Tecnologia, marketing digital e campos relacionados estão protagonizando um fenômeno de crescimento nos últimos anos. Consequentemente, as vagas de emprego precisam ser preenchidas. Mas como esperar por uma grande quantidade de especialistas dentro de um contexto que mal teve tempo de ser conhecido?
Esse é um problema que vejo frequentemente no mercado. É fato que precisamos de mentes afiadas, pessoas que sabem lidar com dados, criatividade e inovação. Precisamos de profissionais adaptáveis. Porém, ninguém chega a níveis de excelência da noite para o dia. Mesmo com as demandas aumentando sem pena, as carreiras na nossa área sempre estão em desenvolvimento.
Daí chegamos a uma situação problemática: a velocidade desregrada de crescimento de carreira. As pessoas são promovidas quando ainda estão muito longe das expectativas e sem skills estratégicos para o cargo. É o modo como as empresas tentam cobrir os furos na operação. Isso para não falar da competitividade por talentos avançados, que faz com que profissionais de alto nível sejam cotados por diversas companhias.
Esse movimento se torna cíclico, os custos operacionais crescem e a produtividade cai. Surgem cargos para pessoas que não estão preparadas, o que aumenta significativamente o turnover e cria uma bolha no mercado.
Nos recrutamentos e processos seletivos, não é difícil encontrar candidatos com as características pessoais certas, mas sem todo o conhecimento técnico ou experiência. O recrutador tem a opção de continuar procurando, ou dar tempo para que a pessoa aprenda o que precisa aprender.
Para não ficar preso nesses dilemas, creio que a solução está em duas ações: um investimento concreto e focado na base de funcionários; e treinamentos para formação interna.
Há muitas pessoas começando e muitas outras que não sabem nem por onde começar. Não temos universidades preparadas para ensinar as tecnicidades do trabalho. É um novo universo que está se expandindo em alta velocidade, mas que precisa de muita atenção para funcionar.
De forma estratégica, é possível aumentar a base de profissionais juniores e começar a treiná-los in-house. A capacitação pode vir de inúmeras maneiras, desde cursos online (gratuitos ou pagos pela empresa) até a definição de horários do expediente só para aprender. Acha que há bastante conteúdo em inglês que valeria a pena investir? Comece oferecendo cursos de idiomas a quem não tiver o conhecimento necessário.
Sinto que diversas empresas se beneficiariam em dar um passo para trás e reestruturar a equipe dessa maneira. Eventualmente, cada um estará evoluindo no seu tempo, sem crescimento desequilibrado, sem desmotivação.
As coisas tendem a ser bem mais fáceis quando os processos certos são ajustados. Ao invés de buscar por especialistas que não existem, abra espaço para que eles surjam.
Luiz Fernando Ruocco é Sócio e Diretor de Operações da ROCKY, agência full digital parte da holding global S4 Capital, Coordenador de Mercado no ITI MBA da Universidade Federal de São Carlos (UFScar) e mentor de negócios na Liga Ventures.