Joanna Monteiro, da FCB: "produtoras são parceiras importantes"“O que querem as agências de publicidade?”. O título da palestra era freudianamente enigmático e parecia ter o potencial de revelar alguma grande verdade escondida. O salão lotado provou o enorme interesse que o mercado de produção audiovisual tem em torno da publicidade e suas possibilidades de unir conteúdo e marcas. Se as produtoras enxergam as agências como as detentoras de uma espécie de “santo graal” – das verbas e decisões de anunciantes importantes  -, as agências reconhecem, por outro lado, que mais do que nunca precisam da parceria das produtoras para incrementar os projetos e propostas de conteúdo criativo para seus clientes.  Africa-Rio, FCB Brasil, Leo Burnett Tailor Made e NBS subiram ao palco da Rio Content Market na tarde de quinta-feira (26) para mostrar um pouco do que vêm fazendo em conteúdo para marcas e deixaram o recado: “vamos trabalhar juntos”.

“Todo mundo quer ouvir histórias bem contadas. Temos muito a aprender e as produtoras são parceiras importantes. Precisamos de vocês para fazer mais trabalhos bacanas para as marcas”, disse Joanna Monteiro, diretora de criação da FCB Brasil, que apresentou para a plateia cases como Smiles (365 motivos para sorrir), CNA e Nivea.

Álvaro Rodrigues, sócio e vice-presidente de criação da Africa Rio (ex-DM9-Rio), disse que o movimento de produtoras contratando profissionais de criação para incrementar suas possibilidades veio para ficar.

Álvaro Rodrigues, da Africa Rio: "viabilizadores de projetos"“Gostaríamos de ser vistos também como viabilizadores de projetos, não só fornecedores de bons trabalhos. Por que não nos apresentar o projeto de um longa que pode ter afinidade com a estratégia de algum dos nossos clientes?”, questionou.

Marcio Juinot, diretor de criação da Leo Burnett Tailor Made, concordou que as agências têm sim o papel de fazer o branded content decolar. “Entendemos de conteúdo e de marcas. As agências podem unir produtoras e clientes, porque conhecemos melhor as necessidades dos clientes, e conseguimos explicar para os clientes a relevância de uma determinada ação de conteúdo”, concluiu.

Carlos André Eyer, diretor de criação da NBS, foi mais provocativo: “Ainda queremos chegar a lugares novos usando as mesmas estradas. Dos seis ou sete projetos de conteúdo bacanas que consegui viabilizar recentemente, tenho 10 vezes isso engavetados. Ideias, todos temos. Precisamos enxergar o porque dessa dificuldade em viabilizá-las.”.

Para ele, entre os problemas enfrentados na produção de conteúdo interessante para as marcas está o modelo das métricas usadas pelos clientes, que permanece focado em audiência aferida no passado. Os contratos entre clientes e agências continuam estimulando o uso das mídias tradicionais. Outro problema: custos de produção.

“Por que é tão caro produzir? Não quero apertar as produtoras, mas quero poder produzir a  preços mais baixos. Isso é possível”, argumentou. Eyer disse ainda que há criativos que querem manter o monopólio da criação, o que dificulta a oxigenação e entrada de bons projetos propostos por outras empresas ou áreas.

“Somos gerenciadores de marcas e não donos da criação. Buscamos boas ideias e devemos nos abrir. Temos que desaprender tudo o que aprendemos para construir algo novo”, finalizou.