Desde o lançamento do Orkut as pessoas, sobretudo os brasileiros, passaram a viver muito em função das redes sociais. Muitas vezes é por esse instrumento que ficamos sabendo de como andam nossos amigos, se viajaram, se foram a tal restaurante, se estão namorando. Dá para saber se seus filhos se formaram, o quanto cresceram, se cortaram o cabelo, ou seja, um prato cheio para as mentes do mal.
Nas redes, onde tudo acontece, devemos lembrar, o acesso não seleciona ninguém. Quantos amigos estão nas suas páginas do Facebook, Instagram ou Twitter que você, na verdade, nunca passou perto? Essas adesões viraram conveniências, tornaram-se interesses pessoais ou profissionais. Muitas vezes essa aproximação esconde coisas inconfessáveis. Vejam, por exemplo, o caso recente dos ataques racistas pelas redes sociais ou da situação em que se viu envolvida a apresentadora Ana Hickman?
Mas estamos na era da tecnologia, em que tudo ocorre e todos participam em real time. É a mensagem instantânea, a facilidade de acesso à notícia e troca, muita troca de informação. Novas amizades, novas ideias, fatos recentes e comentários os mais variados sobre um determinado assunto ou acontecimento. Como é prazeroso trocar uma conversa com um amigo, saber da sua opinião sobre algo interessante e, claro, dar a sua também, enfim, estreitar relacionamento com quem você estima e considera verdadeiro.
Acontece que essa exposição permite a quem tem más intenções agir no planejamento de ações para prejudicar as pessoas de bem. A mera proliferação de mensagens de Ana Hickman na verdade indicava a quem quisesse todos os seus passos, minúcias do seu dia, da rotina familiar, de seus amigos. Mostrava a forma como ela pensa, as coisas que gosta, seus defeitos e qualidades.
Salve a tecnologia, não dá mais para nos imaginarmos a vida sem ela. Quem viveria sem o celular, a internet, o Facebook? Os jovens então não conseguem pensar como nós, mortais que nascemos antes de tudo isso, conseguíamos nos comunicar. A verdade, meus amigos, é que substituímos os contatos pessoais, as visitas, o hábito das cartas, todos meios que sem querer selecionavam os verdadeiros e sinceros amigos. Hoje não, basta curtir e pronto, é como se isso indicasse uma ação de proximidade.
Em suma, será que o grau de exposição não está um pouco exagerado? Não seria o caso de pessoalmente todos fazermos um exame de consciência a esse respeito? Acho, claro, que não deve haver nenhum tipo de cerceamento ou censura por parte dos administradores das redes, mas um movimento das pessoas no sentido de interromperem essa necessidade que se tornou frenética de mostrarem suas vidas, de exporem seus momentos mais íntimos. Pelas redes, as pessoas escolhem seus melhores ângulos.
Será que as pessoas imaginam também que todos que clicam “curtir” verdadeiramente torcem pela felicidade e desejam sucesso? Acho pessoalmente que não, que muitos não estão fazendo aquilo de forma convicta. Suspeito até que muitos exercitam a inveja e a cobiça diante da felicidade estampada em momentos especiais. Enquanto existir o ser humano, haverá sinceridade e falsidade, verdade e mentira, lealdade e deslealdade e muitos outros contrastes que não vale a pena enumerar. Vamos então tratar as redes sociais com a devida atenção, respeitando os objetivos para os quais elas foram criadas.