Há dois anos como embaixador do UFC, cuidando do relacionamento com atletas brasileiros no torneio, o ex-lutador de MMA Rodrigo Minotauro empresta sua imagem a uma série de produtos, desde energéticos a uma linha de suplementos esportivos, além de gerenciar com o irmão gêmeo, Antônio Rogério Minotouro, uma rede de academias que leva seu sobrenome, a Team Nogueira.

Mas nem sempre essa abertura com anunciantes e com o próprio público existiu. Durante entrevista exclusiva ao PROPMARK, o ex-campeão mundial da categoria peso-pesado no UFC admitiu que há pouco mais de dez anos havia um preconceito muito forte no Brasil, algo que não acontecia no exterior. Com a popularização do esporte, incentivada pela exibição das lutas em TV aberta, a partir de 2011, e de atrações como o The Ultimate Fighter – TUF Brasil, reality exibido pela TV Globo, o qual participou de duas edições, como técnico, o cenário mudou de figura.

Protagonista de campanhas marcantes, como o filme “Folgado”, criado pela Neogama para o Renault Duster, e “Minotauro não faria”, criado pela Y&R para a Honda Motors, o ex-atleta tem se dedicado a projetos de conteúdo para internet e TV paga. Em parceria com o canal Combate, está preparando a segunda temporada do documentário “Viver para Lutar”, em que visita diversos países pelo mundo, apresentando estilos diferentes de artes marciais. Também ainda este mês passa a apresentar direto dos estúdios do Facebook o programa Corner, totalmente reformulado e ao vivo.

A seguir, confira os principais trechos da entrevista, concedida durante evento promovido pela Sky, em São Paulo.

Você já fez propagandas para a Adidas, Renault, Honda, TNT, entre outras. Como tem sido a experiência de aliar sua imagem às marcas?
Tem sido muito legal essas experiências. As da Honda e Renault, todo mundo na rua comenta até hoje porque eram muito bem humoradas. Engraçado que conheci o diretor de marketing da Honda, à época, quando ele veio participar de um prêmio da Duas Rodas no Brasil, e ele comentou que foi resistente a minha contratação porque luta é um esporte de risco e moto também. Risco com risco não combina, mas ele resolveu apostar. Deu tão certo que ele pediu a segunda campanha.

Você recebe muitas propostas de trabalho? Quais critérios utiliza?
Eu examino o que a marca pode acrescentar a minha imagem. O atleta tem que analisar com cuidado, não pode ser apenas uma questão financeira, há propostas de marcas que não vão muito com a imagem que você quer ser percebido. Na época que atuava como atleta profissional, era mais cuidadoso, evitava fazer propaganda de marca de bebida alcoólica, essas coisas. Hoje em dia, eu até posso fazer, mesmo porque eu tomo, voltei a beber depois de velho, me dei o direito de ser uma pessoa normal, mas o atleta tem que ver o que a marca pretende fazer com a sua imagem.

Se sente confortável na posição de influenciador? Como foi essa transição do corner para o entretenimento?
O lutador geralmente não é mesmo o perfil para campanha publicitária, mas estamos quebrando esse preconceito. O Brasil tinha muito preconceito com o MMA no passado. Lembro exatamente como foi minha volta para casa, depois de disputar o mundial no Japão. De Las Vegas para Miami, eu entrei no avião com as luvas ao redor do pescoço e o cinturão e me anunciaram no vôo como campeão mundial. A galera aplaudiu, comemorou junto. No trecho de Miami para o Brasil, a galera já me olhou diferente. Eu estava com olho roxo e tal. Eu sentia o preconceito, mas depois que as lutas começaram a ser transmitidas em TV aberta, em 2011, a coisa foi mudando. A galera aceitou de vez o MMA.

O TUF contribuiu para popularizar o esporte?
Sim, também. O programa começou em 2005, nos Estados Unidos, e ajudou para que o público conhecesse o lutador como pessoa, seu sofrimento para treinar, a perda de peso, as relações com a família. Hoje é comum na TV ter programas que acompanham a vida do cara um mês antes da luta, mostrando todo esse bastidor.

E essa abertura midiática abriu as portas para marcas se aproximarem? Elas passaram a enxergar o esporte com outros olhos?
Claro, o MMA traz valores como não desistir nunca, de superação. Hoje, a Reebok, marca oficial do UFC, eles têm um investimento forte no crossfit e a modalidade nada mais é do que quebrar barreiras, limites. São valores importantes. O MMA se tornou um estilo de vida e as marcas se deram conta disso.

Quais projetos o UFC tem trabalhado para difundir o esporte?
A gente está produzindo bastante conteúdo em vídeo. Acabamos de lançar um documentário para o Combate, que demos a volta ao mundo, explorando seis artes marciais em seis países diferentes. Vamos começar a gravar agora a segunda temporada, mostrando o sumô, no Japão, o wrestling no Irã, o boxe, em Cuba, ou seja, modalidades bem particulares em cada região. A gente chega a rodar seis documentários ao mesmo tempo para o Combate. Tem um projeto só sobre fãs, outro, chamado de “Espírito da luta”, que vai resgatar desde as tribos indígenas o DNA da luta.

Você tem também um programa no Youtube. Ele vai continuar?
O Corner vai migrar para o Facebook. Será uma atração apresentada todas às quartas-feiras, ao vivo. Já temos esse projeto há dois anos, mas agora vamos passar a gravar na sede do Facebook. Será um programa de meia hora, com quadros, entrevistas, maior interação com os fãs. O UFC é uma empresa geradora de conteúdo. Produzimos materiais exclusivos para o canal Combate, que é nosso parceiro e sócio do UFC. É uma forma de difundir o esporte. Hoje a gente tem mais de 500 mil assinantes do canal Combate.