Eu poderia estar falando daquele ponto G, ligado ao prazer feminino, ou do G do 5G, que foi o grande fato da semana passada, com o sucesso do leilão que equiparará o Brasil aos países desenvolvidos. Mas tenho outro G em mente, ao escrever este artigo. Antes de entrar no tema do G objeto deste texto, vale nos determos um pouco no 5G.

A perspectiva da mudança de patamar nas conexões proporcionadas pelo 5G nos leva a imaginar possibilidades jetsonianas de ver finalmente carros voadores transitando seguros pelos nossos céus; equipamentos urbanos “conversando” entre si, fazendo semáforos abrirem e fecharem de forma mais inteligente.

Além de outras perspectivas do universo das smart cities; carros autônomos circulando por aí; drones ampliando ainda mais sua presença, tanto no campo, monitorando culturas agrícolas ou fornecendo dados para a agropecuária, como nas cidades, realizando entregas rápidas de compras geradas no e-commerce.

Entrar nesse universo que parecia futurista, mas que já começa a se tornar realidade, nos faz retomar esperança de uma dinamização de negócios também na área do marketing. A velocidade de conexão ampliada, e a possibilidade de contar verdadeiramente com objetos interagindo entre si, nos faz pensar numa revolução no OOH ou nos PDVs, por exemplo.

Sem falar no alcance ampliado da realidade virtual e aumentada e no tal metaverso. O prazo de aplicação é curto para as capitais brasileiras: já em julho de 2022 teremos o sistema operante nessas cidades. Esse G, precedido de um 5, nos dá esperança de um mundo melhor, mais dinâmico. Mas quero agora entrar no G inspirador deste texto: o G de ESG.

Ao tratarmos de ESG, surgem automaticamente exemplos de como podemos atuar na preservação do meio ambiente (E, de Environmental) ou no campo social (S, de Social). No campo ambiental, podemos vislumbrar um uso mais racional de energia, ou na aplicação dos 3 Rs – Reduzir, Reutilizar, Reciclar – ou numa destinação adequada ao lixo e resíduos. No campo social, já temos falado bastante da equidade de gêneros, da inclusão social, da quebra de preconceitos de qualquer ordem. Mas e o tal G, de Governança? Uma governança ética e transparente implica na adoção de práticas específicas, tais como:

1- Garantir remuneração justa para todos; 2- Ter tratamento respeitoso em todas as esferas e entre todos os stakeholders; 3- Seguir condutas éticas e anticorrupção nos negócios; 4- Praticar transparência fiscal; 5- Impedir casos de assédio, discriminação e preconceito.

Para alguns players, estes são pontos já absorvidos na cultura da empresa, mas há ainda uma conduta dúbia – ou inadequada mesmo – por parte de muitos outros.

Vejamos os dois primeiros itens da lista acima: 1- Remuneração justa para todos e 2- Tratamento respeitoso entre todos os stakeholders.

Levando-se em conta esses dois pontos, temos de ressaltar que “remunerar de forma justa” não deve ser uma preocupação olhando apenas para dentro das empresas.

De nada adianta ter uma prática adequada para dentro e outra, nociva e inadequada, para fora. Ter “tratamento respeitoso entre todos os stakeholders” significa ter uma visão empática e justa ao contratar fornecedores.

No nosso mercado, vemos ainda empresas contratantes adotando práticas condenáveis, tais como: concorrências job a job não remuneradas; número exagerado de agências acionadas para uma concorrência (mais do que quatro é inadequado); estabelecimento de remuneração irreal, abaixo da necessidade para um trabalho de qualidade; estabelecimento de prazos abusivos, tanto para efetivação das ações contratadas, como de prazos de pagamentos, acima dos razoáveis 30 dias.

Há ainda a falta de transparência e de feedback na hora de decidir pela agência A ou B. Enfim, parece que algumas empresas ainda não entenderam bem a amplitude do G, de ESG. Este é o ponto G que nos levará a um novo patamar em termos de relações justas e sustentáveis. Bora praticar?

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) (alexis@ampro.com.br)