O estudo da Orbit Data Science apontou 239 opiniões diferentes sobre o tema, com 17 categorias de opinião
O tema "metaverso" tem se tornado cada vez mais comum nas rodas de conversas, briefings de agências e nas campanhas publicitárias. Em 2021, quando o Facebook anunciou que a sua empresa agora se chamava Meta, as conversas sobre o tema se aqueceram, principalmente nas redes sociais. Mas o que pensam os brasileiros, norte-americaos e britânicos sobre este assunto?
A Orbit Data Science analisou o que usuários do Twitter, Facebook e Instagram falaram sobre metaverso, no período de julho de 2021 a julho de 2022. Na pesquisa, foram analisados 3.157 comentários sobre o tema, sendo 1.053 menções de brasileiros, 1.066 menções de usuários dos Estados Unidos e 1.056 de usuários do Reino Unido.
No total, a análise descobriu 239 tipos de opiniões distintas, que foram divididas em 17 categorias de opinião.
No Reino Unido, o estudo revelou que o debate sobre o tema se concentra na discussão sobre ‘Assédio sexual no Metaverso’, com 32,2% do total do país. Nos EUA, a prioridade das conversas se dividiu entre ‘Entendimento’ (com 31,5% das opiniões) e ‘Facebook’ (13,9%), com opiniões sobre a empresa de Mark Zuckerberg.
Já no Brasil, a categoria ‘Assédio’ teve somente 1,42% das opiniões, e as demais foram distribuídas principalmente entre ‘Entendimento’ do Metaverso (37,8% do total) e ‘Expectativa’ com relação a nova tecnologia (17%).
‘Infraestrutura’, ‘Entendimento’ e ‘Contato real’
Segundo o estudo, os usuários questionaram a viabilidade de infraestrutura e equipamentos para se implementar o metaverso, sendo que alguns lembraram dos valores altos dos óculos de realidade virtual e da necessidade de uma boa conectividade de internet para entrar no mundo digital.
Entre brasileiros, a ocorrência de opiniões da categoria ‘Acesso ao Metaverso' foi mais que o dobro das ocorrências somadas dos EUA e do Reino Unido: 30 opiniões de brasileiros contra 13 de americanos e britânicos). Entre os exemplos dos comentários brasileiros, estão "a grande maioria não tem PC. Essa realidade no Brasil é utópica, já que falta comida na mesa” e “a internet em São Luís está horrível, não dá nem para navegar o básico. Uma das principais capitais do Brasil. Aí vem falar de metaverso, mermão eu não tô lendo e-mail em pleno 2022”.
Na categoria Entendimento, o levantamento apontou que as opiniões mais recorrentes foram de usuários que afirmaram não gostar da ideia de metaverso, nem de um mundo virtual e que não quererem participar desse ambiente. De todas as opiniões sobre ‘Entendimento’ coletadas no estudo, 46% foram de pessoas que de alguma forma reprovaram a ideia de metaverso.
Dos três público analisados, os norte-americanos foram os que mais demonstraram aversão ao Metaverso, com 17% de todas as opiniões contrárias. Já os brasileiros demonstraram, em 13% das ocorrências, um desacordo à plataforma e os britânicos apenas 8% de opiniões contrária à ideia do Metaverso.
Nos comentários analisados, a pesquisa apontou que houve menção à limitação do mundo virtual de reproduzir a realidade e cerca de 7% da categoria "Entendimento'' afirmaram que o metaverso não consegue reproduzir toda a realidade.
Com relação ao desconhecimento sobre o que é Metaverso, a análise mostrou que os brasileiros foram os que mais afirmaram não saber bem o que é esse ambiente virtual, com 67% das opiniões que assumiram desconhecimento sobre Metaverso.
O universo dos games também foi bastante associado ao Metaverso, seja comparando a outros jogos, comentando sobre a interface gráfica ou assimilando experiências entre as plataformas. As associações de Metaverso mais encontradas neste estudo foram ao jogo The Sims, com 25% de todas as comparações a games e, depois, à plataforma Second Life (com 23%).
Na categoria "Expectativas", o estudo apontou que 34% do público analisado está animado com as possibilidades que o metaverso pode apresentar. Os brasileiros foram os que mais se mostraram entusiasmados com as possibilidades do mundo virtual, com 42% das ocorrências, seguidos dos americanos com 38%.
Por outro lado, o estudo também apontou uma descrença com o metaverso e cerca de 13% das expectativas foram de que “metaverso não vai ter sucesso”. Os brasileiros novamente encabeçaram as ocorrências da opinião nesse sentido, com 62% delas.
‘Sociedade’, ‘Assédio’ e ‘Negócios’
A pesquisa apontou que as categorias "sociedade", "assédio" e "negócios" foram as que mais tiveram destaque.
Em "sociedade", o estudo encontrou opiniões com viés pessimista, às vezes até apocalíptico, em que se apresentaram as implicações do metaverso no âmbito da sociedade. A opinião mais recorrente foi a que afirmou que o ‘Metaverso reproduz os problemas da sociedade’, dita principalmente pelos britânicos, que representaram 43% de opiniões como está, seguidos pelos brasileiros com 32%.
O levantamento também observou que o parte do público acredita que a internet deveria ser usada para "coisas mais úteis", sendo que metade deste tipo de opinião foi emitida por usuários brasileiros.
Na categoria "assédio", as notícias sobre importunação no mundo virtual foram comentadas pelos três públicos analisados, sendo que 86% vieram dos britânicos.
De todas as opiniões sobre assédio, 30% criticaram os casos ocorridos no metaverso. Entretanto, 53% de todas as opiniões sobre o tema minimizaram os casos, seja ironizando, negando ou alegando que era só a usuária se "desconectar para evitar o assédio".
Sobre "negócios", o estudo apontou que o público é mais otimista e 18% dos comentários falam que o mundo virtual "vai impulsionar o mercado". Os comentários otimistas foram feitos, em maioria, pelos brasileiros. Já os negativos foram feitos, em maioria, pelos norte-americanos.
O estudo da Orbit Data Science conclui que, entre os três países, de fato existe uma discussão sobre o tema, possibilidades, impactos, desafios e expectativas para o mundo virtual. Além disso, o levantamento também conclui que, apesar de compartilharem muitas opiniões, as diferentes conjunturas nacionais levam a diferentes reflexões.
No Brasil, a discussão permeia os problemas estruturais que podem impedir o acesso ao Metaverso, enquanto no Reino Unido já se discute pertinência de crimes cometidos em um ambiente virtual.
Contudo, é comum a todos os países a atenção a alguns pontos-chave, como: negócios, Sociedade e Assédio. Se por um lado o ambiente virtual é visto como possível impulsionador e gerador de novos negócios, por outro já se discute a possibilidade de ele ser usado como recurso para lavagem de dinheiro.
Da mesma maneira, se já se fala sobre os benefícios que podem ser gerados pelo avanço da tecnologia, também já há temor sobre seus possíveis impactos negativos.
Além disso, as empresas que promoverão ou participarão do metaverso terão que lidar com essa nova forma de se relacionar por meio de avatares e colaboradores reais, fazendo com que os departamentos de RH precisem lidar com um novo desafio: a governança em ambientes virtuais.