de compra, com conteúdo relevante e forma adequada em todos os ambientes.

Eduardo Cortez é presidente da Search Optics para a América Latina, uma empresa que apoia montadoras e concessionárias no Brasil e outros países da região no planejamento e execução de suas estratégias em marketing digital.