O último trimestre é o período no qual as agências de publicidade traçam metas e definem estratégias de atuação para a próximo ano

O ano vai se aproximando do fim e é chegada a época de as empresas planejarem 2024. Diversas variáveis são levadas em conta para se definir a continuidade e/ou mudanças para o próximo ano. A conjuntura econômica e a consequente previsão de como se comportará o mercado são, sem dúvida, prioritárias. Mas novidades sempre aparecem e trazem junto desafios de gestão. Neste campo, destaque para o uso de novas tecnologias, como o emprego de ferramentas de IA e a implementação de políticas ESG, com as pautas de diversidade, inclusão e meio ambiente tornando-se a cada dia mais estratégicas no mundo corporativo.

Outro fator que pesa na definição de metas é a política, tanto em nível local como global. O Brasil, nesse quesito, vive atualmente um clima de aparente calmaria, mas, em se tratando de previsões, uma bola de cristal seria bem-vinda, pois os humores de Brasília podem mudar de um dia para outro. No cenário internacional, nuvens carregadas anunciam um ano vindouro tempestuoso: a guerra na Ucrânia não dá sinais de desfecho a curto ou médio prazo. E os ataques terroristas do último dia 6, em Israel, explodiram mais uma vez aquela região sempre instável. No mundo globalizado atual, onde as cadeias produtivas, comerciais e financeiras estão intimamente ligadas, esses conflitos têm o poder de desestabilizar qualquer planejamento, mesmo em locais distantes, como o Brasil.

O mercado publicitário não foge à regra quando chega a hora de planejar os passos do ano seguinte. As agências já colocaram suas equipes num verdadeiro brainstorming para definir metas e estratégias para 2024.

O propmark ouviu executivos de algumas das principais agências brasileiras sobre os planos futuros. Eles responderam às seguintes questões: Como a agência organiza as discussões sobre o planejamento de ações e verba para o próximo ano? Geralmente, quanto tempo é necessário para concluir esse plano? Como é essa dinâmica? Quais lideranças são envolvidas no planejamento?  O que é levado em consideração?  Qual é o peso da conjuntura econômica nas decisões? Como o contexto de mercado das agências, o momento dos clientes e questões sociais influenciam no plano? Quais critérios delimitam a estratégia de gestão de pessoas, considerando a verba destinada para contratações? Quais ferramentas e tecnologias devem ser adquiridas para elevar a qualidade e fluidez operacional da agência? Recursos de inteligência artificial devem puxar os investimentos em 2024? Podem antecipar uma estimativa de atração de novos talentos em 2024, visto que o capital humano é um dos principais investimentos das agências? Quais os demais pilares de investimento?

“Estamos adotando uma abordagem cada vez mais verticalizada e personalizada para atender às demandas exclusivas de cada cliente. Isso nos permite desenvolver um planejamento anual flexível, levando em consideração as particularidades de cada conta e suas necessidades para o próximo ano. Após a definição de todos os planos individuais, passamos à compilação das iniciativas totais somadas ao planejamento geral da agência, incorporando objetivos macros de gestão e desenvolvimento de pessoas, comunicação e ferramentas, ou seja, todas as iniciativas transversais da agência. A DDB, grupo do qual fazemos parte, desempenha um papel crucial no alinhamento de estratégias, mesmo que tenhamos alcançado um grau significativo de independência. Levar em consideração as condições atuais das contas, o contexto macroeconômico e eventos especiais (como, por exemplo, um ano olímpico) influencia nas nossas decisões estratégicas. O contexto de mercado, as necessidades dos clientes e questões sociais são fatores cruciais na formulação das estratégias da agência. Isso demonstra o compromisso da agência em estar atenta às mudanças e acontecimentos relevantes que possam impactar a comunicação e o marketing de seus clientes. Em relação às ferramentas, utilizamos a plataforma de business intelligence “Omni”, que faz parte do Grupo DDB.” Carol Boccia, COO da Africa Creative
“Para planejar, primeiro tenho um alinhamento com time de criação, principalmente, para entendermos e amarrarmos as premiações. Depois, um alinhamento com a área de RH, pois estabelecemos nossos investimentos em pessoas com treinamentos e cursos. Por fim, com time corporativo para conciliar o que temos de expectativa de receita x nossos custos para mantermos margem operacional. Tudo isso envolve o CCO, o head de RH, a diretora financeira e eu, COO. Levamos em consideração custos, taxas, projeções econômicas e expectativas de faturamento incremental x ano vigente. Para nós, novas contratações dependem do estabelecimento de novos contratos. Há uma expectativa de um aumento em torno de 10%. Na Cheil, seguimos focando em novas unidades de negócios, como automação de marketing, estúdio próprio para lives e 3D.” Tatiana Pacheco, COO da Cheil
“As agências de comunicação são fornecedoras de serviços e, portanto, planejam o seu ano a partir da expectativa que têm em relação ao seu portfólio de clientes. Isso inclui não apenas as marcas que já estão na casa, como também new business, com a entrada de novas contas e de eventuais projetos. Começamos a planejar o ano seguinte por volta de agosto, levando em consideração análises cirúrgicas do nosso time de negócios. É isso o que guia o perfil da operação em si e os investimentos destinados a diferentes áreas. Analisamos o cenário macro e as ambições de crescimento dos nossos clientes. Ao mesmo tempo, planejamos quais são as áreas de investimento em que deveremos focar para ajudar nossos clientes, passando por IA, softwares de mídia e plataforma de gestão de influenciadores, além de talentos e marketing. Ouvimos todo o nosso board, essas conversas ocorrem com periodicidade e envolvem o potencial de crescimento do negócio dos clientes e o nosso. A conjuntura tem peso preponderante, pois, se o cenário do negócio do cliente for recessivo, temos de pensar num leque de soluções, focados em ROI com menor investimento, porém com grande impacto, no caso de cenário de expansão, como crescer, apoiando de forma estratégica, trazendo soluções que assegurem a obtenção do resultado" Fernando Taralli, CEO da VMLY&R

(Crédito: Kelly Sikkema na Unsplash)

Leia a matéria na íntegra na edição de 23 de outubro de 2023