Raphael Vandystadt, diretor de relações institucionais e sustentabilidade da Africa (Divulgação)

Como se sente como cidadão?
Como brasileiro me sinto ultrajado. Um cidadão e um ser humano de segunda classe. Pensar em todas as oportunidades perdidas para a compra de vacinas no ano passado, no desmantelamento do SUS, que já foi uma referência mundial e nas milhares de vidas que podiam ter sido salvas, me entristece profundamente. Já fomos a oitava economia mundial e em 2020 voltamos ao Mapa da Fome. O país que alimenta o mundo precisa promover a arrecadação de cestas básicas para alimentar seu próprio povo! O Brasil andou para trás. Já lideramos a região por nossa excelência em diversos campos, mas hoje somos um laboratório a céu aberto a exportar variantes de vírus para o mundo. Lamentável e desalentador. O Brasil, como marca, vive seu pior momento.

Como se sente como publicitário?
Sinto que devemos usar todo o nosso talento, todo o nosso poder de mobilização e convocação para engajar a sociedade no combate da pior ameaça que esse país já enfrentou. Por facilidade de trânsito, publicitários e comunicadores devem promover pontes entre o setor privado/marcas, sociedade civil organizada e organismos multilaterais entorno de campanhas com focos específicos: arrecadação de recursos e desate dos nós logísticos que atravancam a aceleração do plano nacional de imunização.

O que pretende fazer para contribuir com o Brasil neste momento?
Pretendo continuar fazendo aquilo que faço de melhor: conectar pessoas e instituições em torno de causas socialmente relevantes. Desde o início da pandemia, a Africa está ao lado da Central Única das Favelas e agora está apoiando diretamente na mobilização para arrecadação de fundos para campanha Mães da Favela, que beneficia famílias em mais de 5000 comunidades em todo Brasil. Nosso papel é conectar marcas e organizações que conseguem fazer com que os recursos dessas empresas cheguem onde precisam chegar, portanto, queremos cada vez mais contribuir para que o setor privado possa ajudar ONGs e entidades de atendimento direto a realizarem seu trabalho. Não é hora de purpurina. Não é hora para de pensar em mudanças estruturais. Mudanças são necessárias, claro, mas a hora é de ajudar a quem precisa. Assistencialismo? Sim, evidentemente! Esse é o momento, como dizia Betinho: quem tem fome tem pressa.