Poucas bandas podem dizer que “tocaram” em festivais tão distintos quanto Cannes Lions e João Rock (até porque um é de criatividade e o outro de música). O Skank talvez seja a única. Em 2011 o grupo recebeu um Leão de Ouro pelo case SkankPlay, criado para o lançamento da música “De Repente”. O projeto possibilitava criar clipes colaborativos.  Em vídeos sincronizados dos integrantes qualquer pessoa podia “se gravar” tocando com eles. 

Produzido por Dudu Marote e com apoio da MTV, o trabalho foi assinado pelo coletivo Don’t Try This, na época com Caio Mattoso, Rodrigo Mendes e Pedro Gravena. Hoje Mattoso e Mendes estão na Wieden + Kennedy e Gravena está na Mosh. 

No total, 30 mil versões foram criadas, resultando em 200 vídeos da faixa. O case foi reconhecido na categoria “Best Use of Social Media”. O prêmio foi o primeiro oficial do país no PR Lions e o Skank tornou-se a primeira banda brasileira premiada com um Leão em Cannes.

A iniciativa foi marcante na trajetória de 27 anos do grupo, mas não foi um fato isolado. A interação com os fãs usando a internet começou pelo menos dez anos antes. As músicas do “MTV ao Vivo – Skank”, gravado em Ouro Preto (MG), foram escolhidas pelo site da banda.

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Deixar os fãs participarem da história é um dos ingredientes-chave para continuar atraindo milhares de pessoas aos shows, ampliando e renovando sua audiência. Após tocar no 17º João Rock, no sábado (9), Henrique Portugal, tecladista da banda, comentou esse movimento de interação, e destacou como grande parte da conversa gerada está literalmente nas mãos das pessoas.

“Estamos em um festival em que todo mundo tem um celular na mão, filmando, fotografando e fazendo hashtag. Costumamos dizer que a tecnologia elimina os intermediários e facilita cada vez mais o nosso trabalho. Hoje praticamente não existe artista sem rede social”, diz.

Para o músico, a proximidade com os fãs possibilita aos artistas saberem tanto do que eles gostam quanto do que não gostam. No caso do Skank, o foco das plataformas é o trabalho. “Vemos isso com muito carinho. Não somos dessas bandas que expõe as vidas particulares. Expomos a nossa música e o que ela representa para as pessoas.”

E não é só o elo com os fãs que a banda vê com atenção. A conexão com marcas também é  tópico importante e que requer cuidado para não prejudicar a comunicação.

O vocalista Samuel Rosa recorda o histórico de associação da música com grandes corporações, como Sony, BMG e Warner. Na visão dele, sejam gravadoras, patrocinadores ou parceiros, é preciso atenção e o cuidado para entregar um material bem feito, com qualidade e sentido. “Depende sempre de como as marcas entram. Se é de forma invasiva, pode ser uma mancha e haver um ruído na comunicação. Há de se saber como se fazer essa conexão para ser legal para todos os lados.”

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